Os pensamentos iluminados de duas mentes brilhantes escorrem pelas páginas deste coiso.
segunda-feira, 31 de agosto de 2009
Este Verão Não Devia Ter Lido E Por Isso Nem Sequer o Acabei
No Teu Deserto, Miguel Sousa Tavares (eu já tinha prometido a mim mesmo só ler as crónicas dele n'A Bola, mas a minha filha ofereceu-mo de prenda de anos...)
Este Verão Li e Gostei:
O Beco dos Milagres, Naguib Mafhouz
Leite Derramado, Chico Buarque
Cesar A Vida de Um Colosso, Adrian Goldsworthy
Palestina, Joe Secco
Palestina Na Faixa de Gaza, Joe Secco
Leite Derramado, Chico Buarque
Cesar A Vida de Um Colosso, Adrian Goldsworthy
Palestina, Joe Secco
Palestina Na Faixa de Gaza, Joe Secco
Vá Para Fora, Lá Fora
Mais umas férias, mais quinze dias passados em warp 9. Para variar, fui tostar as carnes para o Algarve que, à parte o tempo maravilhoso com temperaturas não superiores a 30ºC - como convém -, continua a não convencer-me como destino de férias, bem pelo contrário.
A verdade é que o Algarve é uma chatice. Todas as pessoas que conheço sabem de uma praia especial, sem vento e permanentemente às moscas, mas eu tenho o dom de só topar com as que de tão cheias parecem mais o festival sudoeste do que um areal onde se possa estender uma toalha - além de que a luta por um espaço de nada traz ao de cima a ferocidade dos demais veraneantes, que defendem cada metro quadrado como o alcaide de Faria.
Inevitavelmente todos conhecem igualmente um restaurantezinho maravilhoso, onde a comida é digna do El Bulli e o atendimento levado a cabo por piedosos franciscanos ou então por ex-candidatas a miss mundo desnudas. Onde eles se localizem - ninguém me sabe dizer.
Vem tudo isto a propósito de uma noite em que a família quis petiscar um frango na Guia, cansados que estavam do peixe a preço de beluga e da qualidade de Gourmet gatinho. Na primeira casa que se nos afigurou com um aspecto asseado e razoável, estacionamos e entramos. A casa estava cheia. Dirigi-me a um criado que se encontrava por detrás de um balcão logo à entrada e, com bons modos, perguntei-lhe quanto tempo de espera estimava ele até haver uma mesa disponível. A resposta foi: «Não sei se demora muito ou pouco, a casa está cheia, se quiser espere». Claro que não esperei e procurei outro sítio. Mentalmente amaldiçoei-me por não ter voltado este ano para Menorca, onde o tempo também é bom, a água quente e as pessoas simpáticas.
Doravante, cada vez que ouvir um «profissional de turismo» do Algarve queixar-se da crise, abro uma garrafa de champanhe e festejo como se do Penta se tratasse.
A verdade é que o Algarve é uma chatice. Todas as pessoas que conheço sabem de uma praia especial, sem vento e permanentemente às moscas, mas eu tenho o dom de só topar com as que de tão cheias parecem mais o festival sudoeste do que um areal onde se possa estender uma toalha - além de que a luta por um espaço de nada traz ao de cima a ferocidade dos demais veraneantes, que defendem cada metro quadrado como o alcaide de Faria.
Inevitavelmente todos conhecem igualmente um restaurantezinho maravilhoso, onde a comida é digna do El Bulli e o atendimento levado a cabo por piedosos franciscanos ou então por ex-candidatas a miss mundo desnudas. Onde eles se localizem - ninguém me sabe dizer.
Vem tudo isto a propósito de uma noite em que a família quis petiscar um frango na Guia, cansados que estavam do peixe a preço de beluga e da qualidade de Gourmet gatinho. Na primeira casa que se nos afigurou com um aspecto asseado e razoável, estacionamos e entramos. A casa estava cheia. Dirigi-me a um criado que se encontrava por detrás de um balcão logo à entrada e, com bons modos, perguntei-lhe quanto tempo de espera estimava ele até haver uma mesa disponível. A resposta foi: «Não sei se demora muito ou pouco, a casa está cheia, se quiser espere». Claro que não esperei e procurei outro sítio. Mentalmente amaldiçoei-me por não ter voltado este ano para Menorca, onde o tempo também é bom, a água quente e as pessoas simpáticas.
Doravante, cada vez que ouvir um «profissional de turismo» do Algarve queixar-se da crise, abro uma garrafa de champanhe e festejo como se do Penta se tratasse.
sábado, 29 de agosto de 2009
sexta-feira, 28 de agosto de 2009
Vai uma apostinha?
Rui Patrício: «Queremos ganhar a Liga Europa»
«Podemos ganhar a Liga Europa» - Rui Gomes da Silva
(Quit Dreaming And Get On The Beam, Bill Nelson)
«Podemos ganhar a Liga Europa» - Rui Gomes da Silva
(Quit Dreaming And Get On The Beam, Bill Nelson)
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quinta-feira, 27 de agosto de 2009
terça-feira, 25 de agosto de 2009
Os amigos são para as ocasiões
A quem não me conhece fica o aviso: sou um maníaco consumidor compulsivo de música pop em todos os seus formatos. Encontro-me numa fase avançada de desintoxicação mas, considerando as mais de 3 décadas de alimentação deste hábito devo ter gasto uma quantia superior ao PIB de um país do terceiro mundo. Uma percentagem razoável foi dispendida com tiros no escuro, leia-se sugestões de amigos, crónicas de autores mais ou menos fidedignos em revistas ou jornais, ou só porque a capa era gira.
Um número considerável destas compras girou no meu prato, girou no leitor do carro e voltou para a prateleira de onde nunca deveria ter saído. Muitos outros foram recuperados meses / anos depois. Vem este paleio todo a propósito do novo álbum dos Arctic Monkeys (que o Dupont me assegurou tocarem no Coliseu a 2 de Fevereiro), Humbug, que é bastante catita e diferente dos anteriores. O maior responsável pela diferença, assegura Alex Turner, o brilhante líder dos Monkeys e dos ainda mais brilhantes The Last Shadow Puppets, terá sido Josh Homme, o produtor de 7 das 10 faixas do disco.
