Os pensamentos iluminados de duas mentes brilhantes escorrem pelas páginas deste coiso.
quarta-feira, 30 de dezembro de 2009
domingo, 27 de dezembro de 2009
sábado, 26 de dezembro de 2009
quarta-feira, 23 de dezembro de 2009
Em que ficamos?
Em entrevista à Lusa, Luís Meneses (deputado do PSD), coordenador deste grupo de deputados, acusa a Red Bull de mudar a localização do evento "por uma questão comercial, por uma questão de dinheiro e com total conivência do Turismo de Portugal". Segundo o deputado, "dos 70 milhões de euros de incentivos próprios que o Turismo de Portugal atribuiu em 2008, 70% foram investidos no distrito de Lisboa, ou seja, 49 milhões de euros. Desses 49 milhões de euros, 43 milhões foram investidos só na cidade de Lisboa." in O Jogo de hoje.
O Turismo de Portugal garantiu esta quarta-feira que o Norte foi a região que recebeu mais apoios em 2008 e sublinhou que nem a Câmara do Porto nem a de Gaia apresentaram qualquer candidatura a subsídios para o Red Bull Air Race. Segundo o esclarecimento do presidente do Turismo de Portugal, enviado à Lusa, a região Norte recebeu 5,3 milhões de euros do orçamento daquele organismo, em 2008, o que representa mais um milhão do que o apoio concedido a Lisboa e Vale do Tejo. in O Jogo Online
(Air, Talking Heads)
O Turismo de Portugal garantiu esta quarta-feira que o Norte foi a região que recebeu mais apoios em 2008 e sublinhou que nem a Câmara do Porto nem a de Gaia apresentaram qualquer candidatura a subsídios para o Red Bull Air Race. Segundo o esclarecimento do presidente do Turismo de Portugal, enviado à Lusa, a região Norte recebeu 5,3 milhões de euros do orçamento daquele organismo, em 2008, o que representa mais um milhão do que o apoio concedido a Lisboa e Vale do Tejo. in O Jogo Online
(Air, Talking Heads)
O Record Club de Beck
Record Club: Velvet Underground & Nico 'Sunday Morning' from Beck Hansen on Vimeo.
Beck Hansen e alguns amigalhaços formaram o Record Club. Objectivo: gravar versões integrais de discos de outros artistas. O resultado está à vista em http://www.beck.com/record_club
Fica aqui a amostra com Sunday Morning dos The Velvet Underground.
É tão mau, tão mau...
...tão, tão, tão, tão, tão mau, tão mau, tão mau que tenho dificuldade em encontrar mais palavras para adjectivar a trampa do filme. O Roland Emmerich anda há anos a tentar convencer-nos que o mundo vai acabar amanhã. Os meios de tortura foram vários, O Dia da Independência, O Dia depois de Amanhã, Godzilla, mas este 2012 ultrapassa todos os nossos piores pesadelos.
O que John Cusack anda a fazer no meio daquilo tudo é que não se percebe. Se calhar anda com falta de carcanhol para pagar as contas do supermercado.
(Dear Catastrophe Waitress, Belle and Sebastian)
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sábado, 19 de dezembro de 2009
quinta-feira, 17 de dezembro de 2009
quarta-feira, 16 de dezembro de 2009
Uma questão de tamanho
"O presidente da Comissão para o Centenário da República Portuguesa elogiou, esta terça-feira, a ideia da Câmara Municipal de Paredes em levantar um mastro de cem metros para suportar a bandeira portuguesa. Segundo as contas da autarquia, o mastro custará um milhão de euros, um valor que Artur Santos Silva não comenta.
O presidente da Comissão para o Centenário da República Portuguesa considerou, esta terça-feira, uma boa ideia a iniciativa da Câmara Municipal de Paredes para a comemoração dos cem anos da República Portuguesa.
«O que é preciso é que as comemorações do centenário da República sirvam para reforçar a nossa identidade e, naturalmente, que um dos elementos centrais da nossa identidade é o símbolo nacional da nossa bandeira», que deve ser «revalorizado», sublinhou." in TSF Online
Em resumo, a Câmara de Paredes prepara-se para queimar um balúrdio num mamarracho para comemorar uma efeméride a que ninguém liga puto, se exceptuarmos meia dúzia de "históricos" do PS. Em vez de dizer à rapaziada da autarquia para ter juízo, Artur Santos Silva acha que é uma boa ideia.
Então, está bem...
(Money, The Flying Lizards)
Tudo Calmo na Frente Leste
"O poder de compra das famílias no nosso país é apenas 76% da média da Europa dos 27. Os consumidores mantêm o mesmo poder de compra há mais de dez anos. É o resultado de anos a crescer abaixo da média da Zona Euro." in Diário de Notícias
"A proposta de revisão do período de trabalho foi apresentada em Novembro pela Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED). Para além das 60 horas semanais, os patrões do sector da distribuição defendem mais contratação a termo e aumentos salariais acumulados de um por cento em 2009 e no próximo ano. " in RTP
"O salário mínimo previsto para o próximo ano é de 475 euros, um aumento de 25 euros em relação ao actual valor (de 450 euros). Mas segundo o jornal Público, se tivesse sido actualizado em função da inflação desde 1974, o seu valor deveria ser agora de 562 euros. Ou seja, o salário mínimo actual representa 85% do poder de compra do de há 35 anos, quando foi introduzido em Portugal." in Diário de Notícias
"Os patrões sugerem que o salário mínimo nacional em 2010 não ultrapasse os 460 euros, propondo um aumento de pouco mais de um por cento para os rendimentos. A TSF teve, esta segunda-feira, acesso às linhas fundamentais da contra-proposta que as confederações patronais vão apresentar para o aumento do salário mínimo, tendo esta ficado muito aquém dos 25 euros que o Governo quer pôr em prática e que faz parte do acordo de concertação social." in TSF Online
... a aguardar as notícias do fim do mundo na Grécia, do apocalipse na Irlanda, e os relatórios sobre a tradicional baixa produtividade, sempre oportunos nesta época do ano...
(Hasta Siempre Comandante, Robert Wyatt)
Adoro o cheiro a Napalm pela manhã
Trinta a trinta e cinco minutos. É o tempo que demoro, todas as manhãs, a deslocar-me de casa ao escritório passando pelo colégio do meu filho. Nada mau, para quem mora na Maia e trabalha na Avenida da Boavista.
Invariavelmente faço o trajecto a ouvir a Antena 1. Vários amigos tentam convencer-me a mudar para a TSF (demasiados spots publicitários), para as nacionais RFM ou Antena 3, ou para as locais Nova ou Nova Era, mas o problema é o mesmo. Os animadores matinais são insuportáveis e a música é uma merda. Desde que a XFM se foi que mantenho alguma fidelidade à Antena 1. Gosto de ouvir as notícias, acho graça à descoberta do novo mundo por parte do meu filho, e acho injusto impôr os Sonic Youth ou os My Bloody Valentine, logo pela manhã, à minha senhora. O divórcio era uma possibilidade a considerar e a vida não está para isso.
Infelizmente nem tudo são rosas. No meio das notícias dos engarrafamentos na segunda circular, da leitura das capas dos jornais, das entrevistas aos empresários sobre a venda do Di Maria para o Real Madrid por 50 milhões de euros, dos chumbos do tribunal de contas, das escutas ao Armando Vara, e das epístolas do Bagão Félix, sobram sempre uns cinco minutinhos, ali por volta das 8h50, para o DJ de serviço mostrar que é um rapaz modernaço e dar música aos ouvintes.
Por norma, a essa hora já estou no escritório. Infelizmente, esta semana não fui tão rápido como devia. E apanhei com dois mísseis termonucleares em cima, numa situação deveras penosa que, eventualmente estará abrangida pela Convenção de Genebra. Por via das dúvidas, e a partir de hoje, vou passar a denunciar neste local todas as sevícias diárias causadas pelo programa matinal da Antena 1 aos seus fiéis ouvintes. Ingratos.
Terça-feira, 15 de Dezembro: I Don't Wanna Fight, Tina Turner (nível de danos morais causados, de 1 a 5, 5)
Quarta-Feira, 16 de Dezembro: Heaven, Brian Adams (danos de nível 5)
Por este andar, tudo aponta para amanhã levar com a versão do Downtown Train, do Rod Stewart...
Invariavelmente faço o trajecto a ouvir a Antena 1. Vários amigos tentam convencer-me a mudar para a TSF (demasiados spots publicitários), para as nacionais RFM ou Antena 3, ou para as locais Nova ou Nova Era, mas o problema é o mesmo. Os animadores matinais são insuportáveis e a música é uma merda. Desde que a XFM se foi que mantenho alguma fidelidade à Antena 1. Gosto de ouvir as notícias, acho graça à descoberta do novo mundo por parte do meu filho, e acho injusto impôr os Sonic Youth ou os My Bloody Valentine, logo pela manhã, à minha senhora. O divórcio era uma possibilidade a considerar e a vida não está para isso.
Infelizmente nem tudo são rosas. No meio das notícias dos engarrafamentos na segunda circular, da leitura das capas dos jornais, das entrevistas aos empresários sobre a venda do Di Maria para o Real Madrid por 50 milhões de euros, dos chumbos do tribunal de contas, das escutas ao Armando Vara, e das epístolas do Bagão Félix, sobram sempre uns cinco minutinhos, ali por volta das 8h50, para o DJ de serviço mostrar que é um rapaz modernaço e dar música aos ouvintes.
Por norma, a essa hora já estou no escritório. Infelizmente, esta semana não fui tão rápido como devia. E apanhei com dois mísseis termonucleares em cima, numa situação deveras penosa que, eventualmente estará abrangida pela Convenção de Genebra. Por via das dúvidas, e a partir de hoje, vou passar a denunciar neste local todas as sevícias diárias causadas pelo programa matinal da Antena 1 aos seus fiéis ouvintes. Ingratos.
Terça-feira, 15 de Dezembro: I Don't Wanna Fight, Tina Turner (nível de danos morais causados, de 1 a 5, 5)
Quarta-Feira, 16 de Dezembro: Heaven, Brian Adams (danos de nível 5)
Por este andar, tudo aponta para amanhã levar com a versão do Downtown Train, do Rod Stewart...
segunda-feira, 14 de dezembro de 2009
Força, força companheiro Vasco
Sob o título "É o PSD desnecessário?" o quase sempre excelente Vasco Pulido Valente tenta responder à pergunta, cuja única resposta é "obviamente". Afirma VPV,
"A ironia é que o PSD não se entende com o Portugal moderno ou "modernizado" que ele próprio, no "cavaquismo", criou. Um Portugal urbano (mesmo na província); um Portugal permissivo, indiferente à moral cristã; um Portugal a que o Estado-Providência vai garantindo uma vida obviamente mísera mas não desesperada; e, sobretudo, um Portugal dividido entre uma classe média com uma cultura de massa e sem definição exacta e uma subclasse amorfa, que não é reconhecível ou tratável pelas velhas categorias da teoria clássica (o campesinato, o proletariado e por aí fora)."
Ao longo de vários anos e muitas crónicas é notório o desprezo de Pulido Valente por Cavaco, apesar de nunca o afirmar abertamente. VPV é um saudosista de Sá Carneiro, esse D. Sebastião do centro-direita portuguesa, falecido há três décadas e cujo papel no Portugal do século XXI é tão relevante como o do Gato Félix. Aliás, este é um estranho ponto em comum entre VPV e Pedro Santana Lopes que usa e abusa da figura de Sá Carneiro para, de forma muito pouco subtil, se apresentar ao mundo como herdeiro do "pensamento" do fundador do PPD/PSD, como ele gosta de dizer.
