Os pensamentos iluminados de duas mentes brilhantes escorrem pelas páginas deste coiso.
segunda-feira, 30 de novembro de 2009
sábado, 28 de novembro de 2009
sexta-feira, 27 de novembro de 2009
O Sentido da Vida em Alta Fidelidade, parte 2
"Rob, top five musical crimes perpetuated by Stevie Wonder in the '80s and '90s. Go. Sub-question: is it in fact unfair to criticize a formerly great artist for his latter day sins, is it better to burn out or fade away?"
(continua)
O Trotsky do PSD
A propósito da prisão do dirigente skinhead Mário Machado, afirma o monumental Pacheco Pereira no seu Abrupto:
"temos um interessante critério político na "pressa" em evitar a saída de alguns presos preventivos. Alguém, pressuroso, informou os órgãos de comunicação social que o país pode estar calmo: saíram ou vão sair acusados de assassinatos, violações, etc., mas não será libertado Mário Machado, o dirigente dos skinheads, que é acusado de incitar ao ódio racial, algo que em países genuinamente liberais não é crime, nem sequer delito de opinião. Tudo na longa manutenção de prisão preventiva de Mário Machado é estranho e aponta para razões puramente políticas, o que é inadmissível numa democracia."
Confesso que acho Pacheco Pereira um personagem previsível e aborrecido. A sua estratégia de identificar o lado politicamente correcto de qualquer tema sobre o qual se debruça e, em consequência disso, colocar-se do outro lado da barricada, há muito se tornou óbvio e cansativo.
E como é habitual em muitos opinion makers que debitam palavras ao quilo sobre todo e qualquer assunto, por vezes escorregam na sua própria verborreia e espalham-se completamente. No caso vertente, caso escrevesse pior e não soubesse falar português, poderia dizer-se que Pacheco Pereira está para o comentário político como Rui Santos para o comentário futebolístico.
Apesar de todos os disparates acumulados nos últimos anos, confesso que não estava à espera da prosa acima transcrita sobre a prisão do skinhead Mário Machado. É possível que mais uma vez Pacheco Pereira tenha abordado o problema de forma Coca Cola light. Na sua forma, já lendária, de dar o devido enquadramento histórico e social aos temas tão profundos é possível que Pacheco Pereira pense que um skinhead dos nossos tempos ainda se encaixa na definição de skinhead da década de 50. É possível, mas se assim é, está errado. O skinhead Mário Machado e toda a sua pandilha são descendentes directos do movimento skinhead que acordou de forma ruidosa e brutal, colado aos fascistas da National Front durante o consulado da sua querida Margaret Thatcher.
Depois vem o disparate. Afirma Pereira que Mário Machado "é acusado de incitar ao ódio racial, algo que em países genuinamente liberais não é crime, nem sequer delito de opinião". Não sei a que países Pereira se refere, mas eu também conheço democracias em que incitar ao ódio racial é crime, e não compreendo o que faz essas democracias "inferiores" às democracias que Pereira conhece. Quando não há razão para a razão, nada melhor que recorrer aos generalismos do costume.
E depois há uma pequena comichãozita no meio disto tudo. É que Machado foi preso na sequência de, num fantástico momento de televisão, andar a exibir armas de guerra, que um cidadão comum não pode ter em sua posse (é a lei, Pacheco... é uma chatice...), e a abaná-las como se fosse um espanador do pó em frente do nariz da repórter da TV.
E porque carga de água se deve considerar Machado um preso político? Que ideias políticas é que se lhe conhece? Que impacto tem a actividade política do seu grupo de merry men na sociedade portuguesa? O que é que lhe saiu pela boca fora que terá feito tremer os alicerces da democracia portuguesa? Se calhar ainda vamos ver Pacheco Pereira a afirmar que Mário Machado é o Nelson Mandela português.
Se calhar o exemplo não foi o mais feliz...
(Take The Skinheads Bowling, Camper Van Beethoven)
"temos um interessante critério político na "pressa" em evitar a saída de alguns presos preventivos. Alguém, pressuroso, informou os órgãos de comunicação social que o país pode estar calmo: saíram ou vão sair acusados de assassinatos, violações, etc., mas não será libertado Mário Machado, o dirigente dos skinheads, que é acusado de incitar ao ódio racial, algo que em países genuinamente liberais não é crime, nem sequer delito de opinião. Tudo na longa manutenção de prisão preventiva de Mário Machado é estranho e aponta para razões puramente políticas, o que é inadmissível numa democracia."
Confesso que acho Pacheco Pereira um personagem previsível e aborrecido. A sua estratégia de identificar o lado politicamente correcto de qualquer tema sobre o qual se debruça e, em consequência disso, colocar-se do outro lado da barricada, há muito se tornou óbvio e cansativo.
E como é habitual em muitos opinion makers que debitam palavras ao quilo sobre todo e qualquer assunto, por vezes escorregam na sua própria verborreia e espalham-se completamente. No caso vertente, caso escrevesse pior e não soubesse falar português, poderia dizer-se que Pacheco Pereira está para o comentário político como Rui Santos para o comentário futebolístico.
Apesar de todos os disparates acumulados nos últimos anos, confesso que não estava à espera da prosa acima transcrita sobre a prisão do skinhead Mário Machado. É possível que mais uma vez Pacheco Pereira tenha abordado o problema de forma Coca Cola light. Na sua forma, já lendária, de dar o devido enquadramento histórico e social aos temas tão profundos é possível que Pacheco Pereira pense que um skinhead dos nossos tempos ainda se encaixa na definição de skinhead da década de 50. É possível, mas se assim é, está errado. O skinhead Mário Machado e toda a sua pandilha são descendentes directos do movimento skinhead que acordou de forma ruidosa e brutal, colado aos fascistas da National Front durante o consulado da sua querida Margaret Thatcher.
Depois vem o disparate. Afirma Pereira que Mário Machado "é acusado de incitar ao ódio racial, algo que em países genuinamente liberais não é crime, nem sequer delito de opinião". Não sei a que países Pereira se refere, mas eu também conheço democracias em que incitar ao ódio racial é crime, e não compreendo o que faz essas democracias "inferiores" às democracias que Pereira conhece. Quando não há razão para a razão, nada melhor que recorrer aos generalismos do costume.
