sábado, 24 de julho de 2010

Ainda a propósito do regresso do vinilo...


Ando com este livro debaixo do braço. Não me vou alongar muito sobre ele, para já. Li pouco mais de um terço e, a páginas tantas, encontrei uma passagem que pode ser, perfeitamente, atirada para dentro do panelão da mini-discussão aberta em tempos no Musicbook, sobre o regresso do vinilo, a música e os seus suportes. À altura, defendi que ao culto do vinilo estava subjacente o culto de um objecto, o LP ou o 7", por parte de uma geração, e que a problemática da qualidade do som respectivo era perfeitamente secundário, no que toca à música pop. Podem ver o resto no Musicbook. Byrne atira as seguintes achas para a fogueira:

Stefan e eu conversamos sobre o destino do CD e da música gravada em geral. Stefan acabou de ir à Coreia do Sul, que ele descreve como estando, em determinados aspectos, uns quantos anos à nossa frente - diz que já ninguém compra lá CD. Na verdade, quando quis comprar uma cópia em CD de uma coisa que tinha ouvido, teve de ir a uma loja especializada para a conseguir - tal como, na Europa ou na América do Norte ou Sul, iríamos para comprar uma gravação em vinil.
Interrogamo-nos sobre o destino das imagens e do design associados ao LP e CD - um tipo de coisa com a qual ele tem estado envolvido já bastantes vezes. Lembra-me que a ligação entre imagem e música resulta do facto de o vinil se riscar com facilidade e, por isso, necessitar de uma embalagem de cartão mais resistente. E até há relativamente pouco tempo, nem sequer essas embalagens vinham com imagens, ficha técnica, notas interiores, etc. - originalmente, a embalagem que se dava à música era genérica. Antes disso, e durante séculos, as pessoas apreciavam música com todo o prazer sem quaisquer auxiliares visuais a acompanhar ou tipos de embalagens atraentes. No entanto, descobri que quando Alex Steinweiss concebeu uma das primeiras capas de disco,  para a sinfonia Eroica do Beethoven, a embalagem fez com que as vendas aumentassem em 800 por cento. Por isso, o design não é nada que se deva desprezar. As formas de embalagem da música foram evoluindo até se transformarem na personificação de uma visão do mundo representada não apenas pela música mas também pela embalagem, pelo intérprete, pela banda, pelo espectáculo, pelas roupas, pelos vídeos e por todos os outros materiais periféricos. Mas é possível que daqui a não muito tempo estejamos de regresso apenas ao elemento áudio, sem tudo o resto, graças ao mundo digital, onde muita gente compra versões digitais de uma única canção de que gosta, com os materiais e imagens associados à sua volta a serem deixados para trás ou ignorados. A era da nuvem de informação que rodeava a música pop, em representação de uma visão do mundo, pode ter terminado. Stefan não parece sentir nostalgia em relação a isso.


E vocês?

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