E qual foi o "crime" de Cavaco aos olhos de VPV? Simplesmente o de ter esvaziado completamente o PSD de sentido ideológico, tornando-o num antro de tecnocratas e arrivistas da província sem qualquer sentido de Estado, umas figuras vazias que se mantiveram á sombra do chefe e que se retiraram para os tachos do costume, à primeira oportunidade. E sem a ideologia, usurpada pelo alinhamento do PS à direita sempre que se encontra no governo, e sem as referências da direita "moderna" (direita "moderna" no sentido do Don Camilo de Guareschi) esgrimidas sem qualquer pudor pelo CDS de Paulo Portas que, nas sua ânsia de chegar ao verdadeiro poder não tem pejo em defender posições queridas da extrema-direita europeia, o que resta ao PSD de VPV? A eterna saudade. Que repouse em paz.
"A ironia é que o PSD não se entende com o Portugal moderno ou "modernizado" que ele próprio, no "cavaquismo", criou. Um Portugal urbano (mesmo na província); um Portugal permissivo, indiferente à moral cristã; um Portugal a que o Estado-Providência vai garantindo uma vida obviamente mísera mas não desesperada; e, sobretudo, um Portugal dividido entre uma classe média com uma cultura de massa e sem definição exacta e uma subclasse amorfa, que não é reconhecível ou tratável pelas velhas categorias da teoria clássica (o campesinato, o proletariado e por aí fora)."
Ao longo de vários anos e muitas crónicas é notório o desprezo de Pulido Valente por Cavaco, apesar de nunca o afirmar abertamente. VPV é um saudosista de Sá Carneiro, esse D. Sebastião do centro-direita portuguesa, falecido há três décadas e cujo papel no Portugal do século XXI é tão relevante como o do Gato Félix. Aliás, este é um estranho ponto em comum entre VPV e Pedro Santana Lopes que usa e abusa da figura de Sá Carneiro para, de forma muito pouco subtil, se apresentar ao mundo como herdeiro do "pensamento" do fundador do PPD/PSD, como ele gosta de dizer.
E qual foi o "crime" de Cavaco aos olhos de VPV? Simplesmente o de ter esvaziado completamente o PSD de sentido ideológico, tornando-o num antro de tecnocratas e arrivistas da província sem qualquer sentido de Estado, umas figuras vazias que se mantiveram á sombra do chefe e que se retiraram para os tachos do costume, à primeira oportunidade. E sem a ideologia, usurpada pelo alinhamento do PS à direita sempre que se encontra no governo, e sem as referências da direita "moderna" (direita "moderna" no sentido do Don Camilo de Guareschi) esgrimidas sem qualquer pudor pelo CDS de Paulo Portas que, nas sua ânsia de chegar ao verdadeiro poder não tem pejo em defender posições queridas da extrema-direita europeia, o que resta ao PSD de VPV? A eterna saudade. Que repouse em paz.
Balanço 2009 - Séries do ano
Dexter, 2ª temporada
O Protector, 6ª temporada
A Escuta, 5ª temporada
Erva, 3ª temporada
Desilusão do ano:
Nip/Tuck, 5ª temporada
O que escrevi sobre os filmes do ano, aplica-se direitinho às séries do ano. Sou um preguiçoso...
Balanço 2009 - Filmes do ano
Milk, de Gus Van Zandt (2008)
Os Diários de Che Guevara, de Walter Salles (2004)
Obviamente que os filmes não são deste ano. Mas com a frequência com que tenho ido ao cinema, dificilmente poderiam ser. Ficamo-nos pelos melhores filmes que vi em 2009, e já não é mau.
domingo, 13 de dezembro de 2009
sábado, 12 de dezembro de 2009
sexta-feira, 11 de dezembro de 2009
Balanço 2009 - Discos
Andrew Bird - Noble Beast
Animal Collective - Merriweather Post Pavilion
David Sylvian - Manafon
Dirty Projectors, The - Bitte Orca
Felice Brothers, The - Yonder is the Clock
Horrors, The - Primary Colours
Wild Beasts - Two Dancers
XX, The - XX
Animal Collective - Merriweather Post Pavilion
David Sylvian - Manafon
Dirty Projectors, The - Bitte Orca
Felice Brothers, The - Yonder is the Clock
Horrors, The - Primary Colours
Wild Beasts - Two Dancers
XX, The - XX
Balanço 2009 - Má Ideia do Ano
Amália Hoje e Rua da Saudade - O futuro (e o presente) da pop portuguesa não passa, seguramente, pelo revivalismo do Portugal do faduncho e do postalinho do Chiado. Pode ser muito engraçado para os saudosistas, mas quem já viveu o pesadelo das cantorias das Simones de Oliveiras deste mundo quando criança, não esquece mais o pesadelo. Dois monstros de Frankenstein da música moderna portuguesa.
Balanço 2009 - Concertos
Casa da Música:
The Fall (17 de Janeiro)
Kid Congo Powers & The Pink Monkey Birds (2 de Maio)
Coliseu do Porto:
Três Cantos (31 de Outubro)
The Fall (17 de Janeiro)
Kid Congo Powers & The Pink Monkey Birds (2 de Maio)
Coliseu do Porto:
Três Cantos (31 de Outubro)
quinta-feira, 10 de dezembro de 2009
Maria João Seixas na Cinemateca Nacional
Parece que a nomeação de Maria João Seixas para directora da Cinemateca Nacional e sucessora de João Bénard da Costa foi recebida com alguma desconfiança pela rapaziada do costume. Quem não gosta crítica a proximidade ao PS, quem gosta gaba-lhe a competência. Vasco Pulido Valente diz que vem aí o apocalipse.
(Patricia's Moving Picture, The Go! Team)
E as bengaladas?
Isto não se presta a muitos comentários, mas vamos lá fazer um esforço:
1. A cara da senhora atrás da Zézinha Nogueira Pinto no momento em que a palavra "palhaço" é dita pela primeira vez.
2. A confissão de Zézinha que afirma ser a primeira vez na vida política que chama "palhaço" a alguém. Há tantos anos em tão árduo trabalho e só agora é que caiu na realidade. Ainda por cima quando já experimentou diversos lados da barricada. Lamentável.
3. A acusação de Ricardo Gonçalves a Zézinha, afirmando que ela se "vende por qualquer preço". Foi um bocadinho rebuscado mas já vi chamarem "meretriz" a outrém com um bocadinho mais de panache.
4. A triste intervenção do representante do Bloco. Para dizer aquelas banalidades, mais valia terem lá colocado o Avô Cantigas.
(Worst Bastard, Micachu & The Shapes)
segunda-feira, 7 de dezembro de 2009
Bananas
Segundo o Público de hoje "o presidente do governo da Madeira está a pressionar a direcção nacional do PSD para fazer depender a aprovação do orçamento rectificativo da autorização a dar pelo Governo da República a um empréstimo de 129 milhões de euros que a região pretende contrair."
Para Jardim não é importante se o orçamento rectificativo é bom ou mau para o país e para a generalidade dos portugueses. Nem lhe interessa saber se a estratégia de oposição da direcção do PSD passa pela aprovação ou rejeição do dito orçamento. Jardim está-se nas tintas para a continuidade das políticas do governo chefiado pelo primeiro-ministro que ele próprio classificou de incompetente. Desde que lhe caia a esmolazinha do costume para poder continuar a regar o seu bananal privado. E com a facturazinha a ser paga pelos cubanos, obviamente.
(The Great Rock 'n' Roll Swindle, The Sex Pistols)
Para Jardim não é importante se o orçamento rectificativo é bom ou mau para o país e para a generalidade dos portugueses. Nem lhe interessa saber se a estratégia de oposição da direcção do PSD passa pela aprovação ou rejeição do dito orçamento. Jardim está-se nas tintas para a continuidade das políticas do governo chefiado pelo primeiro-ministro que ele próprio classificou de incompetente. Desde que lhe caia a esmolazinha do costume para poder continuar a regar o seu bananal privado. E com a facturazinha a ser paga pelos cubanos, obviamente.
(The Great Rock 'n' Roll Swindle, The Sex Pistols)
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O PSD, sempre o PSD...
Quando parecia que a quota de insanidade semanal do PSD tinha sido ultrapassada em grande estilo pelas afirmações surrealistas de Manuela Ferreira Leite sobre o primeiro-ministro, dizendo que este se encontra sob suspeita, uma vez que o povo português não conhece o «conteúdo das escutas» das conversas entre José Sócrates e Armando Vara no processo Face Oculta, desbaratando de uma só assentada várias leis da República e chutando para canto a lei do bom senso, eis que da direita baixa surge mais um ataque ao governo Sócrates sob a forma de suspeição, essa arma de arremesso em que o PSD se tornou especialista nos últimos anos.
Numa altura em que Portugal necessitava de uma oposição forte, com propostas concretas para os graves problemas que o país enfrenta, eis que o PSD se lembra de ir desenterrar uma comissão de inquérito à Fundação das Comunicações Móveis com o intuito de denegrir uma das principais bandeiras eleitorais de José Sócrates. Como falta de timing não podia ser pior. As eleições já passaram há muito e o impacto causado pelas eventuais conclusões desta comissão será completamente abafado em função dos putativos benefícios usufruídos pelas criancinhas e pelos seus babados paizinhos. Cobrir-se de ridículo à custa do dinheiro dos contribuintes não deveria ser um dos atributos dos deputados da Nação. Se existem indícios que algo foi feito à margem da lei, entregue-se o caso ao Ministério Público. E proceda-se em conformidade.
Obviamente que o PSD está à espera, ao mandar esta carta para a mesa, de replicar o efeito da comissão de inquérito à Fundação Prevenção e Segurança, em 2001, ao tempo da governação de António Guterres, e que levou à demissão de... Armando Vara. Mas das duas, uma: ou o PSD mostra de uma vez por todas os trunfos que tem na manga e deixa-se das insinuações costumeiras, ou as intervenções dos membros da dita comissão arriscam-se a parecer excertos de episódios dos Ficheiros Secretos.
(Liars A to E, Dexys Midnight Runners)
Numa altura em que Portugal necessitava de uma oposição forte, com propostas concretas para os graves problemas que o país enfrenta, eis que o PSD se lembra de ir desenterrar uma comissão de inquérito à Fundação das Comunicações Móveis com o intuito de denegrir uma das principais bandeiras eleitorais de José Sócrates. Como falta de timing não podia ser pior. As eleições já passaram há muito e o impacto causado pelas eventuais conclusões desta comissão será completamente abafado em função dos putativos benefícios usufruídos pelas criancinhas e pelos seus babados paizinhos. Cobrir-se de ridículo à custa do dinheiro dos contribuintes não deveria ser um dos atributos dos deputados da Nação. Se existem indícios que algo foi feito à margem da lei, entregue-se o caso ao Ministério Público. E proceda-se em conformidade.
Obviamente que o PSD está à espera, ao mandar esta carta para a mesa, de replicar o efeito da comissão de inquérito à Fundação Prevenção e Segurança, em 2001, ao tempo da governação de António Guterres, e que levou à demissão de... Armando Vara. Mas das duas, uma: ou o PSD mostra de uma vez por todas os trunfos que tem na manga e deixa-se das insinuações costumeiras, ou as intervenções dos membros da dita comissão arriscam-se a parecer excertos de episódios dos Ficheiros Secretos.