E depois há uma pequena comichãozita no meio disto tudo. É que Machado foi preso na sequência de, num fantástico momento de televisão, andar a exibir armas de guerra, que um cidadão comum não pode ter em sua posse (é a lei, Pacheco... é uma chatice...), e a abaná-las como se fosse um espanador do pó em frente do nariz da repórter da TV.
E porque carga de água se deve considerar Machado um preso político? Que ideias políticas é que se lhe conhece? Que impacto tem a actividade política do seu grupo de merry men na sociedade portuguesa? O que é que lhe saiu pela boca fora que terá feito tremer os alicerces da democracia portuguesa? Se calhar ainda vamos ver Pacheco Pereira a afirmar que Mário Machado é o Nelson Mandela português.
Se calhar o exemplo não foi o mais feliz...
(Take The Skinheads Bowling, Camper Van Beethoven)
quinta-feira, 26 de novembro de 2009
O Meu Problema Com As Mulheres - Annette Peacock (história curta de C.E. Maia)
"Não preciso de tomar valium ou ópio para saber como me vou sentir quando te deixar", disse ela naquela voz grave e aveludada que fazia sempre que tentava dizer algo profundo. Para quem se conhecia há menos de 48 horas, era uma afirmação um pouco exagerada...
Conheci-a numa loja de discos, um segundo andar de uma casa antiga da Rua Passos Manuel, no tempo em que as lojas de discos se chamavam discotecas e os empregados conheciam os clientes pelo nome. À época era o lugar ideal para comprar algumas revistas de música e aproveitar um ou outro negócio de ocasião onde gastar o pouco dinheiro que tinha no bolso. Após perder dez minutos nas prateleiras organizadas por ordem alfabética, onde se misturava o jazz com o rock sinfónico e alguma música popular inglesa (tão na moda alguns anos atrás), acabei por retirar "The Perfect Release" do meio da confusão, observei atentamente o estado do vinil e encaminhei-me para o balcão.
E foi aí que a vi pela primeira vez. Completamente vestida de vermelho vivo, levemente inclinada num sofá junto à parede do fundo, a fumar um Marlboro, coisa rara de encontrar nesse tempo. Tinha o cabelo escuro e escorrido, uma face comprida e um corpo esguio. Devia andar perto dos quarenta anos, ou pelo menos assim parecia.
Pousei o disco em cima do balcão. "São duzentos paus" disse o Jorge, o empregado, um tipo simpático, levemente ganzado, veterano do Maio de 68, ostentanto um crachá do Mao Tsé Tung no colete de cabedal. E foi quando procurava os parcos trocos nos bolsos das calças que a ouvi dizer, alto e bom som, "a minha mãe nunca me ensinou a cozinhar, é por isso que sou tão magra".
Olhei em volta para perceber com quem ela estava a falar, mas como estavamos apenas três pessoas na sala e o Jorge tinha tanto interesse em mulheres como eu em contrair cancro de pele, presumi que era comigo. Senti-me corar um pouco. Com vinte anos estava habituado a linhas de engate tradicionais do tipo "costumas vir aqui muitas vezes?" e pouco mais. Mas nunca dito por uma mulher com idade para ser minha mãe. O Jorge tamborilou com os dedos no balcão e sussurrou: "Não ligues, é a Annette."
Claro que já tinha ouvido falar da Annette. O meu amigo Miguel, que no que toca ao género feminino tem mais entalhes na coronha que o número de carimbos no passaporte do Mário Soares, já me tinha falado dela. "É uma maluca! Gosta de gajos mais velhos, já foi casada duas vezes e é amiga do Miles, do Hancock e do Jarrett."
Atabalhoadamente voltei a pegar nas moedas que tinha colocado em cima do balcão, balbuciei "faltam-me vinte paus, guarda isso aí que eu volto amanhã", desci as escadas a correr e saí para a rua a pensar a quem deveria cravar o papel que me faltava e se ela voltaria a estar lá no dia seguinte.
(excerto do livro "O Meu Problema Com As Mulheres, de Carlos Eduardo da Maia)
(Succubus, Annette Peacock)
The Land of the Free
Goste-se ou não, não conheço mais nenhum país onde um idiota chapado possa colocar um cartaz destes na via pública e ainda ter tempo de antena para defender as suas... digamos, ideias.
terça-feira, 24 de novembro de 2009
So much for pathos
Em 20 anos de treinador, zero vitórias frente ao FCPorto e duas vitórias frente ao Sporting (em 18 jogos). A menos que o número de vitórias frente ao Benfica seja assinalável, o epíteto de novo Mourinho parece-me francamente exagerado.
(Sluggin' For Jesus, Cabaret Voltaire)
(Sluggin' For Jesus, Cabaret Voltaire)
segunda-feira, 23 de novembro de 2009
O Sentido da Vida em Alta Fidelidade, parte 1
Preâmbulo: O Dupont levantou aqui uma questão pertinente sobre a utilização abusiva de uma letrinha apenas no pseudónimo comum. O meu é o D. Porque sou o mais velho. E porque esta questão tem água no bico.
Os Duponds conheceram-se nos primeiros anos da década de 80 (provavelmente na Páscoa de 1981 mas não é certo) e desde muito cedo começaram a utilizar um código, nunca discutido em público ou privado, nunca premeditado, mas extremamente eficaz e irritante para terceiros, que consiste basicamente em suportar todos os argumentos do parceiro em qualquer discussão pública, estando ou não de acordo com estes. Curiosamente, apesar de nunca este método ter sido discutido ou combinado por qualquer um dos autores, também em privado a concordância é o tom comum, mas não generalizado. Este comportamento valeu-lhes ser cognominados de Dupondts, por uma amiga comum.
Ao longo de quase 30 anos apenas uma única vez se travaram de razões. Durou 30 minutos e rapidamente foi resolvida com um a fazer uma triste figura e o outro a dizer "eu bem te avisei". Esta situação sofreu um abalo sério na passada semana, quando Dupond descobriu que Dupont nunca tinha visto Alta Fidelidade, a adaptação do livro de Nick Hornby. E agora vou parar de me armar em Luís XIV que isto não dá jeito nenhum.
