Com um atraso de mais de 30 minutos de modo a acentuar o ambiente melodramático latente nas palavras dos comentadores de serviço, presentes nos três canais de notícias (durante um zapping consegui assistir a um cómico que avançava com um potencial anúncio de demissão do Ministro das Finanças!), Teixeira dos Santos apareceu com cara de caso a anunciar aos portugueses que este é um governo responsável e com princípios, que não cedia no braço de ferro com a oposição no que toca ao dossier da Lei das Finanças Regionais e que, já agora, chutava o assunto para cima e o Senhor Silva que se amanhasse com o dito.
Se o cenário não fosse trágico, o dia de ontem teria sido um dos mais divertidos dos últimos tempos no panorama político português. A esquerda, habitualmente vesga no que toca aos números vindos "de fora" e aos gritos de aqui d'el rei sempre que se fala de uma potencial intervenção imperialista do FMI à imagem do que sucedeu no início da década de 80, nos anos pré-Cavaco, preferiu acusar o señor Almunia de alarmismo ignorar os trambolhões da Bolsa de Lisboa e acusar o Governo de forretice, intransigência e revanchismo político.
À direita, o CDS de Paulo Portas, um rapaz conhecido por possuir um enorme rigor financeiro com um ligeiro calcanhar de Aquiles na zona submarina, andou de braço dado com o resto da tropa fandanga, e o pessoal do PSD, esse grupo de flibusteiros democraticamente asfixiados, liderados pela ex-Ministra das Finanças ex-obcecada pelo déficit, dançou o bailinho da Madeira ao toque de caixa do vice-rei do Funchal. Sinais de de uma política de rigor económico para apaziguar a rapaziada que se chega à frente quando lhes vamos bater à porta de mão estendida? Ora que se lixe!
No meio disto tudo, quem tem razão é o Alberto João. Tenham um bom Carnaval!
Para perceber melhor o que está em causa, aconselho que leiam o comentário de Manuel Carvalho no Público de hoje.
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