(Liars A to E, Dexys Midnight Runners)
A regionalização em versão milagreira
Andamos nós aqui a esgrimir argumentos sobre o assunto e, de repente, eis que a Santa Sé anuncia a passagem da Karel Voitila World Domination Tour 2010 pelo Porto, além de Fátima e Lisboa, pois claro. Uau. Não caibo em mim de contente. Aleluia.
(God Watch Over You, Prefab Sprout)
(God Watch Over You, Prefab Sprout)
Gingóbél
O Natal está à porta e já paira no ar a angústia da escolha das prendas. Mas o Dupont, qual genérico de alaprozam, tem uma solução catita.
O Parque Biológico de Gaia está a solicitar colaboração para a aquisição de 23 ha de área florestal junto aos espaço que já ocupa, no âmbito do projecto Sequestro do Carbono. Cada metro quadrado de floresta plantada absorve 4kg de CO2 por ano. Parecendo que não, ajuda.
A cada contributo, o Parque Biológico atribui um diploma personalizado - é uma prenda muito mais supimpa que meias, cachecóis, ou garrafas de Licor Beirão.
Mais informações pelo 227 878 120 ou em carbono@parquebiologico.pt.
Regulamento disponível aqui.
Vá lá, é por uma boa causa e não tem que andar às voltas para estacionar o carro ou permanecer horas em filas intermináveis para os embrulhos.
domingo, 6 de dezembro de 2009
Chico Fininho
Nunca percebi bem o interesse público da pergunta, mas sempre que aparece alguém candidato a um determinado cargo de destaque político, o jornalista, mais cedo ou mais tarde, atira com a dita para cima da mesa:
"Já fumou droga?"
Não me passa pela cabeça porque motivo o cidadão comum tenha interesse em saber se Pedro Passos Coelho fumou ou não droga. Ainda por cima a questão foi levantada na sequência de uma entrevista relacionada com a candidatura de PPC a líder do PSD, e não numa qualquer campanha de penalização/despenalização do consumo. O candidato deu a sua resposta e o entrevistador continuou a sua tarefa com questões que nada tinham a ver com o tema. A modos como se alguém lhe tivesse colocado um papelinho no bolso para quando tivesse uma branca ou falta de assunto.
Não fiquei particularmente espantado visto este tipo de entrevistas acabarem por ser uma mini-biografia do entrevistado, com uma ou duas frases avulsas que permitam distinguir o "pensamento" do próprio no meio da carneirada. Até aqui tudo bem. O busílis está na resposta, verdadeiro momento zen do candidato, uma autêntica epifânia. Num espectacular passe de mágica PPC mascarou-se de Bill Clinton português. Não, não é isso que estão a pensar.
Mostrando um enorme engenho e muito pouca angústia no momento do penalty, PPC revelou ao mundo que sim, é verdade, já tinha fumado haxixe. Não revela se, ao contrário de Bill Clinton, inalou. Mas revela, numa total candura, que não sabia o que estava a fumar, e só o veio a saber alguns dias mais tarde.
É bonito. E ao mesmo tempo um pouco inquietante. Significa que temos um potencial candidato a candidato a primeiro-ministro que fuma, sem questionar, a primeira merda que lhe põem à frente.
Caro PPC, eu conheço uma pessoa que tomou pílulas anti-concepcionais pensando que estava a tomar speeds. E, de seguida, agiu em conformidade. Trinta anos depois ainda é tema de gozo. Sugiro que, subtilmente, tente perceber quais foram os seus amigos que leram a sua entrevista de hoje.
(The Drugs Don't Work, The Verve)
"Já fumou droga?"
Não me passa pela cabeça porque motivo o cidadão comum tenha interesse em saber se Pedro Passos Coelho fumou ou não droga. Ainda por cima a questão foi levantada na sequência de uma entrevista relacionada com a candidatura de PPC a líder do PSD, e não numa qualquer campanha de penalização/despenalização do consumo. O candidato deu a sua resposta e o entrevistador continuou a sua tarefa com questões que nada tinham a ver com o tema. A modos como se alguém lhe tivesse colocado um papelinho no bolso para quando tivesse uma branca ou falta de assunto.
Não fiquei particularmente espantado visto este tipo de entrevistas acabarem por ser uma mini-biografia do entrevistado, com uma ou duas frases avulsas que permitam distinguir o "pensamento" do próprio no meio da carneirada. Até aqui tudo bem. O busílis está na resposta, verdadeiro momento zen do candidato, uma autêntica epifânia. Num espectacular passe de mágica PPC mascarou-se de Bill Clinton português. Não, não é isso que estão a pensar.
Mostrando um enorme engenho e muito pouca angústia no momento do penalty, PPC revelou ao mundo que sim, é verdade, já tinha fumado haxixe. Não revela se, ao contrário de Bill Clinton, inalou. Mas revela, numa total candura, que não sabia o que estava a fumar, e só o veio a saber alguns dias mais tarde.
É bonito. E ao mesmo tempo um pouco inquietante. Significa que temos um potencial candidato a candidato a primeiro-ministro que fuma, sem questionar, a primeira merda que lhe põem à frente.
Caro PPC, eu conheço uma pessoa que tomou pílulas anti-concepcionais pensando que estava a tomar speeds. E, de seguida, agiu em conformidade. Trinta anos depois ainda é tema de gozo. Sugiro que, subtilmente, tente perceber quais foram os seus amigos que leram a sua entrevista de hoje.
(The Drugs Don't Work, The Verve)
Em Portugal Tudo É Porto-Benfica #2
Nem de propósito: excelente a reportagem de ontem no Público sobre a extinta linha do Sabor, uma via única lavrada através de paisagens soberbas e que agora apenas subsiste na memória dos velhos e na vergonha dos governos, que preferem ser electrónicos a genuínos.
A não perder a excelente foto-reportagem de Paulo Pimenta em
sábado, 5 de dezembro de 2009
Correio dos Leitores, Seguido de o D&D Errou
Ao Estimado (e quase de certeza único) Leitor MiM:
Boa tarde e obrigado pelo comentário.
O Algarve encaixa perfeitamente no ponto que a minha posta pretende expressar: o litoral tem tudo e o interior do Algarve tem nada - a não ser o acesso ao litoral.
Por outro lado, é bem verdade o que afirma: o Algarve é talvez a, a par das ilhas, uma das regiões naturais do país - o título régio português sempre a distinguiu como tal. Mas não foi por isso que não o mencionei: o que aconteceu é que pura e simplesmente ficou no tinteiro. Eu escrevo ao correr do teclado e nunca revejo o texto por pura preguiça. Mas posso afiançar, com testemunhas, que na discussão mencionada no início do texto, dei o exemplo do Algarve nos termos que agora enuncio: uma região, dois mundos distintos (interior e litoral).
Já a inclusão do Bota foi um êrro motivado pelo preconceito: é bem verdade que eu embirro com o homem por causa das pimbalhices. Mas quem eu tinha em mente aos escrever a dita posta era o Macário Correia, o homem que acha que beijar uma senhora que fuma e lamber um cinzeiro é a mesma coisa - eu já experimentei ambas e não concordo minimamente com isso.
No texto, o homem aparece muito mal acompanhado e isso não deve ser visto como uma qualquer referência implícita à honestidade do senhor. No contexto, o que pretendia era apontar o exemplo do oportunismo: no caso, o salto de Tavira para Faro. Deduzo que a CM de Faro proporcione mais exposição sendo, quem sabe?, a rampa de lançamento para outros voos? Em todo o caso, não diz muito sobre a fidelidade e empatia com os governados. A menos que o homem tenha achado que já nada mais havia para fazer em Tavira. Nesse caso, Deus o fulminará pelo pecado de presunção e então já nada mais terei a acrescentar.
Aqui no Porto tivemos um assim, que começou em Vila do Conde, passou pelo Porto e ganhou um lugar no Governo. Como é sabido a coisa correu-lhe mal e quando quis voltar a um porto seguro levou uma coça do Rui Rio. De castigo foi para administrador da Petrogal. É muito bem feito, que é para aprender!
Escreva sempre, é muito bem-vindo.
Cordialmente,
Dupont
Aqui Há Robalo
De Godinho, soube-se agora, Vara recebeu uma caixa de robalos e um equipamento para o filho.
Já antevejo os artigos da imprensa dos próximos dias: de que tamanho eram os percídeos, quantos eram? Já vinham escalados? E de que equipamento falamos para o filho: do Benfica? De mergulho submarino? De escutas?
Entrevistas, comentários, previsões e a opinião dos especialistas, com relevo para uma entrevista a Durão Barroso: "O caso dos robalos visto pelo cherne".
História de Portugal
O meu amigo Dupond pediu-me, para o sapatinho, uma boa História de Portugal recente, incluindo já o Estado Novo e a Revolução dos Cravos. Presumo que se referia à que agora saíu da autoria de Rui Ramos. E, porque foi um bom menino, vai tê-la.
Mas fiquei a pensar no assunto. Das HP escritas no século XX ocorrem-me as do Oliveira Marques, Fernando Rosas, José Mattoso, Fortunato de Almeida, Veríssimo Serrão, Damião Peres, Joel Serrão, Hermano Saraiva e uma "A History of Portugal" escrita por um tipo de apelido Disney, o que é inquietante.
Toda a história, qualquer que seja, é apenas uma versão dos acontecimentos. Por isso um mesmo evento é relatado de forma distinta, quando não antagónica, pelos protagonistas: nunca tive oportunidade de ler a versão espanhola da Batalha de Aljubarrota, ou da Restauração de 1640. Mas gostava muito.
Também a nível interno a coisa está sempre sujeita aos preconceitos de quem a escreve: a do Rosas é marcadamente marxista, as do Saraiva e do Veríssimo Serrão (e, vá lá, a do Damião Peres) mais tradicionalmente reaccionárias. Do Mattoso dizem-me que não é carne nem peixe.
Por isso, caro Dupond, não basta pedir uma História de Portugal: é preciso que me digas como a queres, tal como aos bifes - bem ou mal passada?
Em Portugal Tudo É Porto-Benfica #1
Ontem almoçava um charmoso linguado num restaurante do Parque das Nações na companhia de um inglês, um espanhol e alguns portugueses locais - eu era o único tripeiro da mesa. E não, isto não é o início de uma daquelas anedotas do tipo "Bocage" - tão populares nos anos 70.
Invariavelmente a conversa passou pelo futebol, acabando nos temas fracturantes da regionalização que, na perspectiva dos naturais da capital, radicam sempre na dôr-de-corno provinciana dos portuenses (e faço aqui notar, mais uma vez, que alguns - bastantes - lisboetas chamam aos naturais do Porto "portistas" o que não deixa de ser sintomático de como qualquer discussão norte/sul fica automaticamente comprometida já pelo preconceito, já pela ignorância). Falou-se de ópera, das corridas da Red Bull, do novo aeroporto e da nova ponte. E das auto-estradas. E da Expo 98, das finais de futebol sejam da Taça sejam de campeonatos internacionais, do Rock in Rio, etc., etc.
O rol dos argumentos do costume não faltou: o número de habitantes, a capital, as oportunidades de negócio, o provincianismo, o Pinto da Costa, a choraminguice nortenha e o resto do arsenal habitual.