Esta pequena informação levou-me a recuperar o Songs for the Deaf, o cd da banda de Homme, os Queens of the Stone Age, editado em 2002 e comprado pela minha pessoa por qualquer motivo do qual não me recordo e colocado na prateleira Tralha Proto Metaleira Comprada por Engano. E após 7 anos de hibernação, este fabuloso Songs for the Deaf tornou-se o meu disco de verão 2009 (ou pelo menos da última semana...) e podem ver-me passar, cabelos ao vento (esta passagem é um pouco exagerada...) com You Think I Ain't Worth a Dollar, But I Feel Like a Millionaire como música de fundo.
(My Propeller, Arctic Monkeys)
Um número considerável destas compras girou no meu prato, girou no leitor do carro e voltou para a prateleira de onde nunca deveria ter saído. Muitos outros foram recuperados meses / anos depois. Vem este paleio todo a propósito do novo álbum dos Arctic Monkeys (que o Dupont me assegurou tocarem no Coliseu a 2 de Fevereiro), Humbug, que é bastante catita e diferente dos anteriores. O maior responsável pela diferença, assegura Alex Turner, o brilhante líder dos Monkeys e dos ainda mais brilhantes The Last Shadow Puppets, terá sido Josh Homme, o produtor de 7 das 10 faixas do disco.
Esta pequena informação levou-me a recuperar o Songs for the Deaf, o cd da banda de Homme, os Queens of the Stone Age, editado em 2002 e comprado pela minha pessoa por qualquer motivo do qual não me recordo e colocado na prateleira Tralha Proto Metaleira Comprada por Engano. E após 7 anos de hibernação, este fabuloso Songs for the Deaf tornou-se o meu disco de verão 2009 (ou pelo menos da última semana...) e podem ver-me passar, cabelos ao vento (esta passagem é um pouco exagerada...) com You Think I Ain't Worth a Dollar, But I Feel Like a Millionaire como música de fundo.
(My Propeller, Arctic Monkeys)
segunda-feira, 24 de agosto de 2009
Bem visto
Num artigo de opinião da revista do jornal Público de ontem afirmava-se que 67,1% das mulheres albanesas em idade fértil utilizavam o coito interrompido como método anticoncepcional.
Nunca a palavra fértil foi tão bem utilizada...
(Coitus Interruptus, Fad Gadget)
Nunca a palavra fértil foi tão bem utilizada...
(Coitus Interruptus, Fad Gadget)
domingo, 23 de agosto de 2009
A nova vida de Persepolis
http://www.spreadpersepolis.com/
Para descarregar o Persepolis 2.0 em pdf:
http://www.spreadpersepolis.com/wp-content/uploads/2009/06/Persepolis_2.0.pdf
(Comic Strip, Serge Gainsbourg)
Para descarregar o Persepolis 2.0 em pdf:
http://www.spreadpersepolis.com/wp-content/uploads/2009/06/Persepolis_2.0.pdf
(Comic Strip, Serge Gainsbourg)
sábado, 22 de agosto de 2009
sexta-feira, 21 de agosto de 2009
O Senhor Comentador
Colaboração esporádica de Dupond no excelente Reflexão Portista. Para ler aqui:
http://reflexaoportista.blogspot.com/2009/08/agressao-adriano.html
(Sweet and Tender Hooligan, The Smiths)
http://reflexaoportista.blogspot.com/2009/08/agressao-adriano.html
(Sweet and Tender Hooligan, The Smiths)
quarta-feira, 19 de agosto de 2009
A vida é como os interruptores (1ª parte)
A minha sala tem 2 conjuntos de interruptores. Um, o que se pode ver na foto, com quatro interruptores, outro, o que não se pode ver na foto, com três interruptores. O interruptor do canto superior direito (do conjunto da foto) cai quando alguém lhe toca, o interruptor do canto inferior direito (do conjunto que não está na foto) está encravado, é necessário enfiar uma patilha entre o de cima e o de baixo para ele funcionar. Às vezes.
Esta situação durava há vários anos. Durava, disse bem. Não dura mais porque chega a altura na vida de alguns homens em que é necessário dizer basta. Dizer basta e chamar o electricista, o canalizador, o pintor, seja quem for que perceba do assunto, nos sugue até ao tutano e, após se atrasar para os compromissos que ele próprio marcou, deixe o assunto resolvido. De forma profissional e competente.
Outros, menos avisados, dizem basta e resolvem o assunto pelas próprias mãos. Big mistake, a menos que nos chamemos Clint Eastwood, o que não é o meu caso. O que vos vou contar a seguir é completamente verídico. Como tal, desaconselho vivamente a que tentem repeti-lo em casa.
Num belo Sábado à tarde, no calor tórrido do Verão portuense, saí de casa em direcção ao AKI. Bom sítio para passar a tarde. Objectivo: comprar 3 conjuntos de 2 interruptores, 1 interruptor simples e 2 molduras que enquadrassem os referidos objectos. O trânsito quase nulo e a facilidade de estacionamento levaram-me a acreditar que a aventura seria rápida. Que tanso...
Entrei no AKI pela porta da direita (a da esquerda é para sair) e em 15 segundos localizei a zona dos interruptores. Primeiro problema, os interruptores, ao contrário dos pandas, não se encontram em extinção. E são muitos. E de muitas variedades. Gamas, como lhes chamam os entendidos.
Esta situação durava há vários anos. Durava, disse bem. Não dura mais porque chega a altura na vida de alguns homens em que é necessário dizer basta. Dizer basta e chamar o electricista, o canalizador, o pintor, seja quem for que perceba do assunto, nos sugue até ao tutano e, após se atrasar para os compromissos que ele próprio marcou, deixe o assunto resolvido. De forma profissional e competente.
Outros, menos avisados, dizem basta e resolvem o assunto pelas próprias mãos. Big mistake, a menos que nos chamemos Clint Eastwood, o que não é o meu caso. O que vos vou contar a seguir é completamente verídico. Como tal, desaconselho vivamente a que tentem repeti-lo em casa.