Alta Fidelidade tem alguns pontos em comum com O Padrinho, esse monumento à condição humana feito cinema. Ambos são filmes realizados com base em obras maiores de escritores menores, a adaptação feita a cinema transcende largamente a simples adaptação do argumento de modo a condensar a acção de 300 páginas em 120 minutos de fita, são filmes de gajos.
E é aqui que reside a verdadeira questão: é inaceitável pela minha parte que a outra metade desta parceria se refugie num simples "não gosto de ver cinema em casa, e até já li o livro que até é bem esgalhado, e coisa e tal".
(continua)
(Let's Get It On, Marvin Gaye)
domingo, 22 de novembro de 2009
Groarrr!
sábado, 21 de novembro de 2009
Addenda a "O Henry É Batoteiro"
Dele disse Cantona ser o pior treinador francês desde Luis XVI. A mim irrita-me quando o Cantona, decerto por força do programa de reabilitação anti-violência em curso, dá uma de simpático.
Que o Henry venha demonstrar arrependimento pelo que fez, fica-lhe bem, ainda que não limpe a batota - quando muito atenua-a um poucochinho.
Agora que o Domenech venha dizer que de nada tem que pedir desculpa porque quem meteu água foi o árbitro e o sucedido deve ser visto como uma contingência normal do jogo, dá vontade ao mais pacifista dos nobéis (nobéles?) da paz de montar uma mina anti-pessoal na sanita do energúmeno, daquelas que ao armarem saltam primeiro e só depois explodem.
Que diria o troglodita, e já agora toda a França, se a coisa se tivesse passado ao contrário? Que nojo!
Atribuir as culpas ao árbitro por não ter visto, é como absolver o homicida, condenando a prisão perpétua o polícia que, estando presente no local do crime, não viu porque estava a apertar os sapatos.
A cada dia que passa as semelhanças entre o wrestling e o futebol aumentam: é um jogo de faz-de-conta, cheio de batota e bazófia. Perguntem a qualquer benfiquista se não acha que o "nick" do Artur Jorge deveria ser o "Undertaker", ou a qualquer defesa adversário do FCP se o Hulk não deveria abandonar a Liga Sagres e passar para a WWE.
Em que ficamos?
Este blogue é uma balbúrdia. A boa intenção inicial (cada um dos autores escrever a dias certos) rapidamente degenerou na rebaldaria de cada um fazer o que lhe dá na veneta.
E tudo estaria muito bem se, aos olhos do meu parceiro, eu não passasse de DuponD a DuponT enquanto o diabo esfrega um olho.
Quando decidimos o blogue, enquanto o Dupont fumava um cigarro e o Dupond, de costas voltadas, soluçava, ficou definido quem teria o direito a usar o D ou o T finais. Como de costume nos homens, também essa promessa a levou o vento.
E eu exijo, para além do carro, da casa e da custódia das crianças, que fique definido de uma vez por todas como vai ser daqui para a frente. Tenho um público e uma reputação a defender.
Aguardo notícias.
Li e Não Gostei Lá Muito
Nota prévia importante: eu gosto, de um modo geral, do trabalho do RAP. Tem resposta pronta, é inteligente e provavelmente o único dos Gato Fedorento que, numa rábula, não se assemelha ao meu grupo de teatro da primária, na Escola da Torrinha.
Confesso que tempo houve em que me decepcionou um pouco, quando abandonou o fidalgo "de" antes do Araújo - jamais saberemos se por imposição do Bloco de Esquerda ou de qualquer outro pudor canhoto. Nos saudosos tempos do blog homónimo do grupo teatral que agora integra (fase pré-Meo Fibra), ainda lá aparece na ficha técnica, ufano, o Ricardo de Araújo Pereira. Maldita crise financeira, que tudo leva!
Os textos que compõem o livro, previamente publicados semanalmente na revista Visão não são maus. Alguns são, de resto, muito bons até. E esta apreciação não se limita ao texto sobre o (a?) Ikea, que fez furor e carreira, como as pombinhas da catrina, de mail em mail pela web fora.
O problema é que, sendo composto por cem textos, o livro deveria ter estampado a letras vermelhas, bold, tamanho 32, na capa o aviso: "Não exceder os três textos por dia", tal e qual as tomas diárias do Britacil. A leitura continuada dos mesmos demonstra a repetição de processos e "gags", que a mera leitura semanal não revela. Isto não invalida a qualidade dos texto, mas levanta grandes dúvidas sobre o formato de os colar a todos num só volume. Financeriamente, claro está, não levanta dúvidas nenhumas.
Depois vêm as inflexões do costume: RAP é um perfeccionista da língua portuguesa. Isso não é, evidentemente, um defeito. Muito pelo contrário. Mas passa a ser uma maçada quando é tão repetidamente invocado ou quando, pior, é usado como argumento de achincalhamento.
Ao exibir os seus dotes gramaticais e sintácticas, RAP assemelha-se aos tipos com um marsapo de 20 centímetros, quando em repouso: podem não facturar nada no dia-a-dia, mas são o êxito de qualquer balneário, onde podem caminhar de cabeça levantada e lançar, de esguelha, olhares piedosos mas irónicos aos que, como eu, têm mais juba que leão (desculpa lá o plágio, Pipi).
Um autor menor criador de dois personagens maiores, Giovanni Guareschi, dizia, pela boca do seu Cristo, que a jogada mais baixa em polémica é lançar mão dos êrros ortográficos ou de sintaxe do adversário. O que deve prevalecer é a ideia, não o formato.
Há uns anos largos, um leitor escreveu uma carta ao director da saudosíssima revista Kapa onde, num discurso impecável e recheado de referências sofisticadas, acusava a dita de copiar descaradamente outras revistas estrangeiras de referência. Em resposta, a revista (Carlos Quevedo? Miguel Esteves Cardoso?) debitava apenas um comentário: "És uma besta, mas lá que sabes escrever sabes".