A mim, que sou 2/3 transmontano e 1/3 portuense (mas 100% portista), a discussão deprime-me. Mas não pude deixar de alinhavar algumas constatações:
- o que é, nos dias que correm, ser lisboeta ou portuense? Alfacinhas de gema ou tripeiros dos sete costados não deverão ser muitos. Na grande maioria trata-se de gente de fora que demandou as cidades maiores em busca de novas e melhores oportunidades. São transmontanos, beirões, alentejanos, madeirenses. Mas, como todos os convertidos, depressa se tornam os mais ferozes defensores da ortodoxia do local. Invocar o bairrismo, nestas discussões, é absurdo. É como o Liedson falar de 1640 para moralizar a selecção contra os espanhóis.
- A todos os que participam nessas discussões sobre onde deve a corrida de aviões ficar, ou os concertos do Parque Eduardo VII, ou do Cohen, convido a que vão viver uns anos para Castelo Branco, ou Bragança, ou na Guarda. Verão que a coisa toma outros matizes de cinzento.
- A questão do número de habitantes não pode ser argumento nem causa: é pelo contrário consequência das políticas erradas da distribuição das oportunidades (ou seja, dinheiro). Lisboa tem muitos habitantes porque quem quiser ter acesso tem de lá estar. O Porto, que vai tendo cada vez menos, vai mesmo assim congregando a rapaziada minhota e transmontana que não quer ficar a ver passar a vida como os seus avoengos, atrás de uma charrua. No que a Lisboa diz respeito é ainda pior, porque mesmo os do Porto sentem necessidade de para lá ir, se quiserem singrar. É por isso um argumento "pescadinha-de-rabo-na-boca": tudo se passa em Lisboa, que tem mais mercado porque tudo se passa em Lisboa.
- Porto e Lisboa não se conhecem. Há de facto várias diferenças culturais entre Lisboa e Porto, como também as há - e provavelmente maiores - entre transmontanos e algarvios, entre madeirenses e beirões, entre João Jardim e os humanos. Mas isso não torna nenhuns melhores do que os outros. Se todos fossem iguais seria uma sensaboria. O problema dos desequilíbrios entre Lisboa e o resto do país não é culpa de Lisboa: é culpa dos políticos, a maior parte deles de fora de Lisboa. O facto de residirem em Lisboa enquanto governo também não é culpa de Lisboa. Nem, neste caso específico e excepcional, de Santana Lopes, que os queria espalhados pelos sete ventos. Por outro lado, o Porto e o resto do país não têm culpa de que só possa haver uma capital.
- Em Lisboa constrói-se uma auto-estrada para evitar que se demore uma hora a chegar a casa ou ao trabalho, aliviando a vida das pessoas. No distrito de Bragança não há um quilómetro de auto-estrada e ninguém se importa que alguém possa levar mais de uma hora para chegar a um hospital, que as crianças demorem mais de uma hora para chegar a uma escola que fica a 40 quilómetros de distância da sua casa - e que por isso tenham que levantar-se com o galo. As grávidas têm que percorrer dezenas de quilómetros para parir porque não há, na terra delas, massa crítica para manter uma maternidade ou uma urgência abertas. Em Lisboa, no Porto, se uma escola fecha e as crianças têm que andar mais meia dúzia de quarteirões é o caos e o horror. Tendo massa crítica manifestam-se e as televisões interessam-se pelo assunto.
Resolveria a regionalização este estado coisas? Eu diria que sim. Mas depois olho para os deputados do queijo, os Jardins, os Macários, os Loureiros, as Felgueiras e restante pandilha e fico pensativo. Significa isso que tudo fique como está? Claro que não. Afinal, não há só Porto e Benfica.
Governo Electrónico
Foi o anúncio-bomba da semana: dito por Sócrates, Portugal é, entre os 27 da UE, o PRIMEIRO em "Governo electrónico". Nas filas do IEFP ouviu-se um sonoro e festivo: "Hurrah!". E desataram a correr para casa a ligar os Magalhães e a ligar-se ao portal do governo para os encher de nomes feios e vírus.
sexta-feira, 4 de dezembro de 2009
A solução ao alcance da mão
"Ainda ninguém provou o produto, mas daqui a cinco anos poderá estar à venda nos supermercados carne artificial. Ou seja: carne criada em laboratório, não proveniente de nenhum animal morto. Os defensores dos direitos dos animais já vieram saudar os resultados da investigação. Resta saber se a carne é saborosa." (in Público de hoje)
E se não for...
(Ok! Do You Want Something Simple?, The Gift)
E se não for...
(Ok! Do You Want Something Simple?, The Gift)
quinta-feira, 3 de dezembro de 2009
Eu, regionalista e primário, me confesso
O Jornal Público trazia hoje à estampa a seguinte notícia sobre a polémica à volta da mudança da Red Bull Air Race do Porto para Lisboa:
"Segundo uma fonte ligada ao processo de negociação com a Câmara de Lisboa, o modo "regionalista e primário" como as instituições do Porto estão a reagir à transferência da prova para Lisboa, incluindo o apelo ao boicote dos patrocinadores, poderá levar a empresa austríaca a desistir de realizar a prova em Portugal."
"Parece que, no Norte, as pessoas preferem ver a prova em Espanha do que em Lisboa", lamentou aquela fonte, de acordo com a qual a transferência da corrida aérea para a capital não implica qualquer acréscimo da comparticipação do Estado."
Ao longo do artigo são ainda acrescentadas algumas declarações de patrocinadores, e associações ligadas à hotelaria, turismo e comércio lamentando a mudança e a polémica, e até o habitualmente ponderado Rui Moreira mete a sua colherada considerando que a polémica gerada pode levar as empresas patrocinadoras a abandonarem a prova. "E aí nem vêm para Lisboa nem para o Porto. Vai-se acabar por estragar isto tudo e não faltam cidades na Europa interessadas", alertou Moreira, que exortou o Turismo de Portugal a prestar esclarecimentos sobre o caso. "Os patrocinadores são livres de fazerem o que entenderem, mas o que me interessa mais é a questão dos dinheiros públicos", disse.
Vamos por partes. Como consumidor declaro desde já que não sou parte interessada. Nunca bebi Red Bull e não tenho o mínimo interesse em corridas motorizadas sobre a terra, sobre o mar ou pelo ar. Logo, é-me completamente indiferente que a famosa Red Bull Air Race se dispute no Porto, Faro, Baixa da Banheira ou Vladivostoque. Do que não gosto é que me tomem por estúpido. É uma coisa que me chateia, como diria o Almirante Pinheiro de Azevedo.
Não sei qual é a fonte ligada ao processo de negociação com a Câmara de Lisboa, que serviu de base ao artigo em causa, mas ao lamentar a preferência das pessoas do Norte por Espanha, apenas demonstra a forma provinciana e serôdia como Lisboa olha para o resto do país.
É óbvio que as pessoas do Norte preferem ver a prova em Espanha que em Lisboa. Porquê? Porque é mais perto ir a Vigo que ao estuário do Tejo. Obviamente que se for em Barcelona a conversa será outra. É muito vulgar ouvir, em debates televisivos, os inteligentes da capital argumentarem com o tamanho do país para contrariarem a descentralização de serviços ou pretensões regionalistas de outras zonas geográficas. Façamos um pequeno desenho.
No dia 19 de Julho de 2008 fui com a minha senhora ver o Leonard Cohen a Lisboa. Em primeiro lugar tive de arranjar quem ficasse com o meu filho de 7 anos durante 2 dias. Depois paguei € 35,00 por bilhete, mais 2 bilhetes para o Alfa (em 2ª classe), mais o jantarzito. Por sorte e por gentileza de um bom amigo não tive de gastar dinheiro num quarto, senão a coisa era um bocado pior.
O meu amigo, portuense exilado em Lisboa em virtude das oportunidades de trabalho (outro assunto que nos levaria longe), deixou a filha em casa de uma irmã, durante 3 horitas, saiu para o concerto com meia hora de antecedência, e apenas gastou uns cobres num jantar para disfrutar da nossa boa companhia por mais algum tempo. Ou seja, para ver um concerto de 2 horas e meia, o meu amigo gastou quatro horas do seu tempo, eu gastei um dia inteiro. Fora o resto.
Este ano, o senhor Leonard Cohen voltou. E muito eu gostaria de o rever. Mas não pode ser porque as coisas estão apertadas e mais uma ida à bela Lisboa ficaria fora de orçamento. Dirão vocês, és um pelintra e só dás exemplos de coisas perfeitamente dispensáveis. Digo eu, é verdade, mas há muita gente ainda mais pelintra do que eu e que tem de fazer deslocações a Lisboa mais amiúde por assuntos bem mais importantes. E inadiáveis. E não têm alternativa.
Defender a concentração de serviços, espectáculos, actividades culturais, ou caça aos gambuzinos em Lisboa, é prestar um mau serviço ao país e tratar o resto dos portugueses como cidadãos de segunda. E podem argumentar falaciosamente com a soberana vontade dos promotores. O problema é que desde os tempso áureos do consulado do dr. Cavaco em meados dos anos 80, que esta visão microcéfala do país tem vindo a ser imposta a quem tem o azar de viver longe da capital. Mas não muito longe. Todos sabemos que, para quem faz pela vidinha á volta do Terreiro do Paço, as distâncias a percorrer pelos seus compatriotas são sempre muito pequeninas.
É uma chatice. Para quem mora longe da capital, quero eu dizer.
(Aeroplane, Red Hot Chili Peppers)
"Segundo uma fonte ligada ao processo de negociação com a Câmara de Lisboa, o modo "regionalista e primário" como as instituições do Porto estão a reagir à transferência da prova para Lisboa, incluindo o apelo ao boicote dos patrocinadores, poderá levar a empresa austríaca a desistir de realizar a prova em Portugal."
"Parece que, no Norte, as pessoas preferem ver a prova em Espanha do que em Lisboa", lamentou aquela fonte, de acordo com a qual a transferência da corrida aérea para a capital não implica qualquer acréscimo da comparticipação do Estado."
Ao longo do artigo são ainda acrescentadas algumas declarações de patrocinadores, e associações ligadas à hotelaria, turismo e comércio lamentando a mudança e a polémica, e até o habitualmente ponderado Rui Moreira mete a sua colherada considerando que a polémica gerada pode levar as empresas patrocinadoras a abandonarem a prova. "E aí nem vêm para Lisboa nem para o Porto. Vai-se acabar por estragar isto tudo e não faltam cidades na Europa interessadas", alertou Moreira, que exortou o Turismo de Portugal a prestar esclarecimentos sobre o caso. "Os patrocinadores são livres de fazerem o que entenderem, mas o que me interessa mais é a questão dos dinheiros públicos", disse.
Vamos por partes. Como consumidor declaro desde já que não sou parte interessada. Nunca bebi Red Bull e não tenho o mínimo interesse em corridas motorizadas sobre a terra, sobre o mar ou pelo ar. Logo, é-me completamente indiferente que a famosa Red Bull Air Race se dispute no Porto, Faro, Baixa da Banheira ou Vladivostoque. Do que não gosto é que me tomem por estúpido. É uma coisa que me chateia, como diria o Almirante Pinheiro de Azevedo.
Não sei qual é a fonte ligada ao processo de negociação com a Câmara de Lisboa, que serviu de base ao artigo em causa, mas ao lamentar a preferência das pessoas do Norte por Espanha, apenas demonstra a forma provinciana e serôdia como Lisboa olha para o resto do país.
