Em resumo, Sócrates terá sido escutado em conversas com Armando Vara, um rapaz que saiu do governo de Guterres a braços com uma questão nebulosa de dinheiros destinados a campanhas de prevenção rodoviária. A recompensa em Portugal para as suspeições é sempre um banco. Ou a Petrogal. Os jornais dizem que o nosso Primeiro terá sido apanhado a admitir conhecimento prévio de uma data de coisas que em público jurou "eu seja ceguinho" desconhecer.
A quebra do segredo de justiça é uma vergonha num estado de Direito. Os jornais que publicam notícias a partir de fontes judiciais deveriam ser, como em Inglaterra, automaticamente constituídos assistentes nos processos, arriscando-se a comer pela medida certa quando as notícias em violação do segredo de justiça provassem ser fantasiosas. Isto obrigaria a alguma contenção e responsabilidade, ainda que levasse decerto à falência do Correio da Manhã e do 24 Horas - e os benefícios de tal medida não ficariam por aqui.
Mas o Primeiro deve explicar o que se passou. Afinal, enquanto Primeiro-Ministro ele não é um cidadão como os outros. Deveria dizer sem margem para dúvidas o que foi conversado e se as notícias vindas a público são verdadeiras ou falsas. A indignação, a teatralidade, o cenho cerrado ficam bem na pantalha, mas não são em bom rigor um desmentido: às notícias, Sócrates nada disse. E tem a obrigação de o fazer.
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