Depois vem o encarte. É uma ideia gira, no sentido que a expressão deve ganhar nas reuniões de publicitários, de editores ou de qualquer outro grupo onde todos dizem o que quer que seja que lhes permita armar ao pingarelho. Mas é desconfortável: o encarte tem dimensões superiores às do livro, o que faz sobrar cartolina. É uma forma descarada de promoção do livro à custa de um texto que fez, de facto, furor entre os cibernautas. Como se não bastasse o encarte e a chamada na capa ("Inclui crónica do Ikea a cores para montar") , acrescenta ainda um excerto do mesmo texto escarrapachado na badana da capa. Isto equivale às versões em castelhano dos grandes êxitos do Sting, incluídas nas colectâneas do cantor. Ora se este tipo de truque em nada engrandece a carreira do cantor, já de si tão debilitada, tão pouco o faz ao RAP. E é publicidade enganosa: poucos textos há no livro que estejam à altura do mais publicitado.
Cabe ainda uma referência ao preço: os textos foram publicados originalmente, como atrás foi dito, na Visão - uma revista que por € 2,85 semanais nos dá 148 páginas de texto e fotografia, com alguns artigos interessante e, de lambuja, a crónica do RAP. Uma operação aritmética simples permite-nos concluir que cada página custa ao consumidor cerca de € 0,019. Neste livro, com preço de capa de €15,90 e contendo 100 crónicas, cada uma sai a € 0,159 ou seja a mais de oito vezes o preço dos originais.
E nem uma fotografiazita, tirando a da contra-capa que não é exactamente da natureza das que o jornal O Jogo publica, diariamente, na penúltima página.
Como se não bastasse, o livro termina mal. Há coisas que, por uma questão de decência, homem algum deve alardear em público, como a coprofilia, a halitose ou a compulsão em comer macacos do nariz. Com indiscutível mau gosto, a breve referência biográfica da badana da contracapa termina com o número de sócio do Benfica. Não fosse a minha abjecção ao vermelho e teria corado.
sexta-feira, 20 de novembro de 2009
Coisas que nos deixam a pensar...
...ou como diria Arsenio Hall no seu talk show, "Things that make you go...huuuummm".
"O Viagra feminino leva duas semanas a fazer efeito." Assim, sem mais nem menos. Como me encontrava numa sala de espera de um Hospital pensei que esta visão fosse consequência de um efeito secundário de uma qualquer droga que me tivesse sido ministrada. Mas ainda não tinha sido atendido. E no entanto, ela ali estava. A mensagem "o Viagra feminino leva duas semanas a fazer efeito" logo acima do sorriso plástico de uma apresentadora de um programa matinal de uma qualquer TV generalista.
A mente masculina é como um amigo perverso. Nas situações mais inimagináveis, onde é necessário manter algum discernimento e sangue-frio, desata a encher-nos a cabeça com brejeirices completamente desnecessárias. Portanto vou abster-me de fazer comentários completamente impublicáveis sobre preliminares de 15 dias ou cãimbras em locais que foram criados, em primeira instância, para facilitar a comunicação entre os humanos. E vou avançar para o que interessa. A nossa agenda. Seja ele o Outlook 2007, o Outlook Express, o Lotus Notes, ou um simples filofax.
Vamos a ver se nos entendemos. Esta história das duas semanas coloca-nos alguns problemas difíceis de ultrapassar. Quando se diz duas semanas, quer-se dizer duas semanas exactas (7+7) ou o vox populi, 15 dias? É que 14 é diferente de 15. E se, como diz o Dupont, nos enganamos no dia e, na hora H, enquanto estamos enfiados numa reunião lá no escritório a discutir o apuramento da França com aquele golo do Henry com o Antunes da contabilidade, o leiteiro toca à campinha lá de casa? Em que ficamos?
E a que horas é que se deve tomar o medicamento? É minha opinião que deve ser como os antibióticos. Se são 3 vezes ao dia, deve ter-se o cuidado de tomar o primeiro à meia-noite de modo a não nos transtornar muito o dia. Ora o mesmo se passará com o Viagra feminino. Convém calibrar a coisa de modo a que o momento porque tanto se anseia não coincida com o horário da transmissão do FCPorto-Benfica para a Taça de Portugal.
E deixo aqui uma chamada de atenção para os mais inexperientes. Aqueles que pretendem calcular tudo direitinho para comemorar a passagem à próxima eliminatória de forma mais calorosa (se forem do FCP) ou carpirem mágoas em vale de lençóis (se forem do Benfica), convém não se precipitarem. Não se esqueçam de deixar uma margem porque o jogo pode correr mal e ir a prolongamento. Ou a penalties.
"O Viagra feminino leva duas semanas a fazer efeito." Assim, sem mais nem menos. Como me encontrava numa sala de espera de um Hospital pensei que esta visão fosse consequência de um efeito secundário de uma qualquer droga que me tivesse sido ministrada. Mas ainda não tinha sido atendido. E no entanto, ela ali estava. A mensagem "o Viagra feminino leva duas semanas a fazer efeito" logo acima do sorriso plástico de uma apresentadora de um programa matinal de uma qualquer TV generalista.
A mente masculina é como um amigo perverso. Nas situações mais inimagináveis, onde é necessário manter algum discernimento e sangue-frio, desata a encher-nos a cabeça com brejeirices completamente desnecessárias. Portanto vou abster-me de fazer comentários completamente impublicáveis sobre preliminares de 15 dias ou cãimbras em locais que foram criados, em primeira instância, para facilitar a comunicação entre os humanos. E vou avançar para o que interessa. A nossa agenda. Seja ele o Outlook 2007, o Outlook Express, o Lotus Notes, ou um simples filofax.
Vamos a ver se nos entendemos. Esta história das duas semanas coloca-nos alguns problemas difíceis de ultrapassar. Quando se diz duas semanas, quer-se dizer duas semanas exactas (7+7) ou o vox populi, 15 dias? É que 14 é diferente de 15. E se, como diz o Dupont, nos enganamos no dia e, na hora H, enquanto estamos enfiados numa reunião lá no escritório a discutir o apuramento da França com aquele golo do Henry com o Antunes da contabilidade, o leiteiro toca à campinha lá de casa? Em que ficamos?