É óbvio que as pessoas do Norte preferem ver a prova em Espanha que em Lisboa. Porquê? Porque é mais perto ir a Vigo que ao estuário do Tejo. Obviamente que se for em Barcelona a conversa será outra. É muito vulgar ouvir, em debates televisivos, os inteligentes da capital argumentarem com o tamanho do país para contrariarem a descentralização de serviços ou pretensões regionalistas de outras zonas geográficas. Façamos um pequeno desenho.
No dia 19 de Julho de 2008 fui com a minha senhora ver o Leonard Cohen a Lisboa. Em primeiro lugar tive de arranjar quem ficasse com o meu filho de 7 anos durante 2 dias. Depois paguei € 35,00 por bilhete, mais 2 bilhetes para o Alfa (em 2ª classe), mais o jantarzito. Por sorte e por gentileza de um bom amigo não tive de gastar dinheiro num quarto, senão a coisa era um bocado pior.
O meu amigo, portuense exilado em Lisboa em virtude das oportunidades de trabalho (outro assunto que nos levaria longe), deixou a filha em casa de uma irmã, durante 3 horitas, saiu para o concerto com meia hora de antecedência, e apenas gastou uns cobres num jantar para disfrutar da nossa boa companhia por mais algum tempo. Ou seja, para ver um concerto de 2 horas e meia, o meu amigo gastou quatro horas do seu tempo, eu gastei um dia inteiro. Fora o resto.
Este ano, o senhor Leonard Cohen voltou. E muito eu gostaria de o rever. Mas não pode ser porque as coisas estão apertadas e mais uma ida à bela Lisboa ficaria fora de orçamento. Dirão vocês, és um pelintra e só dás exemplos de coisas perfeitamente dispensáveis. Digo eu, é verdade, mas há muita gente ainda mais pelintra do que eu e que tem de fazer deslocações a Lisboa mais amiúde por assuntos bem mais importantes. E inadiáveis. E não têm alternativa.
Defender a concentração de serviços, espectáculos, actividades culturais, ou caça aos gambuzinos em Lisboa, é prestar um mau serviço ao país e tratar o resto dos portugueses como cidadãos de segunda. E podem argumentar falaciosamente com a soberana vontade dos promotores. O problema é que desde os tempso áureos do consulado do dr. Cavaco em meados dos anos 80, que esta visão microcéfala do país tem vindo a ser imposta a quem tem o azar de viver longe da capital. Mas não muito longe. Todos sabemos que, para quem faz pela vidinha á volta do Terreiro do Paço, as distâncias a percorrer pelos seus compatriotas são sempre muito pequeninas.
É uma chatice. Para quem mora longe da capital, quero eu dizer.
(Aeroplane, Red Hot Chili Peppers)
quarta-feira, 2 de dezembro de 2009
segunda-feira, 30 de novembro de 2009
sábado, 28 de novembro de 2009
sexta-feira, 27 de novembro de 2009
O Sentido da Vida em Alta Fidelidade, parte 2
"Rob, top five musical crimes perpetuated by Stevie Wonder in the '80s and '90s. Go. Sub-question: is it in fact unfair to criticize a formerly great artist for his latter day sins, is it better to burn out or fade away?"
(continua)
O Trotsky do PSD
A propósito da prisão do dirigente skinhead Mário Machado, afirma o monumental Pacheco Pereira no seu Abrupto:
"temos um interessante critério político na "pressa" em evitar a saída de alguns presos preventivos. Alguém, pressuroso, informou os órgãos de comunicação social que o país pode estar calmo: saíram ou vão sair acusados de assassinatos, violações, etc., mas não será libertado Mário Machado, o dirigente dos skinheads, que é acusado de incitar ao ódio racial, algo que em países genuinamente liberais não é crime, nem sequer delito de opinião. Tudo na longa manutenção de prisão preventiva de Mário Machado é estranho e aponta para razões puramente políticas, o que é inadmissível numa democracia."
Confesso que acho Pacheco Pereira um personagem previsível e aborrecido. A sua estratégia de identificar o lado politicamente correcto de qualquer tema sobre o qual se debruça e, em consequência disso, colocar-se do outro lado da barricada, há muito se tornou óbvio e cansativo.
E como é habitual em muitos opinion makers que debitam palavras ao quilo sobre todo e qualquer assunto, por vezes escorregam na sua própria verborreia e espalham-se completamente. No caso vertente, caso escrevesse pior e não soubesse falar português, poderia dizer-se que Pacheco Pereira está para o comentário político como Rui Santos para o comentário futebolístico.
Apesar de todos os disparates acumulados nos últimos anos, confesso que não estava à espera da prosa acima transcrita sobre a prisão do skinhead Mário Machado. É possível que mais uma vez Pacheco Pereira tenha abordado o problema de forma Coca Cola light. Na sua forma, já lendária, de dar o devido enquadramento histórico e social aos temas tão profundos é possível que Pacheco Pereira pense que um skinhead dos nossos tempos ainda se encaixa na definição de skinhead da década de 50. É possível, mas se assim é, está errado. O skinhead Mário Machado e toda a sua pandilha são descendentes directos do movimento skinhead que acordou de forma ruidosa e brutal, colado aos fascistas da National Front durante o consulado da sua querida Margaret Thatcher.
Depois vem o disparate. Afirma Pereira que Mário Machado "é acusado de incitar ao ódio racial, algo que em países genuinamente liberais não é crime, nem sequer delito de opinião". Não sei a que países Pereira se refere, mas eu também conheço democracias em que incitar ao ódio racial é crime, e não compreendo o que faz essas democracias "inferiores" às democracias que Pereira conhece. Quando não há razão para a razão, nada melhor que recorrer aos generalismos do costume.
E depois há uma pequena comichãozita no meio disto tudo. É que Machado foi preso na sequência de, num fantástico momento de televisão, andar a exibir armas de guerra, que um cidadão comum não pode ter em sua posse (é a lei, Pacheco... é uma chatice...), e a abaná-las como se fosse um espanador do pó em frente do nariz da repórter da TV.
E porque carga de água se deve considerar Machado um preso político? Que ideias políticas é que se lhe conhece? Que impacto tem a actividade política do seu grupo de merry men na sociedade portuguesa? O que é que lhe saiu pela boca fora que terá feito tremer os alicerces da democracia portuguesa? Se calhar ainda vamos ver Pacheco Pereira a afirmar que Mário Machado é o Nelson Mandela português.
Se calhar o exemplo não foi o mais feliz...
(Take The Skinheads Bowling, Camper Van Beethoven)
"temos um interessante critério político na "pressa" em evitar a saída de alguns presos preventivos. Alguém, pressuroso, informou os órgãos de comunicação social que o país pode estar calmo: saíram ou vão sair acusados de assassinatos, violações, etc., mas não será libertado Mário Machado, o dirigente dos skinheads, que é acusado de incitar ao ódio racial, algo que em países genuinamente liberais não é crime, nem sequer delito de opinião. Tudo na longa manutenção de prisão preventiva de Mário Machado é estranho e aponta para razões puramente políticas, o que é inadmissível numa democracia."
Confesso que acho Pacheco Pereira um personagem previsível e aborrecido. A sua estratégia de identificar o lado politicamente correcto de qualquer tema sobre o qual se debruça e, em consequência disso, colocar-se do outro lado da barricada, há muito se tornou óbvio e cansativo.
E como é habitual em muitos opinion makers que debitam palavras ao quilo sobre todo e qualquer assunto, por vezes escorregam na sua própria verborreia e espalham-se completamente. No caso vertente, caso escrevesse pior e não soubesse falar português, poderia dizer-se que Pacheco Pereira está para o comentário político como Rui Santos para o comentário futebolístico.
Apesar de todos os disparates acumulados nos últimos anos, confesso que não estava à espera da prosa acima transcrita sobre a prisão do skinhead Mário Machado. É possível que mais uma vez Pacheco Pereira tenha abordado o problema de forma Coca Cola light. Na sua forma, já lendária, de dar o devido enquadramento histórico e social aos temas tão profundos é possível que Pacheco Pereira pense que um skinhead dos nossos tempos ainda se encaixa na definição de skinhead da década de 50. É possível, mas se assim é, está errado. O skinhead Mário Machado e toda a sua pandilha são descendentes directos do movimento skinhead que acordou de forma ruidosa e brutal, colado aos fascistas da National Front durante o consulado da sua querida Margaret Thatcher.
Depois vem o disparate. Afirma Pereira que Mário Machado "é acusado de incitar ao ódio racial, algo que em países genuinamente liberais não é crime, nem sequer delito de opinião". Não sei a que países Pereira se refere, mas eu também conheço democracias em que incitar ao ódio racial é crime, e não compreendo o que faz essas democracias "inferiores" às democracias que Pereira conhece. Quando não há razão para a razão, nada melhor que recorrer aos generalismos do costume.
E depois há uma pequena comichãozita no meio disto tudo. É que Machado foi preso na sequência de, num fantástico momento de televisão, andar a exibir armas de guerra, que um cidadão comum não pode ter em sua posse (é a lei, Pacheco... é uma chatice...), e a abaná-las como se fosse um espanador do pó em frente do nariz da repórter da TV.
E porque carga de água se deve considerar Machado um preso político? Que ideias políticas é que se lhe conhece? Que impacto tem a actividade política do seu grupo de merry men na sociedade portuguesa? O que é que lhe saiu pela boca fora que terá feito tremer os alicerces da democracia portuguesa? Se calhar ainda vamos ver Pacheco Pereira a afirmar que Mário Machado é o Nelson Mandela português.
Se calhar o exemplo não foi o mais feliz...
(Take The Skinheads Bowling, Camper Van Beethoven)
quinta-feira, 26 de novembro de 2009
O Meu Problema Com As Mulheres - Annette Peacock (história curta de C.E. Maia)
"Não preciso de tomar valium ou ópio para saber como me vou sentir quando te deixar", disse ela naquela voz grave e aveludada que fazia sempre que tentava dizer algo profundo. Para quem se conhecia há menos de 48 horas, era uma afirmação um pouco exagerada...
Conheci-a numa loja de discos, um segundo andar de uma casa antiga da Rua Passos Manuel, no tempo em que as lojas de discos se chamavam discotecas e os empregados conheciam os clientes pelo nome. À época era o lugar ideal para comprar algumas revistas de música e aproveitar um ou outro negócio de ocasião onde gastar o pouco dinheiro que tinha no bolso. Após perder dez minutos nas prateleiras organizadas por ordem alfabética, onde se misturava o jazz com o rock sinfónico e alguma música popular inglesa (tão na moda alguns anos atrás), acabei por retirar "The Perfect Release" do meio da confusão, observei atentamente o estado do vinil e encaminhei-me para o balcão.
E foi aí que a vi pela primeira vez. Completamente vestida de vermelho vivo, levemente inclinada num sofá junto à parede do fundo, a fumar um Marlboro, coisa rara de encontrar nesse tempo. Tinha o cabelo escuro e escorrido, uma face comprida e um corpo esguio. Devia andar perto dos quarenta anos, ou pelo menos assim parecia.
Pousei o disco em cima do balcão. "São duzentos paus" disse o Jorge, o empregado, um tipo simpático, levemente ganzado, veterano do Maio de 68, ostentanto um crachá do Mao Tsé Tung no colete de cabedal. E foi quando procurava os parcos trocos nos bolsos das calças que a ouvi dizer, alto e bom som, "a minha mãe nunca me ensinou a cozinhar, é por isso que sou tão magra".
