22h45 - A fome aperta e a sede desperta. Está na hora de comer qualquer coisa e os Wilco podem esperar. Asneira nº 2. As filas para os morfos são intermináveis e esperar 20 minutos para trincar qualquer coisa é contra a minha religião. Mas ficar com fome até chegar a casa também é uma opção pouco inteligente. Duas fatias de pizza e uma coca-cola passadas, sou convencido pelo António Alberto, que me acompanhou nesta promenade, a entrar numa casa de banho destinada a um sexo distinto do meu. A intervenção pronta e convincente de um amável cavalheiro vestido de preto evitou males maiores.
23h15 - Pequeno passeio para esticar as pernas na zona do merchandising da qual saí sem gastar um cêntimo, o que prova que sou um novo homem ou que preciso de voltar ás consultas de psiquiatria.
23h30 - Deslocação para o Palco Optimus onde se encontram já os Wilco, nome maior saído do movimento alt-country ou Americana, que apareceu em meados dos anos 90. Confesso que não sou fã dos Wilco. Tenho um par de discos lá por casa, anteriores ao Yankee Foxtrot Hotel, disco que tem o condão de me fazer adormecer antes de chegar à terceira faixa. Mas isso é outra conversa. Sentei-me a observar o bonito chapéu do Tweedy e, ao fim de uns bons 20 minutos acordei com o meu próprio ressonar. Propus ao Alberto, que contava as estrelas cadentes, passarmos para o Palco Club, onde actuavam os Neon Indian.
23h35 - Mais uma vez, enganamo-nos no caminho e aterramos em pleno Palco ATP onde tocavam os Shellac.
23h40 - Chegada ao Palco Club para ver os Neon Indian. O espaço estava quase lotado, e a rapaziada que estava em cima do palco tentava, com sucesso, recordar os ambientes da pop electrónica do início da década de 80. No entanto, a qualidade do som era muito fraca e prejudicou seriamente a prestação dos Neon Indian. Justiça seja feita, uma boa parte do público aderiu com entusiasmo ao bailarico proporcionado e a mim ajudou-me a despertar da narcolepsia causada pelos Wilco.
00h30 - Nova voltinha pela zona do merchandising com paragem longa na tenda da Louie Louie onde namorei, longamente, um disco dos The Sonics. Infelizmente, a relação, que tinha pés para andar, não se concretizou e regressei ao Palco Club, de mãos a abanar, para ver os Beach House, a banda que maior interesse me despertava neste segundo dia de Festival. Asneira nº 3.
01h00 - Chegada ao Palco Club para ver os Beach House. O espaço estava completamente lotado. Com algum esforço conseguimos arranjar um sítio pouco decente para assistir ao concerto. O mau som que tinha brindado a prestação dos Neon Indian, piorou. Os Beach House mostraram claramente não estarem preparados para o seu próprio sucesso. A banda, que pratica um som frágil, próximo de um cruzamento entre os Mazzy Star e os Cocteau Twins, mas mais entusiasmante, não se deu bem com o espaço da área reservada que era manifestamente insuficiente para a procura. O enorme sucesso dos dois últimos trabalhos transformou os Beach House num segredo mal guardado do povo indie, mas a sua música não está, por estranho que pareça, preparada para o anunciado sucesso. Estou convencido que daqui a 2 ou 3 anos, quando actuarem no Optimus Alive com uma outra formação, com mais um guitarrista, um baixista e, quem sabe, um percursionista, a sua música resultará em pleno em grandes espaços apropriados às multidões de fãs que merecem ter. Nessa altura, estarei à sombra de uma azinheira a ouvir os Wilco.
Sem comentários:
Enviar um comentário