E a que horas é que se deve tomar o medicamento? É minha opinião que deve ser como os antibióticos. Se são 3 vezes ao dia, deve ter-se o cuidado de tomar o primeiro à meia-noite de modo a não nos transtornar muito o dia. Ora o mesmo se passará com o Viagra feminino. Convém calibrar a coisa de modo a que o momento porque tanto se anseia não coincida com o horário da transmissão do FCPorto-Benfica para a Taça de Portugal.
E deixo aqui uma chamada de atenção para os mais inexperientes. Aqueles que pretendem calcular tudo direitinho para comemorar a passagem à próxima eliminatória de forma mais calorosa (se forem do FCP) ou carpirem mágoas em vale de lençóis (se forem do Benfica), convém não se precipitarem. Não se esqueçam de deixar uma margem porque o jogo pode correr mal e ir a prolongamento. Ou a penalties.
Bolas fora
A respeito da eleição de Catherine Ashton para Alta Representante para a Política Externa da UE e Vice-Presidente da Comissão Europeia, afirmou a sempre espectacular Ana Gomes:
"Eu – que admiro o d’Alema – considerei preferível a Ashton. E não apenas por ela ser mulher: mas por ser britânica. "
(A Girl Like You, Edwyn Collins)
quinta-feira, 19 de novembro de 2009
O Amor e um pedido de desculpas
O Dupond pede desculpas por, inadvertidamente, ter colocado uma mensagem com um vídeo sarcástico de uma homossexual a favor do casamento gay. Foi sem querer e não voltará a acontecer.
Para compensar eis uma mensagem de amor de Susan Sarandon, esposa dedicada do senhor Tim Robbins. Hetererossexual, portanto.
(Power In The Darkness, Tom Robinson Band)
Para compensar eis uma mensagem de amor de Susan Sarandon, esposa dedicada do senhor Tim Robbins. Hetererossexual, portanto.
(Power In The Darkness, Tom Robinson Band)
Portia de Rossi pede desculpa por casar com Ellen DeGeneres
(My Beautiful Bride, The Handsome Family)
Estou a ler e estou a gostar
É um livro admirável que parte de uma casa que adquire vida própria a partir da morte de Beloved, uma menina de 2 anos falecida prematuramente. Para um não-americano, o romance perderá algum significado (que sabemos nós, ocidentais europeus do século 20/21, da escravatura para além do que lemos nos livros e vimos no "Roots"?), mas para mim, 9/10 transmontano, consigo identificar os ambientes extraordinários que Miguel Torga criava nos não menos extraordinários Novos Contos da Montanha (um dos 100 livros que levaria para uma ilha deserta), a mansidão e respeito a que a extrema pobreza conduz, a violência e a até a luxúria ingénuas.
Quando nada se tem que significado têm as coisas? Nenhum, diz-nos Morrison, só as pessoas verdadeiramente contam. Por isso se inspirou na história real de uma escrava americana do século 19 (Margaret Garner) que preferiu matar a própria filha a permitir que voltasse à escravatura.
Voltarei a este tema, quando acabar o dito. Para já, está a ser um regalo.
quarta-feira, 18 de novembro de 2009
O Henry É Batoteiro
Se a FIFA tivesse alguma vergonha na cara, o Henry seria proibido de participar no Mundial de 2010. O que fez no jogo de hoje contra a Irlanda é uma batota inqualificável e indigna.
Eu, satânico, me confesso
Eis um dos momentos de comédia mais espectaculares dos últimos anos. Esta é a primeira parte, mas podem encontrar o resto no Youtube.
E ninguém me convence que o orador não dava um bom líder para o PSD. À consideração...
(God's Children, The Gutter Twins)
domingo, 15 de novembro de 2009
... a bem da Nação
"A Junta da Extremadura espanhola pôs em marcha uma campanha que está a causar polémica. A iniciativa dá pelo nome de "El placer está en tus manos" e quer pôr os jovens espanhóis, entre os 14 e os 17 anos, em contacto com o seu corpo e a sua sexualidade. As técnicas de masturbação estão entre os assuntos debatidos e explicados... As sessões de formação são itinerantes e incluem demonstrações com uma série de brinquedos sexuais, incluindo vibradores e bolas chinesas." in Público, 15 de Novembro de 2009.
Há mais para ler e vale bem a pena. Não vou perder muito tempo com este assunto. Ele vale uns dois ou três minutos, não mais que isso. Tempos houve em que talvez me ocupasse uns bons 20 ou 30 minutos mas as coisas nesta idade saem com mais fluidez.
Ensinar técnicas de masturbação a adolescentes entre os 14 e os 17 anos é como ensinar veteranos do Vietnam a retirarem uma cavilha de uma granada. Que isto fique bem claro. Atribuir 14 mil euros a este projecto (é verdade, leiam o artigo) é um desperdício. Com esse dinheiro consegue-se comprar os primeiros 150 números da lendária Revista Gina (já mencionada com grande sucesso pelo Dupont neste blogue) num estado de conservação que os fanáticos coleccionadores de livros poderiam considerar "mint condition".
Podem sempre argumentar que é necessário dinheiro para as bolas chinesas e os vibradores. É verdade. No entanto, 14 mil euros dos ditos parece-me um certo exagero. 2 ou 3 chegam perfeitamente, um para a formadora e 2 ou 3 para a parte prática de alguns alunos. Depois podem passar os instrumentos de mão em mão. Não estou a ver, muito sinceramente, uma turma de 20 a 25 elementos dedicados a um estimulante e simultâneo exercício de autogratificação.
Além disso, parece um desperdício de dinheiro. Como oferecer uma carta de condução e um Ferrari a um puto de 10 anos. Tenho uma sex-Shop por baixo de minha casa (não, não é tanga) e nunca vi nenhum adolescente entre os 14 e os 17 anos a sair de lá com um Big John debaixo do braço.
(The Holiday Song, The Pixies)
Há mais para ler e vale bem a pena. Não vou perder muito tempo com este assunto. Ele vale uns dois ou três minutos, não mais que isso. Tempos houve em que talvez me ocupasse uns bons 20 ou 30 minutos mas as coisas nesta idade saem com mais fluidez.