Num belo Sábado à tarde, no calor tórrido do Verão portuense, saí de casa em direcção ao AKI. Bom sítio para passar a tarde. Objectivo: comprar 3 conjuntos de 2 interruptores, 1 interruptor simples e 2 molduras que enquadrassem os referidos objectos. O trânsito quase nulo e a facilidade de estacionamento levaram-me a acreditar que a aventura seria rápida. Que tanso...
Entrei no AKI pela porta da direita (a da esquerda é para sair) e em 15 segundos localizei a zona dos interruptores. Primeiro problema, os interruptores, ao contrário dos pandas, não se encontram em extinção. E são muitos. E de muitas variedades. Gamas, como lhes chamam os entendidos.
2 minutos depois corria alegremente em direcção às caixas com o material na mão. Tinha resolvido o assunto em menos de 10 minutos. A fila tinha 3 pessoas. Coisa pouca. Paguei, dirigi-me ao carro e preparei-me para fazer a viagem de regresso. Nesse momento, a minha mulher chamou-me a atenção para o facto do preço de 2 dos interruptores duplos ser diferente do terceiro. As mulheres são seres perversos.
Desliguei o carro, voltei a entrar pela porta da direita e dirigi-me ao balcão das informações. A menina de serviço explicou-me, com toda a paciência, que os preços diferiam porque diziam respeito a gamas diferentes. E chamou o colega da secção de electricidade para fazer ouvir a voz de um especialista. O colega disse que sim senhor, algo estava errado visto eu ter na minha posse 2 conjuntos de interruptores para escadas e outros dois para sala. E nós não queríamos isso, pois não? O especialista dirigiu-se à secção respectiva e voltou com o material correcto. Agradeci e fiz a troca do material e respectivo ajuste do pagamento. Voltei para o carro, e regressei a casa.
(Electricity, Orchestral Manoeuvres In The Dark)
terça-feira, 18 de agosto de 2009
A Farsa
Há seis ou sete anos atrás, estava eu metido de pés e mãos num projecto a decorrer no Hospital de S.João que me ocupava dez horas por dia, recebi uma inesperada chamada telefónica de um amigo próximo. Pois queria falar comigo, pois era urgente, pois era já para amanhã.
Encontramo-nos dois dias depois num pequeno restaurante em frente ao dito hospital e, assim que me sentei, o meu amigo fez-me jurar a pés juntos que o que ali fosse dito nunca poderia ser divulgado sob pena de morte através de sevícias múltiplas. Acedi.
Eu é que sou o Mânfio, afirmou com a voz trémula. O Mânfio era um personagem fictício, surgido alguns meses antes que habitava o ciberespaço da comunidade do futebol de praia e que comentava com alguma jactância a actividade desportiva e os seus protagonistas. Confesso que não fiquei surpreendido. À época o nome dele tinha sido um dos três que incluí numa lista de suspeitos. E ele era o principal.
Curiosamente essa suspeita desvaneceu-se e, à altura deste almoço, as minhas suspeitas estavam viradas para outrém. Como dizia John Watts, first impressions often lie. Não foi o caso.
Preciso de um favor, continuou. O meu amigo ia passear para o estrangeiro, um fim-de-semana romântico, longe de tudo e de todos. Com uma boa amiga, confessou com um leve rubor na face. E em consequência não podia ir ao BS. Ora a sua ausência aliada à falta da habitual crónica do Mânfio iria desmascará-lo. Seria o fim daquela farsa. O que ele precisava era de quem o substituísse em tão árdua tarefa. Um duplo.
O acordo foi selado com um aperto de mão.
(Great White Hoax, Julian Cope)
Encontramo-nos dois dias depois num pequeno restaurante em frente ao dito hospital e, assim que me sentei, o meu amigo fez-me jurar a pés juntos que o que ali fosse dito nunca poderia ser divulgado sob pena de morte através de sevícias múltiplas. Acedi.
Eu é que sou o Mânfio, afirmou com a voz trémula. O Mânfio era um personagem fictício, surgido alguns meses antes que habitava o ciberespaço da comunidade do futebol de praia e que comentava com alguma jactância a actividade desportiva e os seus protagonistas. Confesso que não fiquei surpreendido. À época o nome dele tinha sido um dos três que incluí numa lista de suspeitos. E ele era o principal.
Curiosamente essa suspeita desvaneceu-se e, à altura deste almoço, as minhas suspeitas estavam viradas para outrém. Como dizia John Watts, first impressions often lie. Não foi o caso.
Preciso de um favor, continuou. O meu amigo ia passear para o estrangeiro, um fim-de-semana romântico, longe de tudo e de todos. Com uma boa amiga, confessou com um leve rubor na face. E em consequência não podia ir ao BS. Ora a sua ausência aliada à falta da habitual crónica do Mânfio iria desmascará-lo. Seria o fim daquela farsa. O que ele precisava era de quem o substituísse em tão árdua tarefa. Um duplo.
O acordo foi selado com um aperto de mão.
(Great White Hoax, Julian Cope)
O Pax foi de férias...
sábado, 15 de agosto de 2009
sexta-feira, 14 de agosto de 2009
Hoje não me apetece escrever...
... mas tem de ser. Também gostava de ir de vacances, encher as virilhas de areia e ouvir os guinchos das deliciosas criancinhas alheias enquanto tento ler o jornal que vaio resistindo às rajadas dos ventos de sudoeste, mas não posso.
Em vez disso fico por cá, aproveitando os pequenos prazeres nos minúsculos intervalos das grandes chatices. Um destes prazeres apareceu sob a forma de um fantástico filme de ficção que me encheu as medidas como há muito não acontecia com um filme do género. O filme chama-se Doomsday, foi realizado por Neil Marshall, e esteve (está ainda?) até há pouco nas salas de cinema.
