segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Força, força companheiro Vasco


Sob o título "É o PSD desnecessário?" o quase sempre excelente Vasco Pulido Valente tenta responder à pergunta, cuja única resposta é "obviamente". Afirma VPV,

"A ironia é que o PSD não se entende com o Portugal moderno ou "modernizado" que ele próprio, no "cavaquismo", criou. Um Portugal urbano (mesmo na província); um Portugal permissivo, indiferente à moral cristã; um Portugal a que o Estado-Providência vai garantindo uma vida obviamente mísera mas não desesperada; e, sobretudo, um Portugal dividido entre uma classe média com uma cultura de massa e sem definição exacta e uma subclasse amorfa, que não é reconhecível ou tratável pelas velhas categorias da teoria clássica (o campesinato, o proletariado e por aí fora)."

Ao longo de vários anos e muitas crónicas é notório o desprezo de Pulido Valente por Cavaco, apesar de nunca o afirmar abertamente. VPV é um saudosista de Sá Carneiro, esse D. Sebastião do centro-direita portuguesa, falecido há três décadas e cujo papel no Portugal do século XXI é tão relevante como o do Gato Félix. Aliás, este é um estranho ponto em comum entre VPV e Pedro Santana Lopes que usa e abusa da figura de Sá Carneiro para, de forma muito pouco subtil, se apresentar ao mundo como herdeiro do "pensamento" do fundador do PPD/PSD, como ele gosta de dizer.

E qual foi o "crime" de Cavaco aos olhos de VPV? Simplesmente o de ter esvaziado completamente o PSD de sentido ideológico, tornando-o num antro de tecnocratas e arrivistas da província sem qualquer sentido de Estado, umas figuras vazias que se mantiveram á sombra do chefe e que se retiraram para os tachos do costume, à primeira oportunidade. E sem a ideologia, usurpada pelo alinhamento do PS à direita sempre que se encontra no governo, e sem as referências da direita "moderna" (direita "moderna" no sentido do Don Camilo de Guareschi) esgrimidas sem qualquer pudor pelo CDS de Paulo Portas que, nas sua ânsia de chegar ao verdadeiro poder não tem pejo em defender posições queridas da extrema-direita europeia, o que resta ao PSD de VPV? A eterna saudade. Que repouse em paz.

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