Olhei em volta para perceber com quem ela estava a falar, mas como estavamos apenas três pessoas na sala e o Jorge tinha tanto interesse em mulheres como eu em contrair cancro de pele, presumi que era comigo. Senti-me corar um pouco. Com vinte anos estava habituado a linhas de engate tradicionais do tipo "costumas vir aqui muitas vezes?" e pouco mais. Mas nunca dito por uma mulher com idade para ser minha mãe. O Jorge tamborilou com os dedos no balcão e sussurrou: "Não ligues, é a Annette."
Claro que já tinha ouvido falar da Annette. O meu amigo Miguel, que no que toca ao género feminino tem mais entalhes na coronha que o número de carimbos no passaporte do Mário Soares, já me tinha falado dela. "É uma maluca! Gosta de gajos mais velhos, já foi casada duas vezes e é amiga do Miles, do Hancock e do Jarrett."
Atabalhoadamente voltei a pegar nas moedas que tinha colocado em cima do balcão, balbuciei "faltam-me vinte paus, guarda isso aí que eu volto amanhã", desci as escadas a correr e saí para a rua a pensar a quem deveria cravar o papel que me faltava e se ela voltaria a estar lá no dia seguinte.
(excerto do livro "O Meu Problema Com As Mulheres, de Carlos Eduardo da Maia)
(Succubus, Annette Peacock)
The Land of the Free
Goste-se ou não, não conheço mais nenhum país onde um idiota chapado possa colocar um cartaz destes na via pública e ainda ter tempo de antena para defender as suas... digamos, ideias.
terça-feira, 24 de novembro de 2009
So much for pathos
Em 20 anos de treinador, zero vitórias frente ao FCPorto e duas vitórias frente ao Sporting (em 18 jogos). A menos que o número de vitórias frente ao Benfica seja assinalável, o epíteto de novo Mourinho parece-me francamente exagerado.
(Sluggin' For Jesus, Cabaret Voltaire)
(Sluggin' For Jesus, Cabaret Voltaire)
segunda-feira, 23 de novembro de 2009
O Sentido da Vida em Alta Fidelidade, parte 1
Preâmbulo: O Dupont levantou aqui uma questão pertinente sobre a utilização abusiva de uma letrinha apenas no pseudónimo comum. O meu é o D. Porque sou o mais velho. E porque esta questão tem água no bico.
Os Duponds conheceram-se nos primeiros anos da década de 80 (provavelmente na Páscoa de 1981 mas não é certo) e desde muito cedo começaram a utilizar um código, nunca discutido em público ou privado, nunca premeditado, mas extremamente eficaz e irritante para terceiros, que consiste basicamente em suportar todos os argumentos do parceiro em qualquer discussão pública, estando ou não de acordo com estes. Curiosamente, apesar de nunca este método ter sido discutido ou combinado por qualquer um dos autores, também em privado a concordância é o tom comum, mas não generalizado. Este comportamento valeu-lhes ser cognominados de Dupondts, por uma amiga comum.
Ao longo de quase 30 anos apenas uma única vez se travaram de razões. Durou 30 minutos e rapidamente foi resolvida com um a fazer uma triste figura e o outro a dizer "eu bem te avisei". Esta situação sofreu um abalo sério na passada semana, quando Dupond descobriu que Dupont nunca tinha visto Alta Fidelidade, a adaptação do livro de Nick Hornby. E agora vou parar de me armar em Luís XIV que isto não dá jeito nenhum.
Alta Fidelidade tem alguns pontos em comum com O Padrinho, esse monumento à condição humana feito cinema. Ambos são filmes realizados com base em obras maiores de escritores menores, a adaptação feita a cinema transcende largamente a simples adaptação do argumento de modo a condensar a acção de 300 páginas em 120 minutos de fita, são filmes de gajos.
E é aqui que reside a verdadeira questão: é inaceitável pela minha parte que a outra metade desta parceria se refugie num simples "não gosto de ver cinema em casa, e até já li o livro que até é bem esgalhado, e coisa e tal".
(continua)
(Let's Get It On, Marvin Gaye)
domingo, 22 de novembro de 2009
Groarrr!
sábado, 21 de novembro de 2009
Addenda a "O Henry É Batoteiro"
Dele disse Cantona ser o pior treinador francês desde Luis XVI. A mim irrita-me quando o Cantona, decerto por força do programa de reabilitação anti-violência em curso, dá uma de simpático.
Que o Henry venha demonstrar arrependimento pelo que fez, fica-lhe bem, ainda que não limpe a batota - quando muito atenua-a um poucochinho.
Agora que o Domenech venha dizer que de nada tem que pedir desculpa porque quem meteu água foi o árbitro e o sucedido deve ser visto como uma contingência normal do jogo, dá vontade ao mais pacifista dos nobéis (nobéles?) da paz de montar uma mina anti-pessoal na sanita do energúmeno, daquelas que ao armarem saltam primeiro e só depois explodem.
Que diria o troglodita, e já agora toda a França, se a coisa se tivesse passado ao contrário? Que nojo!
Atribuir as culpas ao árbitro por não ter visto, é como absolver o homicida, condenando a prisão perpétua o polícia que, estando presente no local do crime, não viu porque estava a apertar os sapatos.
A cada dia que passa as semelhanças entre o wrestling e o futebol aumentam: é um jogo de faz-de-conta, cheio de batota e bazófia. Perguntem a qualquer benfiquista se não acha que o "nick" do Artur Jorge deveria ser o "Undertaker", ou a qualquer defesa adversário do FCP se o Hulk não deveria abandonar a Liga Sagres e passar para a WWE.
Em que ficamos?
Este blogue é uma balbúrdia. A boa intenção inicial (cada um dos autores escrever a dias certos) rapidamente degenerou na rebaldaria de cada um fazer o que lhe dá na veneta.
E tudo estaria muito bem se, aos olhos do meu parceiro, eu não passasse de DuponD a DuponT enquanto o diabo esfrega um olho.
Quando decidimos o blogue, enquanto o Dupont fumava um cigarro e o Dupond, de costas voltadas, soluçava, ficou definido quem teria o direito a usar o D ou o T finais. Como de costume nos homens, também essa promessa a levou o vento.
E eu exijo, para além do carro, da casa e da custódia das crianças, que fique definido de uma vez por todas como vai ser daqui para a frente. Tenho um público e uma reputação a defender.
Aguardo notícias.
Li e Não Gostei Lá Muito
Nota prévia importante: eu gosto, de um modo geral, do trabalho do RAP. Tem resposta pronta, é inteligente e provavelmente o único dos Gato Fedorento que, numa rábula, não se assemelha ao meu grupo de teatro da primária, na Escola da Torrinha.
Confesso que tempo houve em que me decepcionou um pouco, quando abandonou o fidalgo "de" antes do Araújo - jamais saberemos se por imposição do Bloco de Esquerda ou de qualquer outro pudor canhoto. Nos saudosos tempos do blog homónimo do grupo teatral que agora integra (fase pré-Meo Fibra), ainda lá aparece na ficha técnica, ufano, o Ricardo de Araújo Pereira. Maldita crise financeira, que tudo leva!
Os textos que compõem o livro, previamente publicados semanalmente na revista Visão não são maus. Alguns são, de resto, muito bons até. E esta apreciação não se limita ao texto sobre o (a?) Ikea, que fez furor e carreira, como as pombinhas da catrina, de mail em mail pela web fora.
O problema é que, sendo composto por cem textos, o livro deveria ter estampado a letras vermelhas, bold, tamanho 32, na capa o aviso: "Não exceder os três textos por dia", tal e qual as tomas diárias do Britacil. A leitura continuada dos mesmos demonstra a repetição de processos e "gags", que a mera leitura semanal não revela. Isto não invalida a qualidade dos texto, mas levanta grandes dúvidas sobre o formato de os colar a todos num só volume. Financeriamente, claro está, não levanta dúvidas nenhumas.
Depois vêm as inflexões do costume: RAP é um perfeccionista da língua portuguesa. Isso não é, evidentemente, um defeito. Muito pelo contrário. Mas passa a ser uma maçada quando é tão repetidamente invocado ou quando, pior, é usado como argumento de achincalhamento.
Ao exibir os seus dotes gramaticais e sintácticas, RAP assemelha-se aos tipos com um marsapo de 20 centímetros, quando em repouso: podem não facturar nada no dia-a-dia, mas são o êxito de qualquer balneário, onde podem caminhar de cabeça levantada e lançar, de esguelha, olhares piedosos mas irónicos aos que, como eu, têm mais juba que leão (desculpa lá o plágio, Pipi).
Um autor menor criador de dois personagens maiores, Giovanni Guareschi, dizia, pela boca do seu Cristo, que a jogada mais baixa em polémica é lançar mão dos êrros ortográficos ou de sintaxe do adversário. O que deve prevalecer é a ideia, não o formato.
Há uns anos largos, um leitor escreveu uma carta ao director da saudosíssima revista Kapa onde, num discurso impecável e recheado de referências sofisticadas, acusava a dita de copiar descaradamente outras revistas estrangeiras de referência. Em resposta, a revista (Carlos Quevedo? Miguel Esteves Cardoso?) debitava apenas um comentário: "És uma besta, mas lá que sabes escrever sabes".
Depois vem o encarte. É uma ideia gira, no sentido que a expressão deve ganhar nas reuniões de publicitários, de editores ou de qualquer outro grupo onde todos dizem o que quer que seja que lhes permita armar ao pingarelho. Mas é desconfortável: o encarte tem dimensões superiores às do livro, o que faz sobrar cartolina. É uma forma descarada de promoção do livro à custa de um texto que fez, de facto, furor entre os cibernautas. Como se não bastasse o encarte e a chamada na capa ("Inclui crónica do Ikea a cores para montar") , acrescenta ainda um excerto do mesmo texto escarrapachado na badana da capa. Isto equivale às versões em castelhano dos grandes êxitos do Sting, incluídas nas colectâneas do cantor. Ora se este tipo de truque em nada engrandece a carreira do cantor, já de si tão debilitada, tão pouco o faz ao RAP. E é publicidade enganosa: poucos textos há no livro que estejam à altura do mais publicitado.
Cabe ainda uma referência ao preço: os textos foram publicados originalmente, como atrás foi dito, na Visão - uma revista que por € 2,85 semanais nos dá 148 páginas de texto e fotografia, com alguns artigos interessante e, de lambuja, a crónica do RAP. Uma operação aritmética simples permite-nos concluir que cada página custa ao consumidor cerca de € 0,019. Neste livro, com preço de capa de €15,90 e contendo 100 crónicas, cada uma sai a € 0,159 ou seja a mais de oito vezes o preço dos originais.
E nem uma fotografiazita, tirando a da contra-capa que não é exactamente da natureza das que o jornal O Jogo publica, diariamente, na penúltima página.
Como se não bastasse, o livro termina mal. Há coisas que, por uma questão de decência, homem algum deve alardear em público, como a coprofilia, a halitose ou a compulsão em comer macacos do nariz. Com indiscutível mau gosto, a breve referência biográfica da badana da contracapa termina com o número de sócio do Benfica. Não fosse a minha abjecção ao vermelho e teria corado.
sexta-feira, 20 de novembro de 2009
Coisas que nos deixam a pensar...
...ou como diria Arsenio Hall no seu talk show, "Things that make you go...huuuummm".