No início o narrador situa-nos na história apresentando uma situação catastrófica causada por um vírus que teria causado o desaparecimento de toda a população da Escócia, após uma rápida e mortífera contaminação ter sido impedida de passar para a Inglatrerra através da construção de um muro ao longo da fronteira terrestre e de um bloqueio marítimo e aéreo. Quem possuir o LP Diamond Dogs de David Bowie poderá comparar a introdução ao filme com a introdução ao disco, uma semelhança incrível como se fosse a mesma pessoa, o mesmo tom de voz, a mesma dicção, a introduzir o espectador / ouvinte em duas histórias de apocalípse, separadas por 34 anos.
Algumas décadas após o desastre o dito vírus aparece num gueto de Londres causando o pânico e levando os responsáveis políticos a procurar uma cura do outro lado do muro. Para esse efeito é constituída uma equipa, liderada pela bela Rhona Mitra (The Practice, Boston Legal, Nip/Tuck) com o objectivo de obter a cura no espaço de 48 horas.
A partir desse momento a acção, a surpresa e algum nonsense sucedem-se em doses generosas e o filme desenrola-se num registo que faz lembrar os ambientes de Mad Max e Excalibur (mais do primeiro) e cruzam-nos com cenas que poderiam ter sido realizadas para novas versões de clips de algumas canções mais ou menos célebres dos anos 80 que se integram de forma espectacular em alguns momentos de grande impacto visual.
Como nota de rodapé, falta referir a presença de Bob Hoskins e Malcolm McDowell em papéis de importância diminuta.
(Antmusic, Adam & The Ants)
Em vez disso fico por cá, aproveitando os pequenos prazeres nos minúsculos intervalos das grandes chatices. Um destes prazeres apareceu sob a forma de um fantástico filme de ficção que me encheu as medidas como há muito não acontecia com um filme do género. O filme chama-se Doomsday, foi realizado por Neil Marshall, e esteve (está ainda?) até há pouco nas salas de cinema.
No início o narrador situa-nos na história apresentando uma situação catastrófica causada por um vírus que teria causado o desaparecimento de toda a população da Escócia, após uma rápida e mortífera contaminação ter sido impedida de passar para a Inglatrerra através da construção de um muro ao longo da fronteira terrestre e de um bloqueio marítimo e aéreo. Quem possuir o LP Diamond Dogs de David Bowie poderá comparar a introdução ao filme com a introdução ao disco, uma semelhança incrível como se fosse a mesma pessoa, o mesmo tom de voz, a mesma dicção, a introduzir o espectador / ouvinte em duas histórias de apocalípse, separadas por 34 anos.
Algumas décadas após o desastre o dito vírus aparece num gueto de Londres causando o pânico e levando os responsáveis políticos a procurar uma cura do outro lado do muro. Para esse efeito é constituída uma equipa, liderada pela bela Rhona Mitra (The Practice, Boston Legal, Nip/Tuck) com o objectivo de obter a cura no espaço de 48 horas.
A partir desse momento a acção, a surpresa e algum nonsense sucedem-se em doses generosas e o filme desenrola-se num registo que faz lembrar os ambientes de Mad Max e Excalibur (mais do primeiro) e cruzam-nos com cenas que poderiam ter sido realizadas para novas versões de clips de algumas canções mais ou menos célebres dos anos 80 que se integram de forma espectacular em alguns momentos de grande impacto visual.
Como nota de rodapé, falta referir a presença de Bob Hoskins e Malcolm McDowell em papéis de importância diminuta.
(Antmusic, Adam & The Ants)
quinta-feira, 13 de agosto de 2009
Mentir é feio
A todos? Mesmo todos? A André Kim Taegon? E a Cunigunda do Luxemburgo? (Não, Patrício. Cunigunda não é isso...) E a Cipriano de Cartago? Também não, pois não? E só vamos no C... Como vês é feio mentir.
Como é feio insinuar que se marcou um golito quando não se tocou na bolita nem com um pelo.
Ainda vais parar ao inferno...
(Like a Prayer, Marc Almond)
Como é feio insinuar que se marcou um golito quando não se tocou na bolita nem com um pelo.
Ainda vais parar ao inferno...
(Like a Prayer, Marc Almond)
quarta-feira, 12 de agosto de 2009
So much to do, so little time...
18 Setembro - The Rakes (Clubbing)
3 Outubro - Au Revoir Simone (Clubbing)
17 Outubro - Joan As Police Woman
(Nite Club, The Specials)
3 Outubro - Au Revoir Simone (Clubbing)
17 Outubro - Joan As Police Woman
(Nite Club, The Specials)
Sessões Clássicas
As Sessões Clássicas, da autoria de João Lopes, passam diariamente na Antena 1 por volta das 8h40. Duram 5 minutos e falam de um filme e do respectivo realizador. É pouco. Por mim, estava bem uma hora a ouvir João Lopes falar daquilo que bem sabe.
As últimas sessões falaram de Hitchcock e Lubitsch. O Homem Que Sabia Demais e Ninotchka. James Stewart e Greta Garbo. Melhor era impossível.
A sessão de hoje falou de um dos meus realizadores favoritos e da sua obra-prima, Fritz Lang e O Testamento do Dr. Mabuse.
Na sua crónica João Lopes referia o filme Matou e o personagem do Dr. Mabuse como antevisões da ascensão do nazismo na Alemanha na década de 30 e que levariam à fuga de Fritz Lang para os Estados Unidos. Até aqui, tudo bem. O que eu desconhecia é que nas vésperas da fuga de Lang, este tinha recebido um convite do próprio Goebbels para coordenar toda a área do cinema do Terceiro Reich!
O que terá levado Goebbels a formular este convite?
Depois disto um convite de Kennedy a Che Guevara para coordenar as operações da CIA na América do Sul seria um pequeno fait-divers...
Para ouvir novamente: http://tv1.rtp.pt/programas-rtp/index.php?p_id=3540&e_id=&c_id=1&dif=radio&hora=07:12&dia=12-08-2009
(Dr. Mabuse, Propaganda)
As últimas sessões falaram de Hitchcock e Lubitsch. O Homem Que Sabia Demais e Ninotchka. James Stewart e Greta Garbo. Melhor era impossível.
A sessão de hoje falou de um dos meus realizadores favoritos e da sua obra-prima, Fritz Lang e O Testamento do Dr. Mabuse.
