domingo, 21 de março de 2010

Eu, pecador, não percebo

As notícias de gente que se faz explodir no meio de outra gente que o deus da gente que se faz explodir colocou ali por insondáveis desígnios, vulgarizaram-se nos dias de hoje. Nos jornais já só ocupam um cantinho de uma página central com um título de contabilista: x vítimas em y sítio.

Mas aqui há uns dias fiquei a pensar. Se aceitarmos que deus (um deles) existe e que dispõe do arsenal todo (omnipotência, omnipresença, omnisciência, o poder dos raios, terramotos e tsunamis, senhor da vida e da morte, da criação e da luz, etc., etc., etc.) que lhe permite deslocar uma falangeta e pôr a malta do Haiti a fazer campismo forçado, coçar o nariz e escaqueirar o Chile de alto a baixo, ou de dar um espirro e inundar Nova Orleães, então eu pergunto: porque haveria um deus assim precisar da ajuda de míseros mortais para levar a cabo a sua obra? Terão os crentes o seu deus em tão pouca conta que achem que para a coisa não descarrilar há que fazer o trabalho sujo em seu nome?

Em nome de um deus (um deles) já correu mais sangue do que água há nos oceanos. Bem incompetente é um deus que, permitindo que isso aconteça, nada faça para o prevenir. E bem parvos são os homens que, acreditando num ser supremo que tudo controla, acham que ainda assim o melhor é dar uma mãozinha.

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