"O Viagra feminino leva duas semanas a fazer efeito." Assim, sem mais nem menos. Como me encontrava numa sala de espera de um Hospital pensei que esta visão fosse consequência de um efeito secundário de uma qualquer droga que me tivesse sido ministrada. Mas ainda não tinha sido atendido. E no entanto, ela ali estava. A mensagem "o Viagra feminino leva duas semanas a fazer efeito" logo acima do sorriso plástico de uma apresentadora de um programa matinal de uma qualquer TV generalista.
A mente masculina é como um amigo perverso. Nas situações mais inimagináveis, onde é necessário manter algum discernimento e sangue-frio, desata a encher-nos a cabeça com brejeirices completamente desnecessárias. Portanto vou abster-me de fazer comentários completamente impublicáveis sobre preliminares de 15 dias ou cãimbras em locais que foram criados, em primeira instância, para facilitar a comunicação entre os humanos. E vou avançar para o que interessa. A nossa agenda. Seja ele o Outlook 2007, o Outlook Express, o Lotus Notes, ou um simples filofax.
Vamos a ver se nos entendemos. Esta história das duas semanas coloca-nos alguns problemas difíceis de ultrapassar. Quando se diz duas semanas, quer-se dizer duas semanas exactas (7+7) ou o vox populi, 15 dias? É que 14 é diferente de 15. E se, como diz o Dupont, nos enganamos no dia e, na hora H, enquanto estamos enfiados numa reunião lá no escritório a discutir o apuramento da França com aquele golo do Henry com o Antunes da contabilidade, o leiteiro toca à campinha lá de casa? Em que ficamos?
E a que horas é que se deve tomar o medicamento? É minha opinião que deve ser como os antibióticos. Se são 3 vezes ao dia, deve ter-se o cuidado de tomar o primeiro à meia-noite de modo a não nos transtornar muito o dia. Ora o mesmo se passará com o Viagra feminino. Convém calibrar a coisa de modo a que o momento porque tanto se anseia não coincida com o horário da transmissão do FCPorto-Benfica para a Taça de Portugal.
E deixo aqui uma chamada de atenção para os mais inexperientes. Aqueles que pretendem calcular tudo direitinho para comemorar a passagem à próxima eliminatória de forma mais calorosa (se forem do FCP) ou carpirem mágoas em vale de lençóis (se forem do Benfica), convém não se precipitarem. Não se esqueçam de deixar uma margem porque o jogo pode correr mal e ir a prolongamento. Ou a penalties.
"O Viagra feminino leva duas semanas a fazer efeito." Assim, sem mais nem menos. Como me encontrava numa sala de espera de um Hospital pensei que esta visão fosse consequência de um efeito secundário de uma qualquer droga que me tivesse sido ministrada. Mas ainda não tinha sido atendido. E no entanto, ela ali estava. A mensagem "o Viagra feminino leva duas semanas a fazer efeito" logo acima do sorriso plástico de uma apresentadora de um programa matinal de uma qualquer TV generalista.
A mente masculina é como um amigo perverso. Nas situações mais inimagináveis, onde é necessário manter algum discernimento e sangue-frio, desata a encher-nos a cabeça com brejeirices completamente desnecessárias. Portanto vou abster-me de fazer comentários completamente impublicáveis sobre preliminares de 15 dias ou cãimbras em locais que foram criados, em primeira instância, para facilitar a comunicação entre os humanos. E vou avançar para o que interessa. A nossa agenda. Seja ele o Outlook 2007, o Outlook Express, o Lotus Notes, ou um simples filofax.
Vamos a ver se nos entendemos. Esta história das duas semanas coloca-nos alguns problemas difíceis de ultrapassar. Quando se diz duas semanas, quer-se dizer duas semanas exactas (7+7) ou o vox populi, 15 dias? É que 14 é diferente de 15. E se, como diz o Dupont, nos enganamos no dia e, na hora H, enquanto estamos enfiados numa reunião lá no escritório a discutir o apuramento da França com aquele golo do Henry com o Antunes da contabilidade, o leiteiro toca à campinha lá de casa? Em que ficamos?
E a que horas é que se deve tomar o medicamento? É minha opinião que deve ser como os antibióticos. Se são 3 vezes ao dia, deve ter-se o cuidado de tomar o primeiro à meia-noite de modo a não nos transtornar muito o dia. Ora o mesmo se passará com o Viagra feminino. Convém calibrar a coisa de modo a que o momento porque tanto se anseia não coincida com o horário da transmissão do FCPorto-Benfica para a Taça de Portugal.
E deixo aqui uma chamada de atenção para os mais inexperientes. Aqueles que pretendem calcular tudo direitinho para comemorar a passagem à próxima eliminatória de forma mais calorosa (se forem do FCP) ou carpirem mágoas em vale de lençóis (se forem do Benfica), convém não se precipitarem. Não se esqueçam de deixar uma margem porque o jogo pode correr mal e ir a prolongamento. Ou a penalties.
Bolas fora
A respeito da eleição de Catherine Ashton para Alta Representante para a Política Externa da UE e Vice-Presidente da Comissão Europeia, afirmou a sempre espectacular Ana Gomes:
"Eu – que admiro o d’Alema – considerei preferível a Ashton. E não apenas por ela ser mulher: mas por ser britânica. "
(A Girl Like You, Edwyn Collins)
quinta-feira, 19 de novembro de 2009
O Amor e um pedido de desculpas
O Dupond pede desculpas por, inadvertidamente, ter colocado uma mensagem com um vídeo sarcástico de uma homossexual a favor do casamento gay. Foi sem querer e não voltará a acontecer.
Para compensar eis uma mensagem de amor de Susan Sarandon, esposa dedicada do senhor Tim Robbins. Hetererossexual, portanto.
(Power In The Darkness, Tom Robinson Band)
Para compensar eis uma mensagem de amor de Susan Sarandon, esposa dedicada do senhor Tim Robbins. Hetererossexual, portanto.
(Power In The Darkness, Tom Robinson Band)
Portia de Rossi pede desculpa por casar com Ellen DeGeneres
(My Beautiful Bride, The Handsome Family)
Estou a ler e estou a gostar
É um livro admirável que parte de uma casa que adquire vida própria a partir da morte de Beloved, uma menina de 2 anos falecida prematuramente. Para um não-americano, o romance perderá algum significado (que sabemos nós, ocidentais europeus do século 20/21, da escravatura para além do que lemos nos livros e vimos no "Roots"?), mas para mim, 9/10 transmontano, consigo identificar os ambientes extraordinários que Miguel Torga criava nos não menos extraordinários Novos Contos da Montanha (um dos 100 livros que levaria para uma ilha deserta), a mansidão e respeito a que a extrema pobreza conduz, a violência e a até a luxúria ingénuas.
Quando nada se tem que significado têm as coisas? Nenhum, diz-nos Morrison, só as pessoas verdadeiramente contam. Por isso se inspirou na história real de uma escrava americana do século 19 (Margaret Garner) que preferiu matar a própria filha a permitir que voltasse à escravatura.
Voltarei a este tema, quando acabar o dito. Para já, está a ser um regalo.
quarta-feira, 18 de novembro de 2009
O Henry É Batoteiro
Se a FIFA tivesse alguma vergonha na cara, o Henry seria proibido de participar no Mundial de 2010. O que fez no jogo de hoje contra a Irlanda é uma batota inqualificável e indigna.
Eu, satânico, me confesso
Eis um dos momentos de comédia mais espectaculares dos últimos anos. Esta é a primeira parte, mas podem encontrar o resto no Youtube.
E ninguém me convence que o orador não dava um bom líder para o PSD. À consideração...
(God's Children, The Gutter Twins)
domingo, 15 de novembro de 2009
... a bem da Nação
"A Junta da Extremadura espanhola pôs em marcha uma campanha que está a causar polémica. A iniciativa dá pelo nome de "El placer está en tus manos" e quer pôr os jovens espanhóis, entre os 14 e os 17 anos, em contacto com o seu corpo e a sua sexualidade. As técnicas de masturbação estão entre os assuntos debatidos e explicados... As sessões de formação são itinerantes e incluem demonstrações com uma série de brinquedos sexuais, incluindo vibradores e bolas chinesas." in Público, 15 de Novembro de 2009.
Há mais para ler e vale bem a pena. Não vou perder muito tempo com este assunto. Ele vale uns dois ou três minutos, não mais que isso. Tempos houve em que talvez me ocupasse uns bons 20 ou 30 minutos mas as coisas nesta idade saem com mais fluidez.
Ensinar técnicas de masturbação a adolescentes entre os 14 e os 17 anos é como ensinar veteranos do Vietnam a retirarem uma cavilha de uma granada. Que isto fique bem claro. Atribuir 14 mil euros a este projecto (é verdade, leiam o artigo) é um desperdício. Com esse dinheiro consegue-se comprar os primeiros 150 números da lendária Revista Gina (já mencionada com grande sucesso pelo Dupont neste blogue) num estado de conservação que os fanáticos coleccionadores de livros poderiam considerar "mint condition".
Podem sempre argumentar que é necessário dinheiro para as bolas chinesas e os vibradores. É verdade. No entanto, 14 mil euros dos ditos parece-me um certo exagero. 2 ou 3 chegam perfeitamente, um para a formadora e 2 ou 3 para a parte prática de alguns alunos. Depois podem passar os instrumentos de mão em mão. Não estou a ver, muito sinceramente, uma turma de 20 a 25 elementos dedicados a um estimulante e simultâneo exercício de autogratificação.
Além disso, parece um desperdício de dinheiro. Como oferecer uma carta de condução e um Ferrari a um puto de 10 anos. Tenho uma sex-Shop por baixo de minha casa (não, não é tanga) e nunca vi nenhum adolescente entre os 14 e os 17 anos a sair de lá com um Big John debaixo do braço.
(The Holiday Song, The Pixies)
Há mais para ler e vale bem a pena. Não vou perder muito tempo com este assunto. Ele vale uns dois ou três minutos, não mais que isso. Tempos houve em que talvez me ocupasse uns bons 20 ou 30 minutos mas as coisas nesta idade saem com mais fluidez.
Ensinar técnicas de masturbação a adolescentes entre os 14 e os 17 anos é como ensinar veteranos do Vietnam a retirarem uma cavilha de uma granada. Que isto fique bem claro. Atribuir 14 mil euros a este projecto (é verdade, leiam o artigo) é um desperdício. Com esse dinheiro consegue-se comprar os primeiros 150 números da lendária Revista Gina (já mencionada com grande sucesso pelo Dupont neste blogue) num estado de conservação que os fanáticos coleccionadores de livros poderiam considerar "mint condition".
Podem sempre argumentar que é necessário dinheiro para as bolas chinesas e os vibradores. É verdade. No entanto, 14 mil euros dos ditos parece-me um certo exagero. 2 ou 3 chegam perfeitamente, um para a formadora e 2 ou 3 para a parte prática de alguns alunos. Depois podem passar os instrumentos de mão em mão. Não estou a ver, muito sinceramente, uma turma de 20 a 25 elementos dedicados a um estimulante e simultâneo exercício de autogratificação.
Além disso, parece um desperdício de dinheiro. Como oferecer uma carta de condução e um Ferrari a um puto de 10 anos. Tenho uma sex-Shop por baixo de minha casa (não, não é tanga) e nunca vi nenhum adolescente entre os 14 e os 17 anos a sair de lá com um Big John debaixo do braço.