Na sua crónica João Lopes referia o filme Matou e o personagem do Dr. Mabuse como antevisões da ascensão do nazismo na Alemanha na década de 30 e que levariam à fuga de Fritz Lang para os Estados Unidos. Até aqui, tudo bem. O que eu desconhecia é que nas vésperas da fuga de Lang, este tinha recebido um convite do próprio Goebbels para coordenar toda a área do cinema do Terceiro Reich!
O que terá levado Goebbels a formular este convite?
Depois disto um convite de Kennedy a Che Guevara para coordenar as operações da CIA na América do Sul seria um pequeno fait-divers...
Para ouvir novamente: http://tv1.rtp.pt/programas-rtp/index.php?p_id=3540&e_id=&c_id=1&dif=radio&hora=07:12&dia=12-08-2009
(Dr. Mabuse, Propaganda)
O oitavo trabalho de Hércules, ou o que um homem é obrigado a fazer para não dormir no sofá...
1. Visão parcial do estado da garagem do nosso herói, por volta das 17h00 de Sábado à tarde.
2. O nosso herói em mais um acto de salvação da humanidade desafiando o perigo com risco da própria vida.
3. Este vosso criado, demonstrando uma enorme boa vontade, corre em auxílio do nosso herói num esforço sobre-humano.
(Garbageman, The Cramps)
segunda-feira, 10 de agosto de 2009
Era mesmo necessário?
A posta aqui abaixo está bem esgalhada sim senhor, a Joana, o Mário em grande estilo, tudo muito bonito. Mas era realmente necessário incluir a Ana Gomes?
Já agora: serei o único que a acha irmã da Júlia Pinheiro e, por afinidade, ambas irmãs da Cinderella?
E serei o único a achar que a ela e só a ela Timor deve a libertação? Percebo perfeitamente os indonésios; se a Ana Gomes aparecesse cá por casa, também eu dava de frosques.
A mulher do próximo
A história já está fria, várias semanas passaram e eu continuo sem perceber a indignação de Francisco Louçã relativamente ao convite de Sócrates a Joana Amaral Dias, para esta integrar a lista de candidatos do PS nas próximas eleições legislativas.
A "traição" da bela Joana não era novidade. Já tinha acontecido à altura das presidenciais quando esta aceitou ser mandatária para a juventude na candidatura de Mário Soares, adversário do próprio Louçã e disputando os votos da mesma franja do eleitorado. Porque é que Louçã não manifestou a sua tradicional indignação? Depois de muito pensar sobre o assunto, considerei 3 possibilidades:
Hipótese A) a inesperada lógica de poder que tem assolado os responsáveis do Bloco (com a louvável excepção de Miguel Portas, até ver) levou Louçã a colocar-se em bicos de pés e encarar Sócrates como um rival.
Hipótese B) Louçã quis mostrar que é muito homem e que não admite desaforos de qualquer um e só o seu lado cristão o levou a perdoar a anterior "facadinha no matrimónio" de Joana Amaral Dias.
Hipótese C) Loução sabia bem, à altura das presidenciais, que armar uma peixeirada com Soares era desafio de onde nunca poderia sair vencedor, que o charme do velho Mário ainda é "the real thing" e que para se cobrir de ridículo já bastava a candidatura em que estava metido.
Na última sondagem realizada cá em casa, a hipótese c) leva enorme vantagem.
(Is She Really Going Out With Him?, Joe Jackson)
domingo, 9 de agosto de 2009
Raul Solnado
Já escreveram milhentas coisas sobre o Raul Solnado, do fantástico humorista e actor, da perda para o país e de todos os demais lugares comuns que sempre inundam os periódicos nestas alturas. Os amigos já prestaram mil depoimentos e mil homenagens ainda virão. Lembro sempre as palavras do padre Alexandrino Brochado, da Capela das Almas: “Dos mortos ou se diz bem, ou não se diz nada”. Sempre discordei disto, mas neste caso nada a opor.
Eu também quero escrever sobre o Raul Solnado. Não dos discos, do Zip-Zip ou da Cornélia. Há melhores que eu para dissertar sobre esses temas todos.
Não. Do que eu quero falar é de um incómodo: é sentir que de vez em quando há pedaços da nossa infância que vão ficando definitivamente apenas na memória. O Solnado era um desses pedaços, como os filmes portugueses, o Super-Rato, o Simplesmente Maria, a música da Volta a Portugal, ou o genérico do Telejornal.
Li em tempos um estudo qualquer que concluía dizendo que os bonitos estão mais sujeitos ao sucesso que os feios. Mas, como dizia o Charlie Brown, as caras bonitas põem-nos nervosos, a beleza intimida. Não são os bonitos quem mais amamos. Aqueles que deveras amamos são os que nos fazem rir. É impossível desconfiar de alguém que nos faz rir. Dos que nos fazem rir até às cãibras no estômago, até às lágrimas e ao último suspiro feliz, de quem acaba de viver uma experiência rara – e tantas vezes irrepetível.
A figura do Solnado era uma figura de felicidade. Quando aparecia aquele homem de olhos rasgados e discurso hesitante, eu prestava atenção porque era como comer bolos: era doce, intenso e raro.
Eu também quero escrever sobre o Raul Solnado. Não dos discos, do Zip-Zip ou da Cornélia. Há melhores que eu para dissertar sobre esses temas todos.
Não. Do que eu quero falar é de um incómodo: é sentir que de vez em quando há pedaços da nossa infância que vão ficando definitivamente apenas na memória. O Solnado era um desses pedaços, como os filmes portugueses, o Super-Rato, o Simplesmente Maria, a música da Volta a Portugal, ou o genérico do Telejornal.
Li em tempos um estudo qualquer que concluía dizendo que os bonitos estão mais sujeitos ao sucesso que os feios. Mas, como dizia o Charlie Brown, as caras bonitas põem-nos nervosos, a beleza intimida. Não são os bonitos quem mais amamos. Aqueles que deveras amamos são os que nos fazem rir. É impossível desconfiar de alguém que nos faz rir. Dos que nos fazem rir até às cãibras no estômago, até às lágrimas e ao último suspiro feliz, de quem acaba de viver uma experiência rara – e tantas vezes irrepetível.