Ensinar técnicas de masturbação a adolescentes entre os 14 e os 17 anos é como ensinar veteranos do Vietnam a retirarem uma cavilha de uma granada. Que isto fique bem claro. Atribuir 14 mil euros a este projecto (é verdade, leiam o artigo) é um desperdício. Com esse dinheiro consegue-se comprar os primeiros 150 números da lendária Revista Gina (já mencionada com grande sucesso pelo Dupont neste blogue) num estado de conservação que os fanáticos coleccionadores de livros poderiam considerar "mint condition".
Podem sempre argumentar que é necessário dinheiro para as bolas chinesas e os vibradores. É verdade. No entanto, 14 mil euros dos ditos parece-me um certo exagero. 2 ou 3 chegam perfeitamente, um para a formadora e 2 ou 3 para a parte prática de alguns alunos. Depois podem passar os instrumentos de mão em mão. Não estou a ver, muito sinceramente, uma turma de 20 a 25 elementos dedicados a um estimulante e simultâneo exercício de autogratificação.
Além disso, parece um desperdício de dinheiro. Como oferecer uma carta de condução e um Ferrari a um puto de 10 anos. Tenho uma sex-Shop por baixo de minha casa (não, não é tanga) e nunca vi nenhum adolescente entre os 14 e os 17 anos a sair de lá com um Big John debaixo do braço.
(The Holiday Song, The Pixies)
O PSD é sexy
Uma notícia do Público de hoje anuncia que a auto-denominada "Geração social-democrata de 70" vai apoiar a candidatura de Passos Coelho à liderança do PSD. Lido desta forma, dá ideia que iríamos assistir a uma onda laranja cavalgada por Pedro Santana Lopes e Marcelo Rebelo de Sousa de longas barbas à Che Guevara, calças à boca de sino e camisas com colarinhos em forma de asa delta, de braço dado com Helena Roseta e a foto de Francisco Sá Craneiro em fundo, a cantar o Paz, Pão, Povo e Liberdade num grandioso comício de apoio ao nóvel e putativo líder social democrata.
Uma leitura mais atenta do artigo de Leonete Botelho (*) liberta-nos desta visão dantesca e faz-nos ver a luz. Por qualquer motivo que não é explicado, a "Geração social-democrata de 70" chama-se assim porque os seus membros nasceram nessa década e não por deixarem a sua marca nessa década. A partir deste momento os sixties não representaram mais a década dos Beatles ou Stones, mas sim os forties, e a década de 70 será um simples rodapé na história do cinema norte-americano, porque apesar de "Tubarão", "Cavaleiros do Asfalto" ou "O Padrinho", os seus autores nasceram na década de 40 (na realidade, Coppola nasceu em 39, mas o pessoal arredonda).
Mauro Xavier, director da Microsoft Portugal, e um dos rostos deste movimento afirma, e passo a citar: "...temos uma visão diferente do rumo que o país deveria seguir para um Portugal mais moderno". O grupo decidiu avançar, ontem, numa reunião realizada em Fátima (o simbolismo de um Portugal moderno, sem dúvida) e pretende fazer um "corte geracional com os rostos e as soluções já testadas do passado", numa clara alusão a uma eventual candidatura (já negada pelo próprio em diversas ocasiões) de Marcelo Rebelo de Sousa.
Fico a aguardar com enorme ansiedade novidades deste movimento de apoio a Passos Coelho, cuja face visível é a de um homem que jura que a Microsoft é sexy.
(*) A ler, a crónica do Provedor do Leitor sobre as queixas apresentadas relativamente a um artigo escrito pela jornalista Leonete Botelho.
(Sexy Motherfucker, Prince)
Uma leitura mais atenta do artigo de Leonete Botelho (*) liberta-nos desta visão dantesca e faz-nos ver a luz. Por qualquer motivo que não é explicado, a "Geração social-democrata de 70" chama-se assim porque os seus membros nasceram nessa década e não por deixarem a sua marca nessa década. A partir deste momento os sixties não representaram mais a década dos Beatles ou Stones, mas sim os forties, e a década de 70 será um simples rodapé na história do cinema norte-americano, porque apesar de "Tubarão", "Cavaleiros do Asfalto" ou "O Padrinho", os seus autores nasceram na década de 40 (na realidade, Coppola nasceu em 39, mas o pessoal arredonda).
Mauro Xavier, director da Microsoft Portugal, e um dos rostos deste movimento afirma, e passo a citar: "...temos uma visão diferente do rumo que o país deveria seguir para um Portugal mais moderno". O grupo decidiu avançar, ontem, numa reunião realizada em Fátima (o simbolismo de um Portugal moderno, sem dúvida) e pretende fazer um "corte geracional com os rostos e as soluções já testadas do passado", numa clara alusão a uma eventual candidatura (já negada pelo próprio em diversas ocasiões) de Marcelo Rebelo de Sousa.
Fico a aguardar com enorme ansiedade novidades deste movimento de apoio a Passos Coelho, cuja face visível é a de um homem que jura que a Microsoft é sexy.
(*) A ler, a crónica do Provedor do Leitor sobre as queixas apresentadas relativamente a um artigo escrito pela jornalista Leonete Botelho.
(Sexy Motherfucker, Prince)
sábado, 14 de novembro de 2009
A Face Que Se Oculta
Ouvi ontem o Senhor Primeiro-Ministro insurgir-se, indignado, contra as escutas de que terá sido alvo no processo "Face Oculta" questionando a sua legalidade. Não pude deixar de lembrar-me daquelas outras escutas que deram brado, as do "Apito Dourado" em que também nenhum dos escutados questionava ou procurava sequer defender-se do conteúdo, mas tão somente da questão formal.
Em resumo, Sócrates terá sido escutado em conversas com Armando Vara, um rapaz que saiu do governo de Guterres a braços com uma questão nebulosa de dinheiros destinados a campanhas de prevenção rodoviária. A recompensa em Portugal para as suspeições é sempre um banco. Ou a Petrogal. Os jornais dizem que o nosso Primeiro terá sido apanhado a admitir conhecimento prévio de uma data de coisas que em público jurou "eu seja ceguinho" desconhecer.