(The Holiday Song, The Pixies)
O PSD é sexy
Uma notícia do Público de hoje anuncia que a auto-denominada "Geração social-democrata de 70" vai apoiar a candidatura de Passos Coelho à liderança do PSD. Lido desta forma, dá ideia que iríamos assistir a uma onda laranja cavalgada por Pedro Santana Lopes e Marcelo Rebelo de Sousa de longas barbas à Che Guevara, calças à boca de sino e camisas com colarinhos em forma de asa delta, de braço dado com Helena Roseta e a foto de Francisco Sá Craneiro em fundo, a cantar o Paz, Pão, Povo e Liberdade num grandioso comício de apoio ao nóvel e putativo líder social democrata.
Uma leitura mais atenta do artigo de Leonete Botelho (*) liberta-nos desta visão dantesca e faz-nos ver a luz. Por qualquer motivo que não é explicado, a "Geração social-democrata de 70" chama-se assim porque os seus membros nasceram nessa década e não por deixarem a sua marca nessa década. A partir deste momento os sixties não representaram mais a década dos Beatles ou Stones, mas sim os forties, e a década de 70 será um simples rodapé na história do cinema norte-americano, porque apesar de "Tubarão", "Cavaleiros do Asfalto" ou "O Padrinho", os seus autores nasceram na década de 40 (na realidade, Coppola nasceu em 39, mas o pessoal arredonda).
Mauro Xavier, director da Microsoft Portugal, e um dos rostos deste movimento afirma, e passo a citar: "...temos uma visão diferente do rumo que o país deveria seguir para um Portugal mais moderno". O grupo decidiu avançar, ontem, numa reunião realizada em Fátima (o simbolismo de um Portugal moderno, sem dúvida) e pretende fazer um "corte geracional com os rostos e as soluções já testadas do passado", numa clara alusão a uma eventual candidatura (já negada pelo próprio em diversas ocasiões) de Marcelo Rebelo de Sousa.
Fico a aguardar com enorme ansiedade novidades deste movimento de apoio a Passos Coelho, cuja face visível é a de um homem que jura que a Microsoft é sexy.
(*) A ler, a crónica do Provedor do Leitor sobre as queixas apresentadas relativamente a um artigo escrito pela jornalista Leonete Botelho.
(Sexy Motherfucker, Prince)
Uma leitura mais atenta do artigo de Leonete Botelho (*) liberta-nos desta visão dantesca e faz-nos ver a luz. Por qualquer motivo que não é explicado, a "Geração social-democrata de 70" chama-se assim porque os seus membros nasceram nessa década e não por deixarem a sua marca nessa década. A partir deste momento os sixties não representaram mais a década dos Beatles ou Stones, mas sim os forties, e a década de 70 será um simples rodapé na história do cinema norte-americano, porque apesar de "Tubarão", "Cavaleiros do Asfalto" ou "O Padrinho", os seus autores nasceram na década de 40 (na realidade, Coppola nasceu em 39, mas o pessoal arredonda).
Mauro Xavier, director da Microsoft Portugal, e um dos rostos deste movimento afirma, e passo a citar: "...temos uma visão diferente do rumo que o país deveria seguir para um Portugal mais moderno". O grupo decidiu avançar, ontem, numa reunião realizada em Fátima (o simbolismo de um Portugal moderno, sem dúvida) e pretende fazer um "corte geracional com os rostos e as soluções já testadas do passado", numa clara alusão a uma eventual candidatura (já negada pelo próprio em diversas ocasiões) de Marcelo Rebelo de Sousa.
Fico a aguardar com enorme ansiedade novidades deste movimento de apoio a Passos Coelho, cuja face visível é a de um homem que jura que a Microsoft é sexy.
(*) A ler, a crónica do Provedor do Leitor sobre as queixas apresentadas relativamente a um artigo escrito pela jornalista Leonete Botelho.
(Sexy Motherfucker, Prince)
sábado, 14 de novembro de 2009
A Face Que Se Oculta
Ouvi ontem o Senhor Primeiro-Ministro insurgir-se, indignado, contra as escutas de que terá sido alvo no processo "Face Oculta" questionando a sua legalidade. Não pude deixar de lembrar-me daquelas outras escutas que deram brado, as do "Apito Dourado" em que também nenhum dos escutados questionava ou procurava sequer defender-se do conteúdo, mas tão somente da questão formal.
Em resumo, Sócrates terá sido escutado em conversas com Armando Vara, um rapaz que saiu do governo de Guterres a braços com uma questão nebulosa de dinheiros destinados a campanhas de prevenção rodoviária. A recompensa em Portugal para as suspeições é sempre um banco. Ou a Petrogal. Os jornais dizem que o nosso Primeiro terá sido apanhado a admitir conhecimento prévio de uma data de coisas que em público jurou "eu seja ceguinho" desconhecer.
A quebra do segredo de justiça é uma vergonha num estado de Direito. Os jornais que publicam notícias a partir de fontes judiciais deveriam ser, como em Inglaterra, automaticamente constituídos assistentes nos processos, arriscando-se a comer pela medida certa quando as notícias em violação do segredo de justiça provassem ser fantasiosas. Isto obrigaria a alguma contenção e responsabilidade, ainda que levasse decerto à falência do Correio da Manhã e do 24 Horas - e os benefícios de tal medida não ficariam por aqui.
Mas o Primeiro deve explicar o que se passou. Afinal, enquanto Primeiro-Ministro ele não é um cidadão como os outros. Deveria dizer sem margem para dúvidas o que foi conversado e se as notícias vindas a público são verdadeiras ou falsas. A indignação, a teatralidade, o cenho cerrado ficam bem na pantalha, mas não são em bom rigor um desmentido: às notícias, Sócrates nada disse. E tem a obrigação de o fazer.
Eu glutão me confesso
Peso 88 quilos para 1,78 o que, não sendo obesidade, já obriga a encolher a barriga na praia. Andei em ginásios e comprei o livro do Póvoas. Fiz dietas, comprei margarina de soja e iogurtes de aromas magros. Comi cereais ao pequeno-almoço e comprei uma bicicleta. O melhor que consegui foi baixar aos 83 quilos, não pela força de vontade mas por força de uma intoxicação alimentar.
Durante a semana, sou um estóico durante o dia: pequeno-almoço a horas certas, sopa e fruta ao almoço. Mas chega a noite e o monstro liberta-se. A minha divisão da casa favorita é o frigorífico. Ao fim-de-semana a coisa adquire contornos de catástrofe. Um amor quase filial por pão e queijos é o principal responsável pelo tamanho 43 das minhas camisas.
O remédio para mim já não passa por uma dieta, mas por um exorcismo.
sexta-feira, 13 de novembro de 2009
quinta-feira, 12 de novembro de 2009
Not Pink Floyd
Após a edição do soberbo The Soft Bulletin e do também magnífico Yoshimi Battles The Pink Robots, uma boa parte da imprensa apressou-se a colar a etiqueta de Novos Pink Floyd aos Flaming Lips.
E neste pequeno vídeo ei-los a provarem que essa catalogação era mais que acertada. Meus senhores e minhas senhoras, eis os novos... Pink Floyd???
E neste pequeno vídeo ei-los a provarem que essa catalogação era mais que acertada. Meus senhores e minhas senhoras, eis os novos... Pink Floyd???
A Rainha no Palácio das Correntes de Ar, de Stieg Larsson
Decorrido o primeiro terço das setecentas e tal páginas do terceiro volume da saga Millennium faço uma pequena pausa para deixar um aviso ao leitor incauto. Se um amigo da onça vos colocar este livro no sapatinho, evitem começar a ler sem primeiro terminarem o anterior volume.
Se é perfeitamente possível, mas não aconselhável, ler o segundo volume sem ter lido anteriormente o primeiro, tal não acontece com A Rainha no Palácio das Correntes de Ar.
O ritmo da narrativa é mais lento. Larsson vai introduzindo novos personagens na história de modo a explicar os antecedentes de Lisbeth Salander, o personagem central deste tríptico, evitando recorrer ao flashback. Desta forma, quase que se podia ler a obra de trás para a frente e, obter-se desse modo um fio condutor coerente, se não se desse o caso de, aqui e ali, o autor introduzir importantes peças do puzzle que ajudam a desvendar a complicada origem desta personagem.
A grande dúvida é: será que Larsson vai esticar a corda para um nunca acabado quarto volume? E em caso afirmativo será possível Rui Santos iniciar uma petição online pela verdade desportiva e ressurreição de Stieg Larsson? Enquanto meditam nesta problemática vou ali acabar A Rainha no Palácio das Correntes de Ar, porque tenho outro cliente à espera.
Logo que termine, prometo escarrapachar aqui a historinha toda e estragar-vos completamente o suspense. Portanto, é bom que se despachem.
(The Book I Read, Talking Heads)
Sleeper Cell
Sleeper Cell é uma série de 2 temporadas que pode ser vista no canal FX. A primeira temporada é curta (10 episódios) e retrata a preparação de um atentado ao estádio dos L.A. Dodgers por uma célula terrorista da Al-Qaeda, infiltrada por um agente do FBI. Se optarem por ver esta série, aconselho vivamente que fiquem por aqui.
A segunda temporada é composta por 8 episódios, o que significa que são 8 episódios a mais do que deveria ter. A ideia que dá é que, a meio da produção, o dinheiro acabou e o número de episódios teve de ser diminuído. E, de repente, os acontecimentos precipitam-se a um ritmo vertiginoso à semelhança de um 24. O que não seria mau só por si se até aí todas as operações não tivessem sido preparadas de uma forma meticulosa e com mil cuidados. De repente, basta a um qualquer personagem estalar os dedos para as coisas acontecerem.
A segunda temporada começa mal. A boazona da agente de ligação com o inflitrado Dwyght é capturada e morta por um comando feminino de extremistas islâmicas vestidas com umas belas burkas Yves Saint-Laurent (se fosse ao contrário, os comandos seriam louras em top-less com gigantescos implantes mamários...). Em sua substituição entra em cena um novo agente de ligação balofo, de queixos quadrados e com o carisma de um busto de Napoleão. Rapidamente se percebe que este elemento entrou para o FBI após ter chumbado no exame do 9ºano do ensino recorrente e com uma grande cunha de um tio bem colocado na cadeia de comando do FBI. Ou seja, o grau de exigência para a captação de agentes para o FBI é semelhante ao da angariação de estagiários para o atendimento ao público do Canil de Salvaterra de Magos. A única consequência positiva da entrada em cena deste agente é que a chantagem que ele faz sobre a sopeira que aquece os pés ao agente Dwyght leva ao seu desaparecimento pouco prematuro no penúltimo episódio, às mãos dos malandros extremistas.
A luta final entre o bem e o mal, parece ter sido filmada numa aldeia de pescadores da Costa da Caparica, com uma encenação retirada de um duelo à moda do velho oeste, em que um veterano agente do FBI não consegue acertar uma rajada de metralhadora num elefante num corredor e vê-se obrigado a brincar aos polícias e ladrões com um Bin Laden de opereta, manco, e armado com uma Glockezita da treta. E falha.
Mas o mais irritante no meio de tudo, e que já acontecia na primeira temporada, é a quantidade de alamsalamaleicums e salamaleicumalams que saem pela boca fora dos personagens, bem como a expressão "que a paz esteja com ele" sempre que se referem ao Profeta. Pode ser muito interessante para tornar os diálogos verosímeis, mas para o espectador comum é tão estimulante como o "e esta hem?" do Fernando Pessa.
(Television, Drug of a Nation, Disposable Heroes of Hiphoprisy)
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