A figura do Solnado era uma figura de felicidade. Quando aparecia aquele homem de olhos rasgados e discurso hesitante, eu prestava atenção porque era como comer bolos: era doce, intenso e raro.
sábado, 8 de agosto de 2009
sexta-feira, 7 de agosto de 2009
There Is A War...
O senhor Ziyaad Lunat do Comité de Solidariedade com a Palestina insurgiu-se contra um artigo publicado no jornal Público onde se alegava que o pedido de boicote ao concerto de Leonard Cohen em Israel era um perfeito disparate. Numa carta incluída na secção do leitor da edição de ontem, o senhor Lunat apresentava como exemplo o boicote efectuado por vários desportistas, músicos e artistas de outras áreas, que se teriam recusado actuar na África do Sul durante a época do Apartheid e sugeria que medidas idênticas fossem tomadas de modo a colocar pressão sobre o governo de Israel de modo a terminar com a opressão na Palestina.
A situação ocorrida nos anos 80 teve um impacto maior após o lançamento da canção Sun City por um grupo de artistas autodenominado Artists United Against Apartheid, cujo mentor foi o guitarrista da E Street Band, Steve Van Zandt. O boicote proposto incidia sobre actuações realizadas no resort de luxo Sun City, paraíso de jogo e prostituição para brancos e onde os negros não podiam entrar.
A situação levantada pelo concerto de TelAviv tem uma configuração completamente diferente. O acesso ao concerto não será exclusivo de uma elite, estarão presentes adeptos da causa palestiniana, adeptos de Israel e adeptos da paz, apenas. Apesar de origem judaica, será preciso mais do que muito boa vontade para encontrar algum hino à ocupação da Palestina na música de Leonard Cohen. Os mais atentos recordar-se-ão que uma das suas canções, Democracy, foi usada na campanha da eleição de Bill Clinton para a Presidência dos EUA.
O senhor Ziyaad Lunat do Comité de Solidariedade com a Palestina está a ver a coisa só com um olho. Impedir o acesso a elementos culturais através do boicote a Israel só pode prejudicar a causa palestiniana, impedindo a importação de novas ideias e sua divulgação junto das novas gerações de Israel mostrando a verdadeira imagem do que se passa em Gaza. Impedir a livre circulação de livros, música ou cinema é um erro estratégico que só interessa a regimes totalitários.
Veja-se o exemplo da obra Palestina do ilustrador Joe Sacco, premiada em todo o mundo e traduzida em várias línguas, que em Portugal teve a honra de prefácio pelo Presidente Mário Soares, dificilmente conhecido por ser amante de Banda Desenhada, e que só foi possível pela presença em diversas ocasiões do autor na zona do conflito e que tenta retratar de forma isenta e desapaixonada os dois lados da questão.
(Sanity Assassin, Bauhaus)
A situação ocorrida nos anos 80 teve um impacto maior após o lançamento da canção Sun City por um grupo de artistas autodenominado Artists United Against Apartheid, cujo mentor foi o guitarrista da E Street Band, Steve Van Zandt. O boicote proposto incidia sobre actuações realizadas no resort de luxo Sun City, paraíso de jogo e prostituição para brancos e onde os negros não podiam entrar.
A situação levantada pelo concerto de TelAviv tem uma configuração completamente diferente. O acesso ao concerto não será exclusivo de uma elite, estarão presentes adeptos da causa palestiniana, adeptos de Israel e adeptos da paz, apenas. Apesar de origem judaica, será preciso mais do que muito boa vontade para encontrar algum hino à ocupação da Palestina na música de Leonard Cohen. Os mais atentos recordar-se-ão que uma das suas canções, Democracy, foi usada na campanha da eleição de Bill Clinton para a Presidência dos EUA.
O senhor Ziyaad Lunat do Comité de Solidariedade com a Palestina está a ver a coisa só com um olho. Impedir o acesso a elementos culturais através do boicote a Israel só pode prejudicar a causa palestiniana, impedindo a importação de novas ideias e sua divulgação junto das novas gerações de Israel mostrando a verdadeira imagem do que se passa em Gaza. Impedir a livre circulação de livros, música ou cinema é um erro estratégico que só interessa a regimes totalitários.
Veja-se o exemplo da obra Palestina do ilustrador Joe Sacco, premiada em todo o mundo e traduzida em várias línguas, que em Portugal teve a honra de prefácio pelo Presidente Mário Soares, dificilmente conhecido por ser amante de Banda Desenhada, e que só foi possível pela presença em diversas ocasiões do autor na zona do conflito e que tenta retratar de forma isenta e desapaixonada os dois lados da questão.
(Sanity Assassin, Bauhaus)
quinta-feira, 6 de agosto de 2009
A Maria também sabe pintar
11 Profissões de fugir
- Polícia de giro nas favelas do Rio de Janeiro;
- Cameraman de filmes hardcore;
- Tratador de cavalos reprodutores;
- Treinador do SL Benfica;
- Ginecologista da Gisele Bundchen;
- Princípe de Gales;
- Astronauta russo da estação internacional (o cliché é sempre o tipo do filme Armageddon)
- Spice Girl;
- Mineiro nas minas da Panasqueira;
- Agente artístico da Ronalda;
- O Papa.
- Cameraman de filmes hardcore;
- Tratador de cavalos reprodutores;
- Treinador do SL Benfica;
- Ginecologista da Gisele Bundchen;
- Princípe de Gales;
- Astronauta russo da estação internacional (o cliché é sempre o tipo do filme Armageddon)
- Spice Girl;
- Mineiro nas minas da Panasqueira;
- Agente artístico da Ronalda;
- O Papa.
11 Profissões que apetece
- Mariachi;
- Barão da droga colombiano;
- Ditador sul-americano;
- Gangsta’ rapper;
- Presidente do Governo Regional da Madeira;
- Oligarca russo;
- Poeta galês;
- Romancista (estilo Hemingway);
- Rei;
- CEO da Playboy;
- Apresentador do Daily Show.