A quebra do segredo de justiça é uma vergonha num estado de Direito. Os jornais que publicam notícias a partir de fontes judiciais deveriam ser, como em Inglaterra, automaticamente constituídos assistentes nos processos, arriscando-se a comer pela medida certa quando as notícias em violação do segredo de justiça provassem ser fantasiosas. Isto obrigaria a alguma contenção e responsabilidade, ainda que levasse decerto à falência do Correio da Manhã e do 24 Horas - e os benefícios de tal medida não ficariam por aqui.
Mas o Primeiro deve explicar o que se passou. Afinal, enquanto Primeiro-Ministro ele não é um cidadão como os outros. Deveria dizer sem margem para dúvidas o que foi conversado e se as notícias vindas a público são verdadeiras ou falsas. A indignação, a teatralidade, o cenho cerrado ficam bem na pantalha, mas não são em bom rigor um desmentido: às notícias, Sócrates nada disse. E tem a obrigação de o fazer.
Eu glutão me confesso
Peso 88 quilos para 1,78 o que, não sendo obesidade, já obriga a encolher a barriga na praia. Andei em ginásios e comprei o livro do Póvoas. Fiz dietas, comprei margarina de soja e iogurtes de aromas magros. Comi cereais ao pequeno-almoço e comprei uma bicicleta. O melhor que consegui foi baixar aos 83 quilos, não pela força de vontade mas por força de uma intoxicação alimentar.
Durante a semana, sou um estóico durante o dia: pequeno-almoço a horas certas, sopa e fruta ao almoço. Mas chega a noite e o monstro liberta-se. A minha divisão da casa favorita é o frigorífico. Ao fim-de-semana a coisa adquire contornos de catástrofe. Um amor quase filial por pão e queijos é o principal responsável pelo tamanho 43 das minhas camisas.
O remédio para mim já não passa por uma dieta, mas por um exorcismo.
sexta-feira, 13 de novembro de 2009
quinta-feira, 12 de novembro de 2009
Not Pink Floyd
Após a edição do soberbo The Soft Bulletin e do também magnífico Yoshimi Battles The Pink Robots, uma boa parte da imprensa apressou-se a colar a etiqueta de Novos Pink Floyd aos Flaming Lips.
E neste pequeno vídeo ei-los a provarem que essa catalogação era mais que acertada. Meus senhores e minhas senhoras, eis os novos... Pink Floyd???
E neste pequeno vídeo ei-los a provarem que essa catalogação era mais que acertada. Meus senhores e minhas senhoras, eis os novos... Pink Floyd???
A Rainha no Palácio das Correntes de Ar, de Stieg Larsson
Decorrido o primeiro terço das setecentas e tal páginas do terceiro volume da saga Millennium faço uma pequena pausa para deixar um aviso ao leitor incauto. Se um amigo da onça vos colocar este livro no sapatinho, evitem começar a ler sem primeiro terminarem o anterior volume.
Se é perfeitamente possível, mas não aconselhável, ler o segundo volume sem ter lido anteriormente o primeiro, tal não acontece com A Rainha no Palácio das Correntes de Ar.
O ritmo da narrativa é mais lento. Larsson vai introduzindo novos personagens na história de modo a explicar os antecedentes de Lisbeth Salander, o personagem central deste tríptico, evitando recorrer ao flashback. Desta forma, quase que se podia ler a obra de trás para a frente e, obter-se desse modo um fio condutor coerente, se não se desse o caso de, aqui e ali, o autor introduzir importantes peças do puzzle que ajudam a desvendar a complicada origem desta personagem.
A grande dúvida é: será que Larsson vai esticar a corda para um nunca acabado quarto volume? E em caso afirmativo será possível Rui Santos iniciar uma petição online pela verdade desportiva e ressurreição de Stieg Larsson? Enquanto meditam nesta problemática vou ali acabar A Rainha no Palácio das Correntes de Ar, porque tenho outro cliente à espera.
Logo que termine, prometo escarrapachar aqui a historinha toda e estragar-vos completamente o suspense. Portanto, é bom que se despachem.
(The Book I Read, Talking Heads)
Sleeper Cell
Sleeper Cell é uma série de 2 temporadas que pode ser vista no canal FX. A primeira temporada é curta (10 episódios) e retrata a preparação de um atentado ao estádio dos L.A. Dodgers por uma célula terrorista da Al-Qaeda, infiltrada por um agente do FBI. Se optarem por ver esta série, aconselho vivamente que fiquem por aqui.
A segunda temporada é composta por 8 episódios, o que significa que são 8 episódios a mais do que deveria ter. A ideia que dá é que, a meio da produção, o dinheiro acabou e o número de episódios teve de ser diminuído. E, de repente, os acontecimentos precipitam-se a um ritmo vertiginoso à semelhança de um 24. O que não seria mau só por si se até aí todas as operações não tivessem sido preparadas de uma forma meticulosa e com mil cuidados. De repente, basta a um qualquer personagem estalar os dedos para as coisas acontecerem.
A segunda temporada começa mal. A boazona da agente de ligação com o inflitrado Dwyght é capturada e morta por um comando feminino de extremistas islâmicas vestidas com umas belas burkas Yves Saint-Laurent (se fosse ao contrário, os comandos seriam louras em top-less com gigantescos implantes mamários...). Em sua substituição entra em cena um novo agente de ligação balofo, de queixos quadrados e com o carisma de um busto de Napoleão. Rapidamente se percebe que este elemento entrou para o FBI após ter chumbado no exame do 9ºano do ensino recorrente e com uma grande cunha de um tio bem colocado na cadeia de comando do FBI. Ou seja, o grau de exigência para a captação de agentes para o FBI é semelhante ao da angariação de estagiários para o atendimento ao público do Canil de Salvaterra de Magos. A única consequência positiva da entrada em cena deste agente é que a chantagem que ele faz sobre a sopeira que aquece os pés ao agente Dwyght leva ao seu desaparecimento pouco prematuro no penúltimo episódio, às mãos dos malandros extremistas.
A luta final entre o bem e o mal, parece ter sido filmada numa aldeia de pescadores da Costa da Caparica, com uma encenação retirada de um duelo à moda do velho oeste, em que um veterano agente do FBI não consegue acertar uma rajada de metralhadora num elefante num corredor e vê-se obrigado a brincar aos polícias e ladrões com um Bin Laden de opereta, manco, e armado com uma Glockezita da treta. E falha.
