segunda-feira, 23 de novembro de 2009

O Sentido da Vida em Alta Fidelidade, parte 1



Preâmbulo: O Dupont levantou aqui uma questão pertinente sobre a utilização abusiva de uma letrinha apenas no pseudónimo comum. O meu é o D. Porque sou o mais velho. E porque esta questão tem água no bico.

Os Duponds conheceram-se nos primeiros anos da década de 80 (provavelmente na Páscoa de 1981 mas não é certo) e desde muito cedo começaram a utilizar um código, nunca discutido em público ou privado, nunca premeditado, mas extremamente eficaz e irritante para terceiros, que consiste basicamente em suportar todos os argumentos do parceiro em qualquer discussão pública, estando ou não de acordo com estes. Curiosamente, apesar de nunca este método ter sido discutido ou combinado por qualquer um dos autores, também em privado a concordância é o tom comum, mas não generalizado. Este comportamento valeu-lhes ser cognominados de Dupondts, por uma amiga comum.

Ao longo de quase 30 anos apenas uma única vez se travaram de razões. Durou 30 minutos e rapidamente foi resolvida com um a fazer uma triste figura e o outro a dizer "eu bem te avisei". Esta situação sofreu um abalo sério na passada semana, quando Dupond descobriu que Dupont nunca tinha visto Alta Fidelidade, a adaptação do livro de Nick Hornby. E agora vou parar de me armar em Luís XIV que isto não dá jeito nenhum.

Alta Fidelidade tem alguns pontos em comum com O Padrinho, esse monumento à condição humana feito cinema. Ambos são filmes realizados com base em obras maiores de escritores menores, a adaptação feita a cinema transcende largamente a simples adaptação do argumento de modo a condensar a acção de 300 páginas em 120 minutos de fita, são filmes de gajos.

E é aqui que reside a verdadeira questão: é inaceitável pela minha parte que a outra metade desta parceria se refugie num simples "não gosto de ver cinema em casa, e até já li o livro que até é bem esgalhado, e coisa e tal".

(continua)

(Let's Get It On, Marvin Gaye)

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