- Barão da droga colombiano;
- Ditador sul-americano;
- Gangsta’ rapper;
- Presidente do Governo Regional da Madeira;
- Oligarca russo;
- Poeta galês;
- Romancista (estilo Hemingway);
- Rei;
- CEO da Playboy;
- Apresentador do Daily Show.
Gatos
Gosto de gatos e gosto particularmente deste, um projecto de um quadro para a minha casa que nunca passou de um esquisso. Da autoria da minha sobrinha Ana Luís Quintão - onde teria eu génio para fazer uma coisa destas? Teria graça se existisse um gato com as côres deste - e que não fôsse feito de trapos.
quarta-feira, 5 de agosto de 2009
O Anticristo
A propósito da estreia no Reino Unido do último filme de Lars Von Trier, The Antichrist, a outrora magnífica revista Uncut escrevia o seguinte:
This is the film, after all, that has famously been described as the most shocking movie ever shown at the Cannes Film festival (phew!) and whose own publicity posters take apparently great relish in advertising its "strong real sex, bloody violence and self-mutilation". Needless to say, Antichrist's ostensible mix of hackneyed horror, psychological melodrama, grief, insanity, graphic genital mutilation and a talking fox chewing on its own innards has provoked an outraged response in all the predictable quarters.
The story, such as it is, if you haven't yet seen the film or read anything from the acres of print already dedicated to it, borrows initially from Nic Roeg's Don't Look Now and involves Willem Dafoe and Charlotte Gainsbourg as an unnamed couple coming to terms with the death of their young son by retreating to their remote holiday home - a cabin, called, with heavy-handed symbolism, Eden. There ghastly things occur. Gainsbourg goes mad, runs around in the woods without her pants on and ends up smashing Dafoe's genitals with a block of wood, masturbates him until he ejaculates blood, drills his leg to a grindstone and then attacks her own clitoris with a pair of rusty scissors.
Como devem calcular não vi o filme e não tenho particular interesse em o fazer num futuro próximo. O cinema de Von Trier está recheado de pastelões inenarráveis frequentemente precedidos com golpes de teatro como forma de atrair publicidade barata. Foi assim com Dancer In The Dark, o Música no Coração new age que promoveu Björk ao estatuto de Julie Andrews da viragem do século, e foi assim com Dogville, um aborrecimento monumental protagonizado pela entediante Nicole Kidman onde Lars Von Trier conseguiu transformar uma monumental poupança de dinheiro em cenários (na realidade, os cenários eram praticamente inexistentes) numa montanha de elogios pela audácia e arrojo (longo bocejo...) da crítica especializada.
Por isso não me espanta que Von Trier volte a apresentar um filme com mais um truque na manga que lhe traga promoção e estimule o voyeurismo do público. Desta vez temos a mutilação genital de Willem Dafoe servida numa travessa. Que Dafoe continue a desperdiçar o seu parco talento em filmes-choque não me espanta nada. Ver os próprios testículos serem trucidados por Charlotte Gainsbourg pode sempre ser considerado um acto de promoção na carreira quando comparado com ser regado com cera líquida por Madonna em Body of Evidence. Como efeito choque está longe da automutilação de Gérard Depardieu que, no filme L'ultima donna de Marco Ferreri de 1976, cortava o pénis com uma faca eléctrica para acabar com o insuportável desejo por Ornella Muti.
Não sei se os actos de loucura e mutilação descritos no artigo da Uncut se enquadram na história e são essenciais à narrativa ou se são meros adereços para atrair o grande público e a polémica de algibeira nem me interessa. Se não contarmos com Bagão Félix, já ninguém liga ás críticas da secção de cinema do L'Osservatore Romano desde a tristemente célebre polémica com A Última Tentação de Cristo. (E porque carga de água a Igreja Católica tem a mania de embirrar com filmes medíocres?) Como disse anteriormente, não tenciono perder tempo com o filme pelos mesmos motivos que não vejo peças do La Féria, debates da Fátima Campos Ferreira ou concursos do Malato.
Acredito que o conceito The Name Above The Title (se não me engano, inaugurado com Alfred Hitchcock ou Frank Capra), utilizado para aproveitar a imagem de marca de realizadores de prestígio como forma de promoção das suas obras, pode e deve ser usado nos dois sentidos com enormes vantagens. Mesmo que um dia, por absurdo que pareça, Lars Von Trier consiga fazer um filme que se venha a revelar a oitava maravilha do mundo, o facto de nos recusarmos a ver o dito por ter tão nefasto progenitor e não acreditarmos ser possível sair dali coisa boa, poupa-nos a horas e horas de tédio apocalíptico pela recusa de assistirmos a todos os outros filmes do homem em questão. Alguém vai ao cinema ver um filme do João Botelho a pensar "agora é que é, isto vai ser o Pulp Fiction do cinema português"? Pois é...
Nota ao leitor: quero deixar bem claro que, tal como acontecia em outros blogues em que participei, os artigos que assino não têm necessariamente de reflectir a minha opinião sobre os assuntos em questão.
(Wave of Mutilation, Pixies)
This is the film, after all, that has famously been described as the most shocking movie ever shown at the Cannes Film festival (phew!) and whose own publicity posters take apparently great relish in advertising its "strong real sex, bloody violence and self-mutilation". Needless to say, Antichrist's ostensible mix of hackneyed horror, psychological melodrama, grief, insanity, graphic genital mutilation and a talking fox chewing on its own innards has provoked an outraged response in all the predictable quarters.
The story, such as it is, if you haven't yet seen the film or read anything from the acres of print already dedicated to it, borrows initially from Nic Roeg's Don't Look Now and involves Willem Dafoe and Charlotte Gainsbourg as an unnamed couple coming to terms with the death of their young son by retreating to their remote holiday home - a cabin, called, with heavy-handed symbolism, Eden. There ghastly things occur. Gainsbourg goes mad, runs around in the woods without her pants on and ends up smashing Dafoe's genitals with a block of wood, masturbates him until he ejaculates blood, drills his leg to a grindstone and then attacks her own clitoris with a pair of rusty scissors.
