sexta-feira, 30 de outubro de 2009

An evening with...


... amanhã, pelas 21h30 no Coliseu do Porto.
Nunca vi nenhum espectáculo do Fausto. Confesso até que pouco conheço da sua música. Fui apanhando alguns sons que surgiam de longe a longe na rádio sempre que o autor apresentava um novo disco, o que é coisa rara. No entanto, lembro-me de existir lá em casa, pouco depois do 25 de Abril, uma cassete com um disco seu que ouvi até à exaustão. Nunca soube o nome de qualquer canção ou do álbum , se é que se tratava de um.
Com Sérgio Godinho a relação é um pouco diferente. Comecei a ouvi-lo quando o meu pai apareceu em casa com o LP "À Queima-Roupa" debaixo do braço, comprado no rescaldo de qualquer reunião mais acalorada da comissão de trabalhadores ou minúsculo partido de extrema-esquerda de que, à época, fazia parte. Lembro-me que ouvia vezes sem conta a "Liberdade", o "Cão Raivoso" e a "Etelvina". Com o tempo o seu brilho foi-se perdendo e já não é, nem de longe nem de perto, o meu disco favorito do Sérgio Godinho. Mas foi a partir dele que percorri toda a sua discografia (que entretanto possuo em CD) apesar de só o ter visto uma vez ao vivo, a 10 de Novembro de 2000 na digressão de promoção de "Lupa".
O mesmo não aconteceu com José Mário Branco que vi nos anos 70, vezes sem conta, em comícios, festas partidárias ou marchas por uma das muitas causas em que os meus pais estiveram envolvidos (e me envolveram). Ainda existem em casa dos meus pais os vinis dos LPs dos GAC - Vozes na Luta "Pois Canté" e "Vira Bom", bem como uma mão cheia de singles com temas sugestivos como "A Cantiga é uma Arma", "A Luta dos Bairros Camarários" e "Até à Vitória Final".
A carreira de todos eles evoluiu ao longo destes anos em diferentes direcções e longe vai o tempo da canção de protesto, militante e panfletária, típica do tempo do final do Estado Novo e dos primeiros dias da Revolução. O caminho traçado desde então, principalmente no que toca a Mário Branco e Godinho, ajudou a definir a evolução da música pop portuguesa dos últimos 40 anos.

(Traz Outro Amigo Também, José Afonso)

Sem comentários:

Enviar um comentário