Os pensamentos iluminados de duas mentes brilhantes escorrem pelas páginas deste coiso.
sábado, 22 de maio de 2010
Banda Sonora para o Verão Lusitano
A banda sonora perfeita para o Verão 2010 apareceu nos escaparates no dia 17 de Maio. São duas pérolas da música pop portuguesa que, se tudo correr dentro da normalidade, estourarão brevemente nas playlists das rádios comerciais cá do burgo.
Apesar do seu passado recente, se havia dois nomes em quem apostar para este Verão, eram sem dúvida os nomes de Tiago Guillul e dos Pontos Negros. Guillul é a eminência parda da música pop nacional, divertindo-se a criar, tocar e produzir como se não houvesse amanhã. É raro encontrar um disco saído da sua FlorCaveira sem o registo do seu nome nos créditos finais. Curiosamente, é isso que acontece no segundo disco dos Pontos Negros, gravado para a Universal. O primeiro disco da banda, Magnífico Material Inútil, tinha sido produzido por Tiago Guillul, e a tradicional marca sonora do produtor fez-se sentir fortemente numa colecção de puro rock'n'roll lo-fi, que respirava influências dos Strokes por todos os poros.
O novo Pequeno-Almoço Continental apresenta um som completamente diferente, muito clean cut, apontando baterias para os anos 60 e para as melodias mais complexas dos Beatles ou Beach Boys pré-psicadelismo. Apesar do abandono do som rude, característico do primeiro álbum, que lhe conferia uma beleza muito peculiar, e que pode ser responsável por uma pequena desilusão causada pela primeira audição do single Rei Bã, o conjunto de canções é mais coeso, mas menos espontâneo que o anterior. Uma alternativa lollipop-pop aos Black Eyed Poyos.
O disco de Guillul é melhor. Também aqui se verifica o abandono dos sons roufenhos lo-fi que povoaram o anterior Tiago Guillul IV. O ambiente é característico de uma produção pop dos anos 80. Olá Soul Music, olá Trevor Horn, olá GNR. Adeus Ramones, White Stripes e The Strokes.
O disco está cheio de futuros clássicos e arranca, exactamente do mesmo ponto em que os GNR pararam após Psicopátria. As canções Praia Verde e Sacudindo o Pó dos Meus Pés fazem referências, mais que explícitas, a Dá Fundo, e a presença de Rui Reininho em Nabucodonosor, uma das melhores canções do disco, mostra que, de facto, isto anda tudo ligado.
Há um ovni neste disco. A canção São Sete Voltas Para a Muralha Cair, cujo tele-disco foi divulgado na Internet há vários meses, é a mais perfeita canção pop feita em Portugal desde... Dunas. Será uma injustiça se, daqui a 25 anos, não for lembrada como Dunas o é hoje. É pouco provável que isso aconteça, mas, infelizmente, é o mais certo.
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