Como devem calcular não vi o filme e não tenho particular interesse em o fazer num futuro próximo. O cinema de Von Trier está recheado de pastelões inenarráveis frequentemente precedidos com golpes de teatro como forma de atrair publicidade barata. Foi assim com Dancer In The Dark, o Música no Coração new age que promoveu Björk ao estatuto de Julie Andrews da viragem do século, e foi assim com Dogville, um aborrecimento monumental protagonizado pela entediante Nicole Kidman onde Lars Von Trier conseguiu transformar uma monumental poupança de dinheiro em cenários (na realidade, os cenários eram praticamente inexistentes) numa montanha de elogios pela audácia e arrojo (longo bocejo...) da crítica especializada.
Por isso não me espanta que Von Trier volte a apresentar um filme com mais um truque na manga que lhe traga promoção e estimule o voyeurismo do público. Desta vez temos a mutilação genital de Willem Dafoe servida numa travessa. Que Dafoe continue a desperdiçar o seu parco talento em filmes-choque não me espanta nada. Ver os próprios testículos serem trucidados por Charlotte Gainsbourg pode sempre ser considerado um acto de promoção na carreira quando comparado com ser regado com cera líquida por Madonna em Body of Evidence. Como efeito choque está longe da automutilação de Gérard Depardieu que, no filme L'ultima donna de Marco Ferreri de 1976, cortava o pénis com uma faca eléctrica para acabar com o insuportável desejo por Ornella Muti.
Não sei se os actos de loucura e mutilação descritos no artigo da Uncut se enquadram na história e são essenciais à narrativa ou se são meros adereços para atrair o grande público e a polémica de algibeira nem me interessa. Se não contarmos com Bagão Félix, já ninguém liga ás críticas da secção de cinema do L'Osservatore Romano desde a tristemente célebre polémica com A Última Tentação de Cristo. (E porque carga de água a Igreja Católica tem a mania de embirrar com filmes medíocres?) Como disse anteriormente, não tenciono perder tempo com o filme pelos mesmos motivos que não vejo peças do La Féria, debates da Fátima Campos Ferreira ou concursos do Malato.
Acredito que o conceito The Name Above The Title (se não me engano, inaugurado com Alfred Hitchcock ou Frank Capra), utilizado para aproveitar a imagem de marca de realizadores de prestígio como forma de promoção das suas obras, pode e deve ser usado nos dois sentidos com enormes vantagens. Mesmo que um dia, por absurdo que pareça, Lars Von Trier consiga fazer um filme que se venha a revelar a oitava maravilha do mundo, o facto de nos recusarmos a ver o dito por ter tão nefasto progenitor e não acreditarmos ser possível sair dali coisa boa, poupa-nos a horas e horas de tédio apocalíptico pela recusa de assistirmos a todos os outros filmes do homem em questão. Alguém vai ao cinema ver um filme do João Botelho a pensar "agora é que é, isto vai ser o Pulp Fiction do cinema português"? Pois é...
Nota ao leitor: quero deixar bem claro que, tal como acontecia em outros blogues em que participei, os artigos que assino não têm necessariamente de reflectir a minha opinião sobre os assuntos em questão.
(Wave of Mutilation, Pixies)
terça-feira, 4 de agosto de 2009
Dia Um, Hora Primeira
«Ah! Não me diga que concorda comigo! Quando as pessoas concordam comigo, tenho sempre a impressão de que estou errado.»
De há uns anos a esta parte que eu e o meu amigo Marx vimos tentando de variadas formas fazer qualquer coisa em comum, para além das férias, do futebol na praia, dos livros, das músicas, da banda desenhada e do FCP. Com o advento dos blogues, a coisa parecia fácil e fizemos algumas tentativas, que nunca deram fruto.
Bem: ontem decidimos arrancar com mais uma – a ver se é desta. E cabe-me a mim dar o pontapé de saída, porque combinamos serviços mínimos de “postagem” a dia fixo.
Acho que vai ser interessante, mesmo achando que os textos do Marx são geralmente bem melhores do que os meus e que o gajo descobre sempre melhores assuntos do que eu. Dirão os lorpas que é um desafio. Eu digo que é mera humilhação pública da minha parte, mas isso é a minha segunda pele.
Quem nos conhece de perto, acha que estamos permanente e constantemente de acordo um com o outro. Daí a alcunha colectiva que deu um jeitaço para descobrir o título para este blogue . Mas esse é um aspecto muito redutor de uma amizade que vai alegremente a caminho dos 30 anos.
E pronto, acho que já se tornou bastante óbvio que estou sem assunto. Mas é o primeiro minuto de uma terça-feira de Agosto, as férias teimam em não chegar e as estreias deixam-me sempre nervoso.
Ainda assim cumpri dois desejos: dar um pontapé de saída e poder citar Óscar Wilde. Só por isto já valeu a pena… acho eu.
De há uns anos a esta parte que eu e o meu amigo Marx vimos tentando de variadas formas fazer qualquer coisa em comum, para além das férias, do futebol na praia, dos livros, das músicas, da banda desenhada e do FCP. Com o advento dos blogues, a coisa parecia fácil e fizemos algumas tentativas, que nunca deram fruto.
Bem: ontem decidimos arrancar com mais uma – a ver se é desta. E cabe-me a mim dar o pontapé de saída, porque combinamos serviços mínimos de “postagem” a dia fixo.
Acho que vai ser interessante, mesmo achando que os textos do Marx são geralmente bem melhores do que os meus e que o gajo descobre sempre melhores assuntos do que eu. Dirão os lorpas que é um desafio. Eu digo que é mera humilhação pública da minha parte, mas isso é a minha segunda pele.
Quem nos conhece de perto, acha que estamos permanente e constantemente de acordo um com o outro. Daí a alcunha colectiva que deu um jeitaço para descobrir o título para este blogue . Mas esse é um aspecto muito redutor de uma amizade que vai alegremente a caminho dos 30 anos.
E pronto, acho que já se tornou bastante óbvio que estou sem assunto. Mas é o primeiro minuto de uma terça-feira de Agosto, as férias teimam em não chegar e as estreias deixam-me sempre nervoso.
Ainda assim cumpri dois desejos: dar um pontapé de saída e poder citar Óscar Wilde. Só por isto já valeu a pena… acho eu.
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