Mas o mais irritante no meio de tudo, e que já acontecia na primeira temporada, é a quantidade de alamsalamaleicums e salamaleicumalams que saem pela boca fora dos personagens, bem como a expressão "que a paz esteja com ele" sempre que se referem ao Profeta. Pode ser muito interessante para tornar os diálogos verosímeis, mas para o espectador comum é tão estimulante como o "e esta hem?" do Fernando Pessa.
(Television, Drug of a Nation, Disposable Heroes of Hiphoprisy)
segunda-feira, 9 de novembro de 2009
Chicotes e botas de couro brilhantes
Após colocar na sua capa em quatro meses consecutivos os The Who, Crosby, Stills, Nash & Young, Beatles e Yardbirds, a cada vez mais conservadora Uncut resolveu dedicar a capa e algo mais da edição de Dezembro aos Velvet Underground.
Além de 12 páginas inteiramente dedicadas à banda de Lou Reed, ainda é possível ler uma entrevista com o sempre notável Edwyn Collins, paladino da divulgação do último ópus dos VU, "Loaded", através da música produzida com os seus estimados Orange Juice na primeira metade da década de 80. O seu primeiro LP é, ainda hoje, um dos meus 10 álbuns de estreia favoritos.
Para terminar em beleza, muita atenção a essa candidata a banda do ano (pelo menos aqui no blogue, com 50% dos votos até ao momento), os Wild Beasts com o seu extraordinário LP Two Dancers. Curiosamente, ao longo do artigo sobre a banda, são citadas influências díspares, dos menores Oasis aos Smiths e mesmo a Leonard Cohen. Pessoalmente, confesso que logo após a audição do seu LP anterior, Limbo, Panto, um só nome me saltou à cabeça: os Orange Juice de Edwyn Collins.
Isto anda tudo ligado, como dizia Sérgio Godinho.
(Falling and Laughing, Orange Juice)
António Sérgio na Radar FM
A Radar está a publicar alguns podcasts relativos à rúbrica Viriato 25 de António Sérgio e também voltou a disponibilizar o podcast do Fala com Ela de Inês Meneses, em que António Sérgio aparece como convidado. A não perder, aqui.
(Radio Radio, Elvis Costello)
sábado, 7 de novembro de 2009
sexta-feira, 6 de novembro de 2009
What's Up, Doc?
Em primeiro lugar, quero deixar bem claro que não tenho a mínima pachorra para séries passadas em hospitais, com montes de pessoal a brincar aos médicos, cheios de problema existenciais e dramas pungentes. À excepção de uma ou duas temporadas de E.R., ao tempo da Julianna Margulies e do George Clooney. E por favor, não me venham falar da Anatomia de Grey...
Quem me falou pela primeira vez de House foi o patusco do Dupond. O personagem era fantástico, os diálogos do outro mundo e etc e tal. Obviamente desconfiei. As suas recomendações costumam ser irrepreensíveis no que toca aos livros, mas neste caso achei que me estava a enfiar um valente garruço à conta de ter torrado umas boas dezenas de euros nas 3 primeiras temporadas da dita série.
Algumas semanas depois, e farto de aturar os encómios do costume sempre que qualquer série vinha à baila, e como não havia novas temporadas dos Sopranos ou The Wire para ver, lá lhe cravei a primeira temporada. E, verdade seja dita, gostei.
House não é uma série sobre médicos ou hospitais. Acontece o personagem principal ser um médico e trabalhar num hospital. Podia bem ser um canalizador. House é um policial, um whodunnit á boa maneira de Hitchcock, onde o detective (House) é confrontado com um crime (uma qualquer patologia esquisita), cometido por um vilão (um vírus com hábitos pouco sociais) sobre uma pobr vítima (o doente). E depois há o personagem. Um absoluto desprezo pelos doentes e outros médicos, e basicamente por todos aqueles que não conseguem ser um desafio para a sua mente brilhante.
Motivos que me escapam levaram a que a 5ª temporada (a mais fraquita da série) terminasse com House internado num hospital psiquiátrico, com o objectivo de se ver livre da dependência do Vicodin e, acima de tudo, encontrar uma resposta para os seus hábitos anti-sociais que afastam todos aqueles que se tentam relacionar com o médico.
Os 2 primeiros episódios da 6ª temporada são os mais estranhos de sempre. House está internado, passa por um processo de adaptação a uma nova realidade, apaixona-se (ou assim parece) e, no final do 2º episódio abandona o hospital para voltar à sua actividade profissional. O que se segue é, para já, uma incógnita. Vai House ter uma recaída e voltar ao Vicodin e aos seus demónios ou vamos assistir ao nascimento de um House politicamente correcto, aos beijinhos e abraços com Wilson e Cuddy? Ou vamos assistir a uma Terceira Via televisiva? O futuro da série (no que toca ao número de episódios a que tenciono assistir) será em breve decidido.
(Dr. Abernathy, Scritti Politti)
terça-feira, 3 de novembro de 2009
CSI - 10ª Temporada
Ao fim de todos estes anos devo confessar que a série (a original, os spin-offs são absolutamente medíocres) já me provoca sono e é raro o episódio que consigo ver do princípio ao fim.
Por isso aguardo a entrada de Lawrence Fishburne na temporada actualmente em exibição no AXN e, como aperitivo da temporada seguinte, aqui fica um magnífico momento de pura exibição de tecnologia. O problema é o sumo...
(The Killer Inside Me, Green On Red)
segunda-feira, 2 de novembro de 2009
Assim sim
http://www.publico.clix.pt/Media/antonio-sergio-ministra-da-cultura-lamenta-perda-de-figura-impar-da-radio-e-da-musica_1407938
A Radar está a transmitir desde as 13 horas e até à 1 da manhã alguns dos programas gravados para esta semana da rúbrica Viriato 25, a pedido da família e do próprio António Sérgio.
(Chuva Dissolvente, Xutos e Pontapés)
A Radar está a transmitir desde as 13 horas e até à 1 da manhã alguns dos programas gravados para esta semana da rúbrica Viriato 25, a pedido da família e do próprio António Sérgio.
(Chuva Dissolvente, Xutos e Pontapés)
domingo, 1 de novembro de 2009
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